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A janela encantada

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Tag Archives: Fantasia

Ciclo “Filmtwist”

11 Quarta-feira Maio 2022

Posted by jc in Filmtwist

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Cinema, Fantasia, Ficção Científica, Filmtwist, Streaming, Terror, Thriller

Filmtwist

Pela primeira vez A Janela Encantada vai ter um ciclo em colaboração com uma entidade externa.

Trata-se da FILMTWIST, a nova plataforma de streaming de emoções fortes, já disponível em www.filmtwist.pt

Inaugurada em Abril, a FILMTWIST dedica-se ao cinema fantástico e de culto, contendo géneros como o terror, o thriller, a ficção científica e a fantasia. Vários dos seus filmes são inéditos em Portugal, ou exibidos no nosso país apenas no contexto do MOTELX, e agora exclusivos desta plataforma.

Agradecendo o apoio da FILMTWIST, A Janela Encantada manterá um ciclo, no qual olhará de modo solto para filmes disponíveis na plataforma, em particular os seus exclusivos.

É uma forma de diversificarmos o nosso olhar sobre o cinema, dando destaque às emoções fortes e a autores e cinematografias menos conhecidos.

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Listas – Vikings

12 Domingo Abr 2020

Posted by jc in As minhas listas

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Cinema, Fantasia, História, Vikings

Cartaz promocional de "Os Vikings" (The Vikings, 1958), de Richard Fleischer

Quanto, em 793, guerreiros sanguinários vindos da Escandinávia atacaram o mosteiro de Lindisfarne, na costa oriental britânica, a Europa ganhou consciência de um novo perigo, que se manteria constante (e crescente) até ao início do século XIX. Ainda em estado tribal, seguindo antigas religiões, vivendo num clima hostil que os obrigava a tentar a sua sorte noutras paragens, os vikings atacaram, pilharam, mataram e lançaram o terror por toda a costa do norte da Europa, tendo subido rios e saqueado cidades como Paris. Aos poucos, essas vagas foram passando de saqueadores a colonos, e os territórios que lhes eram cedidos (a Dane Law britânica, a Normandia francesa, por exemplo) serviam de tampões contra novas invasões, as quais se dirigiam cada vez para mais longe, com a chegada à Gronelândia e ao actual Canadá. Esse intercâmbio, que resultou também na entrada do Cristianismo, levou ao diminuir das hostilidades, com a nova aculturação a refrear as tradições guerreiras, e a pôr fim à era Viking.

Para a história ficaria o espírito guerreiro, a mitologia, e toda a iconografia, ainda hoje algo envolta em mistério, celebrada nos artefactos encontrados, na epigrafia sobrevivente, e nas imagens de livros antigos, bem como todo o espírito dessa época e povo tão estranho aos europeus, e celebrado nas sagas medievais, como a “Edda”, a “Egils Saga”, a “Njáls Saga”, entre outras.

A ficção moderna não ficou alheia a esse fenómeno, e os vikings têm sido matéria de filmes de acção. Infelizmente, estes tem quase sempre procurado o lado mais sensacionalista (de Mario Bava, Roger Corman e a Hammer, até às produções de gosto duvidoso já deste século), onde o sangue e as histórias de heróis brutamontes são regra. O difícil é separar o trigo do joio, na lista que se segue.

• 1928: The Viking (O Viking) – Roy William Neill
• 1957: The Saga of the Viking Women and Their Voyage to the Waters of the Great Sea Serpent – Roger Corman
• 1958: The Vikings (Os Vikings) – Richard Fleischer
• 1961: Gli invasori (A Fúria dos Vikings) – Mario Bava
• 1961: L’ultimo dei Vikinghi (O Último Viking) – Giacomo Gentilomo
• 1964: The Long Ships (Gigantes do Mar) – Jack Cardiff
• 1965: Erik il vichingo (A Vingança dos Vikings) – Mario Caiano
• 1966: I coltelli del vendicatore (Os Punhais do Vingador) – Mario Bava
• 1967: The Viking Queen (A Rainha Viking) – Don Chaffey
• 1978: The Norseman – Charles B. Pierce
• 1981: Útlaginn [Outlaw: The Saga of Gisli] – Ágúst Guðmundsson
• 1984: Hrafninn flýgur [When the Raven Flies] – Hrafn Gunnlaugsson
• 1985: I na kamnyakh rastut derevya [Trees Grow on the Stones Too] – Stanislav Rostotskiy
• 1989: Erik the Viking – Terry Jones
• 1991: Hvíti víkingurinn [The White Viking] – Hrafn Gunnlaugsson
• 1995: The Viking Sagas – Michael Chapman
• 2005: Beowulf & Grendel (Beowulf & Grendel – A Lenda dos Vikings) – Sturla Gunnarsson
• 2005: Beauty and the Beast (A Bela e a Besta) – David Lister
• 2007: Beowulf – Robert Zemeckis
• 2007: Pathfinder (Pathfinder – O Guerreiro do Novo Mundo) – Marcus Nispel
• 2007: Severed Ways: The Norse Discovery of America – Tony Stone
• 2008: A Viking Saga: Son of Thor – Michael Mouyal
• 2009: Valhalla Rising (Valhalla Rising – Destino de Sangue) – Nicolas Winding Refn
• 2013: Hammer of the Gods (O Martelo dos Deuses) – Farren Blackburn
• 2013: A Viking Saga: The Darkest Day – Chris Crow
• 2014: Northmen – A Viking Saga (A Saga Viking) – Claudio Fäh
• 2014: Viking: The Berserkers – Anthony Smith
• 2016: Viking – Andrey Kravchuk
• 2017: Viking Siege – Jack Burton
• 2018: The Lost Viking – Emmet Cummins
• 2018: Viking Destiny – David L.G. Hughes
• 2019: Viking Blood – Uri L. Schwarz
• 2019: The Viking War – Suzy Spade, Louisa Warren

Universos Paralelos – 20 – Nas asas da imaginação de Miyazaki

26 Segunda-feira Ago 2019

Posted by jc in Universos Paralelos

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Animação, Cinema, Cinema japonês, Estúdios Ghibli, Fantasia, Hayao Miyazaki, Podcast, Segundo Take, Universos Paralelos

Universos Paralelos - 20 - Nas asas da imaginação de Miyazaki

Pode ouvir aqui o vigésimo episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no podcast Segundo Take.

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Universos Paralelos – 20 – Nas asas da imaginação de Miyazaki

22 Quinta-feira Ago 2019

Posted by jc in Universos Paralelos

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Animação, Cinema, Cinema japonês, Estúdios Ghibli, Fantasia, Hayao Miyazaki, Podcast, Segundo Take, Universos Paralelos

Universos Paralelos

É já segunda-feira que chega o vigésimo episódio de Universos Paralelos, da autoria do António Araújo (Segundo Take), do José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e do Tomás Agostinho (Imaginauta).

Desta vez dedicamo-nos a analisar o universo fantasioso de Hayao Miyazaki, com especial destaque para as longas-metragens para cinema produzidas nos estúdios Ghibli, e pode ouvir-nos aqui:
podcast

 

Nas asas da imaginação de Miyazaki

Hayao Miyazaki num tributo ao seu universo de animação

12 de Julho de 1945. A cidade de Utsunomiya, no Japão, era vítima de um ataque aéreo, dizimando cerca de metade da cidade. Nesse mesmo local, e durante toda a Segunda Grande Guerra, a Miyazaki Airplane, gerida por Katsuji Miyazaki, fornecia lemes para os míticos caças Mitsubishi A6M Zero, utilizados pela Marinha Imperial Japonesa.

Tanto o bombardeamento como o trabalho desenvolvido pelo seu pai marcaram e vieram a influenciar fortemente a imaginação e o trabalho de Hayao Miyazaki, mestre da animação e da arte de contar histórias e sobre quem me debruço no presente texto.

Começou por trabalhar na Toei Animation, onde conheceu Isao Takahata, co-fundador dos estúdios Ghibli e colaborador de longa data. Durante o seu tempo nesse estúdio, e posteriormente na Nippon Animation, Miyazaki veio a desenvolver trabalhos com Takahata, como “Heidi” (Arupusu no Shōjo Haiji, 1974) e “Marco: Dos Apeninos aos Andes” (Haha o Tazunete Sanzenri, 1976). Talvez o seu trabalho mais significativo pré-Ghibli tenha sido “Conan, o Rapaz do Futuro” (Mirai Shōnen Konan, 1978), uma série televisiva de 26 episódios, sobre a história de um rapaz (e de uma rapariga e do seu amor – tema recorrente na sua obra) e das suas aventuras enquanto atravessa um mundo pós-apocalíptico, destruído pela sede de violência entre o Homem.

Existe uma certa linha contínua temática que parece unir o trabalho de Miyazaki, que começa muito antes da fundação dos estúdios Ghibli, como podemos ver em “Marco” e “Heidi” — a preocupação com a família, com os amigos ou a denúncia da simples beleza presente numa aventura — ou numa preocupação já cada vez mais estética como vemos tomar forma em “Conan”, ou de maneira bastante mais evidente no seu último filme antes da fundação dos estúdios míticos, “Nausicaä do Vale do Vento” (Kaze no tani no Naushika, 1984). “Nausicaä” é um filme quase tão indistinto dos outros filmes que Miyazaki produz durante a sua era dourada nos estúdios, que parece apenas justo atribuir ao filme uma afiliação honorária. Vai buscar a “Conan” não só os temas da guerra e as suas desastrosas consequências, como o próprio viveu em 1945, mas também dois elementos basilares do seu trabalho, a família — que de forma tão bela nos mostra que existe outra para além da de sangue — e a aventura. Introduz, no entanto, um novo e incrivelmente recorrente tema, o do voar, tanto na sua acepção mais literal, como podemos ver através da presença de várias naves e outros objectos voadores, como o planador de Nausicaä, mas também na sua face mais metafórica ou espiritual, o voar para outros mundos, o sonhar. Este sonhar é, no fundo e no princípio, o motor central do trabalho do autor. Vemo-lo tomar formas mais concretas como nos filmes em que o céu e a aviação tomam papéis essenciais na narrativa, como “Nausicaä”, “O Castelo no Céu” (Tenkû no shiro Rapyuta, 1986), “Kiki – A Aprendiz de Feiticeira” (Majo no takkyûbin, 1989), “Porco Rosso – O Porquinho Voador” (Kurenai no buta, 1992), ou de forma não só literal, mas incrivelmente realista também, n’”As Asas do Vento” (Kaze tachinu, 2013), que se não fosse o seu regresso da reforma teria sido o filme perfeito para terminar uma grande carreira. Noutros filmes, o voar projecta-se para o domínio do onírico, “A Viagem de Chihiro” (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001), “O Castelo Andante” (Hauru no ugoku shiro, 2004) ou “Ponyo à Beira-Mar” (Gake no ue no Ponyo, 2008) são exemplos claros disso. Onde o sonho predomina e o espectador é totalmente transportado para um mundo com poucos referentes visuais externos, enquanto que nos outros filmes supra-mencionados, a fantasia e a realidade parecem coexistir numa malha harmoniosa, temos normalmente espaços conhecidos com elementos e personagens fantasiosas, do mais sóbrio (“As Asas do Vento”) ao mais fictício (“O Castelo no Céu” / “Porco Rosso”), tendo “Nausicaä” como saudável excepção. Entre este tema central do sonho e do voo, Miyazaki parece ainda querer apresentar uma preocupação de cariz mais natural, a da defesa da Terra e dos seus recursos. O tema do ambiente é fortemente explorado em “A Princesa Mononoke” (Mononoke-hime, 1997), onde o conto toma contornos de uma fábula, da defesa da Natureza, como sendo o ponto de equilíbrio do Mundo.

Encontramos entre estes, temas outros ainda com uma enorme transversalidade: o feminismo e a presença forte de heroínas — nas palavras do próprio sobre as suas personagens femininas «valentes, raparigas auto-suficientes que não pensam duas vezes sobre lutar pelo que acreditam com todo o seu coração […] podem precisar de um amigo, de um apoiante, mas nunca de um salvador […] qualquer mulher é tão capaz de ser um herói como qualquer homem» —, a exploração narrativa de momentos de transição na vida uma pessoa, frequentemente entre a vida juvenil e adulta, e a existência de uma tragédia que incita o enredo, servindo de motivação para resolver os dilemas do herói.

Chegamos ao momento de confluência de uma carreira rica com o filme mais recente do autor, “As Asas do Vento”. Um filme que vem repescar a temática da aviação e das Grandes Guerras, tal como já tínhamos visto em “Porco Rosso”. Desta vez, e pela primeira vez, temos um filme que decorre na sua totalidade num universo reconhecível, não-mágico e inteiramente habitado por humanos. Baseia-se ainda na vida de uma personalidade histórica, Jiro Horikoshi, designer de aviões e responsável pelo mítico Mitsubishi A6M Zero, reforçando a ligação não só com o mundo real, mas também com a própria vida de Miyazaki e do seu pai. O filme continua a recorrer ao uso do onírico, para criar uma ligação entre Jiro e Giovanni Battista Caproni, outra personagem histórica, que aqui serve de mestre ao nosso herói, mas que também terá tido uma influência na vida de Miyazaki, dado que o nome Ghibli vem do avião Caproni Ca.309 Ghibli, concebido pela empresa do próprio Caproni, entrelaçando ainda mais a vida do cineasta com a vida do nosso protagonista, tornando este talvez o filme mais pessoal da sua filmografia. Mas o filme não se contém numa recriação (ficcional) da história, pois mantém toda a tradição temática e estética do animador, correspondendo a uma declaração de fé no poder dos sonhos, como força motriz do trabalho: vida, e amor num uno sem qualquer atrito — um ideal representado aqui pelo desejo de Jiro de conceber um avião impossivelmente leve e célere. Esta necessidade de canalizar os nosso sonhos para o trabalho toma, de facto, a sua forma mais concreta neste último filme, mas encontramo-la presente desde o início — não esquecer que aquilo que motiva inicialmente Pazu (d’”O Castelo no Céu”, o primeiro filme totalmente Ghibli) a procurar a cidade perdida (e curiosamente voadora) de Laputa é o desejo de ser — e quiçá reencontrar — como o seu pai, piloto e aventureiro dos céus, e de ser o primeiro a aterrar nessa cidade desaparecida.

Miyazaki não se despede com este filme, que seria um adeus incrivelmente poderoso e emocional, como o filme nos mostra, mas volta de uma curta reforma para realizar “How Do You Live?” (Kimitachi wa dô ikiru ka, 2020). A estrear por volta da altura dos Jogos Olímpicos de 2020, Miyazaki pretende com esta obra escrever uma carta ao seu neto, talvez numa tentativa de ser o parente que nunca foi para o seu filho, Gorō. O filme debruça-se sobre os vários passos que levam um rapaz a tornar-se num adulto, física e espiritualmente.

Talvez seja o melhor cineasta de animação da história, dada a profundidade e mestria dos seus filmes, como Roger Ebert apontou, mas de uma coisa podemos ter a certeza, Miyazaki é o grande defensor do poder dos sonhos, da imaginação e da vitória da perseverança perante o mesmo.

Le vent se lève!
il faut tenter de vivre!

Tomás Agostinho, Agosto de 2019.

 

Fontes primárias

Bibliografia

  • Miyazaki, Hayao (1982/1988 – 1994/1996) Nausicaä of the Valley of the Wind (Kaze no Tani no Naushika). San Francisco, California: VIZ Media LLC.

Séries de Televisão

  • Heidi (Arupusu no Shōjo Haiji, 1974): animação
  • Marco: Dos Apeninos aos Andes (Haha o Tazunete Sanzenri, 1976): animação
  • Conan, o Rapaz do Futuro (Mirai Shōnen Konan, 1978): realização e animação

Cinema (longas-metragens)

  • Lupin III: O Castelo de Cagliostro (Rupan sansei: Kariosutoro no shiro, 1979)
  • Nausicaä do Vale do Vento (Kaze no tani no Naushika, 1984)
  • O Castelo no Céu (Tenkû no shiro Rapyuta, 1986)
  • O Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro, 1988)
  • Kiki – A Aprendiz de Feiticeira (Majo no takkyûbin, 1989)
  • Porco Rosso – O Porquinho Voador (Kurenai no buta, 1992)
  • A Princesa Mononoke (Mononoke-hime, 1997)
  • A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001)
  • O Castelo Andante (Hauru no ugoku shiro, 2004)
  • Ponyo à Beira-Mar (Gake no ue no Ponyo, 2008)
  • As Asas do Vento (Kaze tachinu, 2013)

Cinema (curtas-metragens)

  • Yuki’s Sun (Yuki no taiyô, 1972)
  • Nandarou (1992)
  • Whale Hunt (Kujira tori, 2001)
  • Mei and the Kittenbus (Mei to Koneko basu, 2002)
  • Imaginary Flying Machines (Kûsô no sora tobu kikaitachi, 2002)
  • Koro’s Big Day Out (Koro no dai-sanpo, 2002)
  • House-hunting (Yadosagashi, 2006)
  • Monmon the Water Spider (Mizugumo Monmon, 2006)
  • The Day [I] Bought A Star (Hoshi wo katta hi, 2006)
  • Mr. Dough and the Egg Princess (Pan-dane to Tamago-hime, 2010)
  • Boro the Caterpillar (2018)

 

Fontes secundárias

Cinema

  • The Kingdom of Dreams and Madness (Yume to kyôki no ôkoku, Mami Sunada, 2013): documentário sobre os estúdios Ghibli.

Universos Paralelos – 16 – O Senhor dos Anéis de Tolkien

24 Quarta-feira Abr 2019

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Fantasia, Peter Jackson, Tolkien, Universos Paralelos

Universos Paralelos - 16 - O Senhor dos Anéis de Tolkien

Pode ouvir aqui o décimo sexto episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no podcast Segundo Take.

Este episódio conta com a participação especial de Miguel Troncão.

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Universos Paralelos – 16 – O Senhor dos Anéis de Tolkien

21 Domingo Abr 2019

Posted by jc in Universos Paralelos

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Universos Paralelos - 16 - O Senhor dos Anéis de Tolkien

A partir de amanhã, Segunda-feira, dia 22 de Abril, poderemos ouvir mais um Universos Paralelos, da autoria do António Araújo (Segundo Take), do José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e do Tomás Agostinho (Imaginauta). É o décimo sexto episódio do programa, e o primeiro gravado ao vivo, no âmbito da 2ª Edição do Contacto, o Festival Literário de Ficção Científica e Fantasia organizado pela editora Imaginauta.

p>O tema é o O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, tem como convidado especial o Miguel Troncão, e pode ser ouvido aqui:
podcast

 

O Senhor dos Anéis de Tolkien

John Ronald Reuel Tolkien

Em 1999, a Amazon pediu aos seus clientes que votassem no livro mais importante do milénio. Sem qualquer rigor científico, e com toda a subjectividade de uma votação deste género, o vencedor foi “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien. Uma coisa é certa, mesmo que nem todos tenham lido esta colossal obra de ficção de fantasia (e muitos menos ainda antes dos 16, como sugeria Rui Reininho numa popular canção dos GNR), a verdade é que quase toda a gente que já entrou numa livraria e comprou mais que um livro conhece este título.

Editado originalmente em 1954, “O Senhor dos Anéis” (que os editores decidiram partir em três volumes por razões óbvias) era o fruto de trabalho de um académico inglês, versado em filologia e línguas antigas, apaixonado por mitologias e línguas já desaparecidas, e professor de anglo-saxónico em Oxford. Ele era John Ronald Reuel Tolkien, nascido em 1892, com uma educação fortemente católica, e que, após testemunhar na pele o flagelo da Primeira Guerra Mundial, se decidiu por um escapismo que era, em simultâneo, um elogio de tempos idílicos, de valores heróicos, de comunhão com a natureza, poesia, fantasia e muita imaginação.

Na génese da sua construção estava uma ideia simples. Como estudioso de latim, inglês antigo e escandinavo antigo, Tolkien queria dar vida a um corpo linguístico por si criado. Para tal precisava de histórias que vivessem dessas línguas, isto é, mitologias, escritas como quem escreveu “A Ilíada”, a “Edda”, “Beowulf”, ou os mitos arturianos. Começava assim, logo em 1917, o desenvolvimento de um conjunto enorme de textos de cariz mitológico que o autor não parou de desenvolver e reformular até à sua morte, e a que sempre quis dar o nome de “Silmarillion”.

Mas, por acidente, em 1937, Tolkien escreveu e publicou um livro para crianças que falava de hobbits – umas criaturas pequeninas, que satirizavam com simpatia o inglês típico, com todas as suas idiossincrasias e simplicidades –, e que colocou no mundo por si criado. O sucesso de “O Hobbit” levou à exigência de uma sequela, algo que Tolkien não queria fazer. Como solução de compromisso entre as histórias de hobbits, e a sua amada mitologia, surgiu “O Senhor dos Anéis”, o romance épico duma imortal luta entre bem e o mal, repleto de poesia, aventura épica, ambiguidades de carácter e reflexões de comportamento humano que são a entrada num imenso mundo mágico. A riqueza de detalhe e lirismo – suportado por infindáveis apêndices históricos – fez desse mundo um fenómeno que os fãs ainda hoje estudam, como se acreditassem que a Terra Média de que os livros falam existisse realmente, tal o manancial de informação que dela dispomos.

Apesar da sua dimensão e hermetismo, “O Senhor dos Anéis” tornou-se um caso sério de popularidade nas décadas seguintes e, quando se pensava que nada mais podia elevar a obra de Tolkien, eis que, pelas mãos da New Line Cinema e de Peter Jackson, surgiu em 2001 – depois de algumas tentativas algo falhadas de Ralph Bakshi (1978) e Rankin/Bass (1982) – uma trilogia de filmes que seriam elogiados por público e crítica, fazendo das personagens e conceitos de Tolkien verdadeiros ícones da cultura popular.

Deixando o precedente de construir mundos com mapas, histórias, diferentes raças e línguas, num misto de fantasia e realidade, Tolkien tornou-se, decididamente, o mais importante autor de fantasia da literatura moderna, aquele com que todos aprendem e com que todos se comparam, continuando hoje como figura incontornável, modelo para autores contemporâneos e inspiração para milhões de leitores que procuram um pouco de escapismo ou alguém que lhes compreenda e estimule a necessidade de acreditar em outros mundos.

José Carlos Maltez, Abril 2019.

 

Fontes primárias

Literatura principal

  • Tolkien, J. R. R. (1954) The Lord of the Rings – The Fellowship of the Ring. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R. (1954) The Lord of the Rings – The Two Towers. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R. (1955) The Lord of the Rings: The Return of the King. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]

Literatura aconselhada

  • Tolkien, J. R. R., (1937) The Hobbit. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (1977) The Silmarillion. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (1980) Unfinished Tales. London: Allen & Unwin. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (1983-1996) The History of Middle-Earth (12 volumes). London: Allen & Unwin
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (2007) The Children of Húrin. London: HarperCollins. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (2017) Beren and Lúthien. London: HarperCollins. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]
  • Tolkien, J. R. R., Tolkien, C. [ed.] (2018) The Fall of Gondolin. London: HarperCollins. [ed. portuguesa por Publicações Europa-América]

Cinema

  • O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, Ralph Bakshi, 1978)
  • O Retorno do Rei (The Return of the King, Jules Bass, Arthur Rankin Jr., 1980)
  • O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, Peter Jackson, 2001)
  • O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, Peter Jackson, 2002)
  • O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, Peter Jackson, 2003)

Outros filmes

  • O Hobbit (The Hobbit, Jules Bass, Arthur Rankin Jr., 1977)
  • O Hobbit: Uma Viagem Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Peter Jackson, 2012)
  • O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, Peter Jackson, 2013)
  • O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, Peter Jackson, 2014)

Videojogos (selecção)

  • The Hobbit (1982), Melbourne House
  • Lord of the Rings: Game One (1985), Melbourne House
  • The Lord Of The Rings, Volumes 1 & 2 (1990 e 1992), Interplay
  • The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (2002), Vivendi Universal Games
  • The Lord of the Rings: The Two Towers (2002), Electronic Arts
  • The Lord of the Rings: The Return of the King (2003), Electronic Arts
  • The Lord of the Rings: The Battle for Middle-earth II (2006), Electronic Arts
  • The Lord of the Rings Online (2007), Turbine, Inc.
  • Lego The Lord of the Rings (2012), Warner Bros. Interactive Entertainment.

Fontes secundárias

Bibliografia

  • Carpenter H. (1977) J. R. R. Tolkien. A Biography. London: Allen & Unwin
  • Carpenter H., Tolkien, C. [eds] (1981) The Letters of J. R. R. Tolkien. Nova Iorque, NY: St. Martin’s Paperbacks

Websites

  • The Tolkien Society: https://www.tolkiensociety.org/
  • The Encyclopedia of Arda: http://www.glyphweb.com/arda/
  • The One Wiki to Rule Them All: https://lotr.fandom.com/wiki/
  • Tolkien Gateway: http://www.tolkiengateway.net/wiki/
  • Tolkien Boardgames: https://www.freewebs.com/tolkienboardgamecollecting/

Outras referências

Bibliografia

  • A Bíblia (1500 a.C. – 90 d.C.)
  • A Ilíada (Homero, séc. VIII a.C.)
  • Beowulf (séc. VIII)
  • Edda em prosa (Snorri Sturluson, c. 1220)
  • A Morte de Artur (Thomas Mallory. Séc. XV)
  • Kalevala (Elias Lönnrot, 1849)

A Promessa, 2005

16 Segunda-feira Jul 2018

Posted by jc in Wuxia moderno

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Artes Marciais, Cecilia Cheung, Chen Kaige, Cinema, Cinema chinês, Fantasia, Filme de época, Hiroyuki Sanada, Jang Dong-Gun, Liu Ye, Nicholas Tse, Pei Xing, Quinta geração da China, Wuxia

The Promise Há muito tempo, após uma guerra devastadora, a pequena Qingcheng recebe um dom de uma deusa, pode ter toda a beleza e riqueza do mundo, mas perderá todos os que ama, a não ser que o tempo volte para trás, neve na Primavera, e os mortos voltem a viver. 20 anos depois, o general Guangming (Hiroyuki Sanada) é vitorioso noutra guerra, graças ao poderes do escravo Kunlun (Jang Dong-Gun), que ele passa a tomar por assistente. Quando Guangming, ferido, percebe que o rei vai ser assassinado pelo duque do Norte (Nicholas Tse), envia Kunlun disfarçado com a sua armadura para o salvar. Mas ao chegar, este mata o rei para salvar nem mais que Qingcheng (Cecilia Cheung), agora princesa, e que se apaixona por ele, pensando tratar-se de Guangming. Caído em desgraça, resta a Guangming, enquanto a maldição não se revelar, viver o amor da princesa, sob o olhar de Kunlun, que entretanto descobre quem destruiu tudo o que ele antes fora. Continuar a ler →

“O meu ciclo”, por Miguel Ferreira

10 Quarta-feira Jan 2018

Posted by jc in O meu Ciclo

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Ciclos, Cinema, Fantasia, Ficção Científica

Imagem de "Viagem ao Outro Lado do Sol" (Journey to the Far Side of the Sun, 1969), de Robert Parrish

Mundos Paralelos

por Miguel Ferreira

autor do blogue Créditos Finais
co-autor do podcast Nas Nalgas do Mandarim

A minha mãe ia contar uma história. Eu ia nessa história, com ela. A uma escola nova, terra vizinha. Esperando, como se espera sempre em espaço novo, o maior grau de estranheza, estranheza fresca, por abrir. Mas ali, naquela manhã, o esquisito sabia a família: o edifício era igual ao que temos em casa, aquela escola era igual à minha, só que em azul. Trocaram o amarelo e encheram esta cabeça de um universo paralelo. Primeira vez que fiz tal viagem, tal embarque a um conceito com regras muito bem definidas: “Parallels”, um filme de 2015 diz cedo na voz de uma das suas personagens – não viajaste no tempo, o dia e a hora são exatamente os mesmos, só que estás noutra versão do planeta Terra. Imaginemos que agora, num outro mundo, um outro “eu” está a gatafunhar esta crónica, só que em vez de uma BiC azul usa uma BiC preta. Pequeninas, minúsculas, ligeiras diferenças até às brutais como este amontoado de palavras não existir ou eu nunca ter nascido. Ou ter nascido mas gostar muito do “Shakespeare in Love”, ou melhor não ter mesmo nascido. O filme, esse, é também um piloto de televisão, o que faz todo o sentido uma vez que foi – e ainda é – o pequeno ecrã a oferecer o espaço das possibilidades. Dezenas de episódios cobrem com muito mais facilidade as viagens que podemos fazer, as variações que queremos montar. Mundos infinitos que, numa premissa como “Parallels”, precisam de todas as hipóteses, até dar, até ser possível. “Sliders” foi dos exemplos mais claros e cristalinos deste conceito e mais recentemente “Fringe”, que elevava a fasquia para uma guerra entre mundos, com protagonistas e seus duplos a marcarem a memória recente. Como “Stranger Things” e o seu Mundo Invertido ou “Flash”, que é pau para toda a obra e para além dos paralelos tem os mundos criados por viagens no tempo. Fazer diferente, a causa efeito, fantasmas ontem, monstros hoje. Mas comecemos a bater à porta, não das projeções futuristas e inter-dimensionais de “Black Mirror” e “Dimension 404”, mas sim do guarda-roupa. Sim e passemos para o cinema, senão daqui a bocado começa a tocar a orquestra e eu tenho de me calar.

Imagem de "A Bússola Dourada" (The Golden Compass, 2007), de Chris Weitz

Outros Mundos

Início dos inícios. Um portal mais maroto, um armário, um buraco, túnel, o que der e vier, o que der para passar. Eu sei, a esta altura já estão todos com a arma carregada e a salivar pelo Super Mario Bros., com a sua dimensão onde os dinossauros nunca se extinguiram. Uma espécie de centro comercial esquisito, taciturno e peganhento com malta alagartada. E pessoal, eu também amo o Super Mário, Samantha Mathis é poster de parede, Dennis Hopper é o maior e há um momento em que eles cruzam os desentupidores. Mas, no que toca a outros mundos não posso deixar de colocar a minha alma ao ombro: “The Golden Compass”, que para além de ser a fantasia mais bonita da década anterior é também a mais esquecida, o que faz dela ainda mais bonita. Sem motor para sequela, e dizimada por outros mastodontes do género, esta estrela cadente caiu em parte incerta, mas fica a magia da velha infância. De algo tão rico que só vivendo, só indo ao mundo onde as almas se separam do corpo e existam na forma de animais.

Então e se…

A eterna questão que temos de levar todos os dias às cavalitas. Se por acaso eu tivesse ido ver “A Beautiful Mind” em vez do “Mulholland Dr.”, estaria aqui hoje? Teria cabelo preto? Continuaria com o blogue? Sim, sim e sim, mau exemplo, mas vocês perceberam a ideia. Sei que estão todos encegueirados e já com a canção dos Aqua na ponta da língua. Mas não, não, não, não vou escolher o “Sliding Doors”. Eu gosto, tem graça, a dicotomia do instante e depois a poesia de um final convergente. Ou de trabalharmos para tal. Como o “The Family Man”. Ou no oposto, virar para outro adeus: “Donnie Darko” e “The Butterfly Effect”. Todos exemplos desse grão que se desloca um bocadinho mais para a direita. Todos bem, mas hoje é “Mr. Nobody” a chegar ao cartaz, porque é a súmula perfeita de todas estas escolhas, porque as tem em simultâneo. Um choque de hipóteses, vidas, filhos, não filhos, mortes vida, tudo a acontecer perante os olhos como a tal questão, agora materializada. Ou seja, é possivelmente a obra que melhor ilustra – e se ela é bonita – esta canga. Porque não há um voltar atrás, mudar e regressar para algo vizinho: os caminhos paralelos existem apenas numa única estrada e é essa que temos de trilhar.

Brit Marling em "Outra Terra" (Another Earth, 2011), de Mike Cahill

Mas agora a sério

Esqueçamos outros mundos e hipóteses, até porque metade do estádio já está vazio, viemos aqui para dançar com os nossos duplos. Para amansar os puristas e dizer que sim: filmes de universos paralelos têm de ter os chamados doppelgangers, que, consultando uma Wikipédia mais marota, descubro serem “monstros ou seres fantásticos que têm o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa”. Isto segundo uma lenda germânica. No “How I Met Your Mother” falavam disto. Ai série mais uma vez, bate na boca. E nada melhor para ilustrar o tema do que um filme – não malta não é o “One” do Jet Li – com o mesmo nome: “Doppelgänger” ou “Journey To The Far Side Of The Sun”. Nele dois astronautas viajam até um planeta igual ao nosso mas que está escondido pelo Sol. Está do outro lado do Sol. Lá descobrem uma Terra igual mas inversa, onde tudo é quase idêntico com pequenas diferenças. É ficção científica que respira, ainda com tempo dentro do seu tempo, dona de uma ideia certeira e seca. O espelho, o outro lado do espelho. E sem sair de lá, outra delícia, bem mais recente e com a minha atriz favorita. Não é, mas a sentença ganha logo corpo, como um bom vinho. Gosto muito pronto. Brit Marling e o seu “Another Earth”. Com um conceito muito idêntico ao de 69, aparece também outra Terra, ali, à mão de semear, mais bonita que a Lua. Simples, sóbrio, trabalha a ideia do arrependimento e de segundas chances, tendo o resto como pretexto. Não são assim os melhores devaneios do género. São de facto. Há essa necessidade de encolher e restringir, como um íman, como o espaço pessoal, finito na pele e nas ideias. E que melhor exemplo de escassez de recursos mas fartura de encanto que “Coherence”? Se há filme que inspira, governa, comanda o tema e o ciclo é este aqui. Em 90 minutos voltamos acreditar no impossível, no muito com nada, porque feitas as contas estamos a ver uma obra de meia dúzia de tostões e estamos de facto lá, em outras realidades. É essa inteligência e audácia – no conto de um grupo de amigos à mesa numa noite pautada pela passagem de um cometa – que hoje continua por bater. E o mais irónico de tudo, é que no mesmo ano saiu +1, que é, como é dissemos atrás: um doppelganger, dos pés à cabeça. Varia nos mecanismos – não é de todo tão inteligente e minimalista – carregando um pouco mais na violência, na repetição – à la “Triangle” – dando um passo em frente no modo como se encerra. Ainda assim, é mais um a adicionar ao carrinho que agora vai rumo à caixa. Agora vou rumo à caixa, na esperança de uma fila curta mas também com aquela expectativa latente de no outro lado do vidro estar a passear, com outro jornal e outro casaco, um gajo exatamente igual a mim.

Filmes escolhidos:
• “Viagem ao Outro Lado do Sol” (Journey to the Far Side of the Sun, 1969) – Robert Parrish
• “A Bússola Dourada” (The Golden Compass, 2007) – Chris Weitz
• “Sr. Ninguém” (Mr. Nobody, 2009) – Jaco Van Dormael
• “Outra Terra” (Another Earth, 2011) – Mike Cahill
• “Coherence” (2013) – James Ward Byrkit
• “+1” (2013) – Dennis Iliadis

Imagem de "+1" (2013), de Dennis Iliadis

Cântico de Natal, 1938

24 Domingo Dez 2017

Posted by jc in Especial Natal

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Ann Rutherford, Barry MacKay, Charles Dickens, Cinema, Drama, Edwin L. Marin, Fantasia, Gene Lockhart, Kathleen Lockhart, Leo G. Carroll, Lionel Braham, Lynne Carver, Natal, Reginald Owen, Terry Kilburn

A Christmas CarolVersão da MGM do famoso conto de Natal de Charles Dickens, traz-nos Ebenezer Scrooge (Reginald Owen) como o avarento e rezingão que detesta o Natal e tudo aquilo que distraia os homens de negócios. Depois de recusar a generosidade dos convites do sobrinho Fred (Barry MacKay), Scrooge vai ainda mais longe, despedindo o empregado Bob Cratchit (Gene Lockhart) na véspera de Natal. Mas nessa noite, Scrooge é visitado pelo fantasma do seu velho sócio Jacob Marley (Leo G. Carroll) que lhe anuncia a visita três espíritos que o levarão em viagem pelo seu passado, presente e futuro, e lhe darão oportunidade de rever a sua vida e mudar de atitude para não acabar no Inferno como ele próprio. Continuar a ler →

Grinch, 2000

22 Sexta-feira Dez 2017

Posted by jc in Especial Natal

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Anthony Hopkins, Bill Irwin, Christine Baranski, Cinema, Clint Howard, Comédia, Dr. Seuss, Fantasia, Jeffrey Tambor, Jim Carrey, Molly, Natal, Ron Howard, Taylor Momsen

Dr. Sewuss' How the Grinch Stole Christmas Em Whoville, todos os Who se divertem na azáfama de preparar a sua festa preferida, o Natal. Todos não, que na montanha junto à cidade habita o Grinch (Jim Carrey), um Who em tempos enjeitado, e que odeia todos os outros. Mas quando visita Whoville em busca de tentar uma desfeita, o Grinch é encontrado pela pequena Cindy Lou (Taylor Momsen), que acredita que ele merece confiança, por haver ainda bondade no seu coração. Resta a Cindy Lou convencer tanto Whoville como o próprio Grinch nessa reconciliação natalícia, já que uns e outro se odeiam e a reunião poderá resultar num Natal desastroso. Continuar a ler →

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