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Em Junho de 1982, vítima de uma overdose de drogas, que alguns atribuem a suicídio, morria Rainer Werner Fassbinder, uma das mais controversas e emblemáticas figuras do cinema europeu da segunda metade do século XX.
Deixando-nos com apenas 37 anos, mas com uma obra que, em menos de duas décadas atingiu mais de 40 filmes (entre longas e curtas-metragens para cinema e televisão, mini-séries e um documentário), com os quais ajudou a catapultar o chamado Novo Cinema Alemão, Fassbider foi dramaturgo, encenador teatral, ensaísta, realizador, actor, compositor, fotógrafo e montador. Com uma vida cheia, Fassbinder parece ter passado por ela em passo acelerado e uma necessidade de criar apenas igualada pelas suas conturbações internas e tumultuosas relações sentimentais com homens e mulheres, que tornaram a sua vida privada uma montanha russa, regada a muitos excessos.
Com um cinema experimentalista, onde jogava de forma original com enquadramentos, cenário e sentido espacial, numa abordagem que mesclava a linguagem teatral com a cinematográfica, Fassbinder lançou-se em temas pesados e controversos como a desmistificação do sonho da reconstrução alemã, o papel da sexualidade, e a incapacidade humana de subir acima da mediocridade de valores. As suas personagens – geralmente femininas – eram espelho de desajuste, de revolta interna, de incompreensão, solidão e perda, mesmo que as histórias fossem, muitas vezes contadas com humor negro, e mesmo surrealismo.
Em 36 filmes (todas as longas-metragens que chegaram ao cinema), A Janela Encantada procurou dar voz a essa obra ímpar, numa homenagem a uma das vozes mais originais do cinema internacional.
Depois de Alfred Hitchcock, Woody Allen, Martin Scorsese, Ingmar Bergman, Federico Fellini e agora Rainer Werner Fassbinder, fica a promessa de que o próximo autor a merecer a análise do ano n’A Janela será Andrei Tarkovsky.