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Introdução
É difícil esquecer as interpretações de Vincent Price nos seus filmes de terror. Para quem é fã do terror clássico, feito de ideias, atmosfera, presenças icónicas e daquele romantismo evocativo de outros tempos, Vincent Price será sempre uma referência incontornável. Possuidor de uma voz profunda e hipnotizante, ao mesmo tempo dócil e ameaçadora, de imponente figura e modos aristocráticos, poucos actores desempenharam melhor o papel do homem torturado pela tragédia a ponto de se deixar dominar pelo sadismo.
Como sou um daqueles que cresceu a desejar ver sempre mais filmes deste verdadeiro Mestre do Terror, dedico-lhe aqui um ciclo, onde serão apresentados cerca de três dezenas de filmes, alguns quase caídos no esquecimento.
Nota: Como em qualquer ciclo ou corrente, a lista aqui apresentada é uma escolha subjectiva, tendo por base filmes protagonizados por Vincent Price, com alguma componente de terror. De fora ficam filmes em que Price teve papéis muito secundários, e trabalhos para a televisão.
Biografia
Vincent Leonard Price, Jr. Nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos, a 27 de Maio de 1911, numa família abastada. Filho do presidente da National Candy Company (detentora da patente do fermento “Dr. Price’s Baking Powder”), Vincent era o mais jovem de quatro irmãos.
A esmerada educação de Vincent Price não previa a carreira dramática. Em vez disso, graduou-se em História da Arte na Universidade Yale em New Haven,, tendo também estudado inglês, seguindo depois a carreira de professor. Foi o seu gosto pela literatura que o levou a interessar-se pelo teatro, tendo-se estreado em 1934 como actor, na Inglaterra, para onde viajara para iniciar um Mestrado em Belas Artes.
O seu amor pela arte (como coleccionador e mecenas) fê-lo envolver-se na concretização do Vincent Price Art Museum, em Los Angeles. Foi, além disso, consultor de arte da famosa cadeia de lojas Sears, no seu intuito de popularizar a arte, trazendo-a ao alcance de todos. Outra das suas paixões era a gastronomia, e a partir dos anos 1970, passou a apresentar programas de culinária na televisão, tendo inclusivamente escrito um livro de culinária, com a sua segunda mulher, Mary Grant.
Price casou três vezes, duas delas com actrizes de pouca nomeada (a americana Edith Barrett, e a australiana Coral Browne). Foi pai do escritor, poeta e activista Vincent Barrett Price, e de Mary Victoria Price. A sua morte Vincent Price, em 25 de Outubro de 1993, deveu-se a um cancro do pulmão. Price sofria já há algum tempo de Doença de Parkinson, o que lhe afectou a parte final da carreira.
O início no cinema
Iniciando-se no cinema em 1938, nada fazia prever que este actor alto, elegante, de voz profunda, com experiência de teatro e amante dos clássicos, viesse a tornar-se famoso devido a películas de terror.
Estreando-se em “Como Ele se Enganou” (Service de Luxe, 1938) de Rowland V. Lee, Price deu os primeiros passos no cinema com pequenos papéis, geralmente encarnando personagens tipo. O primeiro papel a notabilizá-lo aconteceu no filme de Otto Preminger “Laura” (1944), ao lado de Gene Tierney, com quem viria a contracenar mais duas vezes.
Até então Price limitava-se a papéis secundários, por vezes limitado pela sua altura que o impedia de ter melhores papéis, pois as regras de Hollywood ditavam que os actores secundários fossem mais baixos que os principais. Apesar disso participou ainda em alguns sucessos como “Isabel de Inglaterra” (The Private Lives of Elizabeth and Essex, 1939) de Michael Curtiz, com Bette Davis, Errol Flynn e Olivia de Havilland, e também “A Canção de Bernardette” (The Song of Bernadette, 1943) de Henry King, protagonizado por Jennifer Jones.
A sua primeira aparição como protagonista deu-se no filme B “A Morte Veste-se de Branco” (Shock!, 1946) de Alfred L. Werker, onde interpretava um sádico assassino. O seu porte ameaçador relegou-o então para papéis de vilão, em thrillers e filmes policiais, como “Sob o Manto da Noite” (The Long Night, 1947) de Anatole Litvak, “Veneno dos Trópicos” (The Bribe, 1949) de Robert Z. Leonard, ou “Cidade nas Trevas” (While the City Sleeps, 1956) de Fritz Lang. O mesmo aconteceria nos seus papéis em filmes históricos ou de aventuras como “Os Três Mosqueteiros” (The Three Musketeers, 1948) de George Sidney, “Bagdad” (1949) de Charles Lamont, ou no célebre “Os Dez Mandamentos” (The Ten Commandments, 1956) de Cecil B. DeMille.
O ícone de terror
Vincent Price tomou contacto com os filmes de terror, primeiro em curtos papéis como em “A Torre de Londres” (Tower of London, 1939) de Rowland V. Lee, com Boris Karloff, e em “A Volta do Homem Invisível” (The Invisible Man Returns, 1940) de Joe May. Mas foi em 1953, que Price se tornou notado pela sua presença física, voz sinistra, e propensão para o humor negro, no filme de terror “Máscara de Cera” (House of Wax, 1953) de André De Toth. O filme gerou uma corrida à tecnologia 3D, e foi um dos maiores sucessos comerciais desse ano.
Aos seus filmes seguintes “A Máscara do Mágico” (The Mad Magician, 1954) de John Brahm, e “A Mosca” (The Fly, 1958) de Kurt Neumann, sucederam-se filmes do sensacionalista William Castle (que não media esforços para usar props nas próprias exibições em salas de cinema): “House on Haunted Hill” e “The Tingler”, ambos de 1959.
Todos estes filmes ajudaram a estabelecer o personagem tipo de Vincent Price. O seu mestre do terror era alguém de porte aristocrático, em litígio com a natureza, capaz de atrair sobre si a desgraça (a lembrar o típico herói byroniano), ou dando-se à sede de vingança, com traços sádicos e de um certo humor negro.
A AIP e o ciclo Corman-Poe
Em 1960, o famoso realizador independente Roger Corman procurava na AIP (American International Pictures) uma parceria para realizar um filme baseado numa história de Edgar Allan Poe, numa atmosfera gótica, com valores de produção acima daquilo que o realizador vinha fazendo. O actor escolhido para protagonizar esse filme foi Vincent Price, e o sucesso do filme levou a que ele se tornasse uma série de oito filmes inspirados pelo autor gótico norte-americano. Desses oito filmes, Price protagonizou sete.
Começando com “A Queda da Casa Usher” (The Fall of the House of Usher, 1960) e terminando com “The Tomb of Ligeia” (1965), Roger Corman e Vincent Price criaram uma imagem de marca de terror gótico e aristocrático, que rivalizava com o que a Hammer Films fazia do outro lado do Atlântico. Os filmes marcariam para sempre as carreiras, tanto do realizador como do actor.
Price na Inglaterra
Depois desta série de sucesso, Vincent Price continuaria ligado à AIP que distribuiu nos Estados Unidos alguns dos seus filmes ingleses, geralmente tentando ligá-los ao famoso ciclo Corman-Poe.
São exemplos “Witchfinder General” (1968, Michael Reeves), e a trilogia de filmes de Gordon Hessler: “The Oblong Box” (1969), “Cry of the Banshee” (1970), e “Scream and Scream Again” (1970). Alguns destes filmes contavam ainda com a interpretação de Christopher Lee, valendo-se do mito do emparelhamento de estrelas de culto do terror, como antes já acontecera entre Lee e Peter Cushing.
Ainda sob o patrocínio da AIP seguiram-se os dois filmes que nos trouxeram o diabólico Dr. Phibes, realizados por Robert Fuest: “O Abominável Dr. Phibes” (The Abominable Dr. Phibes, 1971) e “Dr. Phibes Rises Again” (1972). Depois deles, outros filmes ingleses se seguiriam, em particular para a produtora Amicus, conhecida pelo seu horror gótico, como a rival inglesa da Hammer.
Final de carreira e influência
Se desde os anos 40 e 50 Vincent Price se tornou presença regular em séries de mistério e terror, de rádio e televisão, já no cinema a sua carreira foi-se rarefazendo, principalmente a partir de meio dos anos 70. Excepções eram alguns regressos em que o actor claramente se limitava a reinterpretar o ícone em que se tinha tornado.
É disso exemplo o filme de Pete Walker, “A Noite da Facas Longas” (House of the Long Shadows, 1983), que teve a particularidade de juntar, pela primeira vez no grande ecrã: Christopher Lee, Peter Cushing, John Carradine e Vincent Price.
Numa outra vertente, recebem ainda destaque as participações de Price em “As Baleias de Agosto” (The Whales of August 1987), de Lindsay Anderson, com Bete Davies e Lilian Gish, e no filme de animação da Disney, que Price confessou ter adorado fazer, “Rato Basílio, o Grande Mestre dos Detectives” (The Great Mouse Detective, 1986).
O seu último grande projecto para o cinema foi “Eduardo Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands, 1990), de Tim Burton, um autor que nunca parou citar Vincent Price como uma das suas influências (confirmar na curta-metragem de Burton “Vincent”, com narração de Price). O seu papel teve de ser abreviado, devido à rápida deterioração do seu estado de saúde.
Pela voz característica, que marcara todos quantos a ouviram no cinema, televisão ou rádio, a narração de Price era requerida amiúde, mesmo noutros campos artísticos. Tal foi o caso dos discos “Welcome to My Nightmare” (1975) de Alice Cooper e o consagradíssimo “Thriller” (1983) de Michael Jackson.
Ao lado de Bela Lugosi, Boris Karloff, Christopher Lee e Peter Cushing, Vincent Price tornou-se uma das mais distintas figuras do cinema de terror clássico, principalmente na sua vertente gótica. A sua voz e expressão facial, e o modo como mescla loucura e sofrimento, continuam a ser um modelo que influencia novas gerações de realizadores, actores e espectadores. Para muitos ele será sempre o maior Mestre do Terror do cinema.
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Gosto muito de filmes de terror
Talvez o melhor, senão o maior “vilão” da historia do cinema. Só dois caras me fizeram ter calafrios dentro de uma sala de cinema: Jose Mojica Marins (Zé do Caixão) e ele. Bem, outros atores tipo Barbara Steele (o Vincent Price de saias).
A vida nunca teve nenhum sentido!!!
Talentoso charmoso carismático um dos maiores atores que já existiu adoro sua voz e como era lindo. quando jovem ! esteve tao. Deslumbrante em Laura e. amar foi minha ruína que mesmo sendo dois papeis pequenos ele ofuscou os respectivos astros ( Dana Andrews e. Cornel. Wilde )com seu talento e beleza aristocrática!