
Após Nuri Bilge Ceylan, o mês de Fevereiro é dedicado a Béla Tarr, um realizador húngaro que começou a filmar nos anos 70 e 80, e tem tido nas últimas duas décadas algumas das obras mais marcantes do cinema europeu contemporâneo.
Nascido e criado na Hungria, no seio de uma família ligada aos teatro e cinema, este filósofo, que se dizia cineasta nos tempos livres, assistiu à transformação do seu país após o fim do comunismo, e as tensos confrontos políticos que o têm caracterizado ultimamente. Isso levou-o a seguir por um realismo social, marcado pelo seu existencialismo e pessimismo, resultando em obras de grande fôlego, uma linguagem visual própria, hoje muito elogiada.
Esta define-se por sequências longas (que chegam a ser de 10 minutos ou mais), em movimentos lentos de câmara, descorrelacionados dos personagens, e por vezes apenas contemplativos; um realismo de momentos e interpretações que nos fazem sentir como que dentro do filme; cenários parcos numa atmosfera soturna, sempre filmada a preto e branco; e uma espécie de misticismo velado, contrastando com a crueza dos sentimentos e actos, e a sobriedade das situações, inspiradas no contexto actual da Hungria.
Textos adicionais
Ligação exterior: Entrevista a Béla Tarr no jornal Público em 2012