Continuando a olhar para o cinema do novo século, renovamos a rubrica “Cinema XXI”, dedicada a realizadores que têm marcado as últimas décadas com uma voz autoral original. Este novo “episódio” de “Cinema XXI” traz-nos Jean-Claude Brisseau, o mais polémico realizador europeu dos últimos tempos, falecido no ano passado.
Nascido em França, em 1944, autodidacta, que foi passando do ensino de francês à cadeira de realização, Brisseau começou nos anos 70 com obras de cariz político, onde denunciava desigualdades sociais na sociedade urbana do seu tempo. O crescente reconhecimento deu-lhe asas para se lançar na fase mais controversa da sua carreira, na qual explorou a sexualidade feminina, o que lhe valeu acusações de assédio, penas judiciais, e o estatuto de persona non grata, tanto no cinema francês, como na sociedade em geral. Foi já de um modo desiludido que Jean-Claude Brisseau terminou a sua carreira com um par de filmes “caseiros”, onde foi sempre fiel aos seus temas: a sexualidade, o estudo dos extremos dos comportamentos humanos e um certo misticismo (ou sua ausência) com que podemos interpretar o mundo à nossa volta.
E se ainda é cedo para que a obra de Jean-Claude Brisseau seja julgada sem olhar à pessoa do autor, o tempo dirá se este é ou não digno de constar entre as grandes vozes autorais do início do século XXI.
Textos adicionais
Edições anteriores:
– Nuri Bilge Ceylan
– Béla Tarr
– Jia Zhangke
– Alexander Sokurov
– Tsai Ming-liang
– Paolo Sorrentino
– Xavier Dolan
– Pablo Larraín
– Michael Hanneke