Divas de Hollywood

Introdução

Hollywood Walk of FameHollywood não inventou o cinema, mas inventou a diva!

No início do cinema os actores eram mais ou menos anónimos, e rezam as crónicas que Florence Lawrence foi a primeira actriz que o público começou a reconhecer na tela, e por quem começou a interessar-se. Daí ao Star System foi um àpice, com os produtores a aperceberem-se que o público queria seguir os mesmos actores, no mesmo tipo de personagens, que se tornavam mais fáceis de publicitar por terem personas artísticas constantes. As primeiras revistas de cinema, como a “Photoplay”, fizeram o resto, começando a dar mais informação sobre os actores. Estes, figuras de luz numa sala escura, de quem ninguém sabia muito, brilhavam como estrelas no imaginário colectivo.

Dedica-se este super-ciclo a algumas das estrelas femininas de cinema, as divas que marcaram importantes fases de Hollywood. Sejam ou não as melhores actrizes, tenham ou não participado nos melhores filmes, pela atracção que exerceram sobre o público, pelo carisma das suas personagens, pelas modas e tendências que trouxeram ao cinema do seu tempo, ficaram para sempre nos lugares de destaque da história de Hollywood.

Ciclos:
I. Marilyn Monroe
II. Greta Garbo
III. Audrey Hepburn
IV. Ingrid Bergman

 

Marilyn Monroe

Marilyn MonroeNascida Norma Jeane Mortenson a 1 de Junho de 1926, Marilyn Monroe é talvez o rosto mais conhecido do cinema americano. Encarnando a figura da sex-symbol, numa altura em que o Código de Hays já definhava, Marilyn ficaria para sempre associada à figura da loura voluptuosa desejada por todos, e disposta a comportar-se como burra para encaixar naquilo que os homens do seu tempo pretendiam numa mulher.

Fruto de uma infância conturbada, Norma Jeane cresceu passando por várias famílias adoptivas, até iniciar uma carreira de modelo. Em 1946 Marilyn, já com um primeiro divórcio, assinou um contrato com a Twentieth Century-Fox, que pensava ver nela uma nova Jean Harlow. Embora constasse com figurante nalguns filmes, Marilyn nem sempre era creditada, e a Fox acabou por se desinteressar dela, deixando-a sem contrato, mas com um novo nome: Marilyn Monroe. Assinando com a Columbia, Marilyn teve finalmente um papel principal em “Ladies of the Chorus” (1948) de Phil Karlson, mas o filme foi um fracasso, lançando-a de novo no anonimato. Marilyn, sem emprego fez então uma famosa série de fotos nua, que apareceriam mais tarde em calendários a ensombrar-lhe a carreira. Graças a isso, em 1953, Marilyn estaria na capa da primeira edição da revista Playboy.

Em 1949 a sua participação ao lado dos Irmãos Marx em “Louco por Mulheres” (Love Happy) levou a Fox a assinar novo contrato de sete anos com Marilyn. Após mais uma série de papéis secundários, a actriz chamou a atenção da crítica em “Quando a Cidade Dorme” (The Asphalt Jungle, 1950) de John Huston e “Eva” (All About Eve, 1950) de Joseph L. Mankiewicz. Seguiram-se algumas comédias, onde a actriz surgia como a secretária decorativa, ou o interesse erótico de alguém, destacando-se o célebre “A Culpa Foi do Macaco” (Monkey Busyness, 1952) de Howard Hawks, com Cary Grant e Ginger Rogers.

Em 1951 a Fox decidiu apostar em Marilyn como protagonista da pequena produção “Os Meus Lábios Queimam” (Don’t Bother To Knock) de Roy Ward Baker, contracenando com Richard Widmark. O filme, um thriller psicológico em que Marilyn interpreta uma mulher desiquilibrada em vias de se tornar uma psicopata, surpreendeu, e incentivou a Fox a dar-lhe um maior destaque. O resultado foi o noir a cores “Niagara” (1953) de Henry Hathaway, onde Marilyn tinha liberdade para usar todo o seu sex appeal.

Estava criado o mito, e a partir daí Marilyn passava a cabeça de cartaz. Quer em comédias românticas, em musicais, ou em dramas, Marilyn trabalhou com Otto Preminger, Billy Wilder (duas vezes), Joshua Logan, Laurence Olivier, George Cukor e John Huston. Filmes como “Os Homens Preferem as Loiras” (Gentlemen Prefer Blondes, 1953) de Hawks e “O Pecado Mora ao Lado” (The Seven Year Itch, 1955) de Wilder tornaram-na um estrela internacional, e a sua figura tornou-se icónica, como a loura platinada mais famosa e desejada dos anos 50/60, verdadeiro símbolo sexual de uma geração.

Marilyn casou pela segunda vez em 1954, com o famoso jogador de baseball, Joe DiMaggio, mas o casamento não viria a durar um ano. A insegurança de Marilyn em palco, e os crescentes problemas psicológicos levaram-na a entrar em conflito com realizadores e colegas, e a lançarem-na em contínuas depressões. Tal levá-la-ia a entrar no Actor’s Studio, com acompanhamento de Lee Strasberg. As consequências da aprendizagem podem ser vistas a partir de “Paragem de Autocarro” (Bus Stop) de Joshua Logan, filme a partir do qual Marilyn teve sempre ao seu lado (para desespero dos seus realizadores) a sua amiga e professora de artes dramáticas, Paula Strasberg.

Ainda em 1955 Marilyn casaria pela terceira vez, desta feita com o dramaturgo Arthur Miller. O casamento seria marcado por dois abortos espontâneos e a consequente deterioração da saúde da actriz, então fortemente medicada. Esperava-a ainda o enorme sucesso de “Quanto Mais Quente Melhor” (Some Like It Hot, 1959) de Billy Wilder, um filme muito elogiado e premiado, onde contracenou com Tony Curtis e Jack Lemmon, e pelo qual recebeu um Globo de Ouro. Em 1961 Marilyn participava no seu último filme, o drama “Os Inadaptados” (The Misfits) realizado por John Huston, e escrito pelo marido. Nessa altura a tensão na sua vida era já enorme, resultando na separação pouco depois de terminadas as filmagens.

Marilyn Monroe viria a morrer em 6 de Agosto de 1962, por alegado abuso de medicamentos. O mistério em torno da sua morte nunca foi inteiramente desfeito, com suspeitas de ligações aos irmãos John e Robert Kennedy a tornarem as investigações ainda menos satisfatórias. Com apenas 36 anos, morria uma das mais amadas e inspiradoras figuras do cinema mundial, que para sempre deixou tanta saudade como polémica sobre a sua verdadeira personalidade.


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Greta Garbo

Greta GarboGreta Garbo foi a lenda do cinema sueco de todos os tempos. Tendo começado no cinema do seu país natal, cedo foi descoberta por Louis B. Mayer que aos 20 anos a contratou para a MGM, onde Garbo permaneceria até ao fim da sua carreira. Aí celebrizou-se pelas heroínas trágicas que representou na tela, no final do período mudo. Garbo era sinal de sensualidade, de desejo, mas também de força e independência feminina em personagens cujas escolhas, vontades e poder sobre os homens, eram o centro de cada história. Com a chegada do sonoro, Garbo seria das poucas estrelas de Hollywood a manter a fama anterior, aumentando-a mesmo, com a diversificação de papéis que a levaram à comédia sofisticada.

Universalmente conhecida como Greta Garbo, a actriz Greta Lovisa Gustafsson nasceu em Setembro de 1905, no sul de Estocolmo, numa zona pobre da cidade, filha de um pai que trabalhava precariamente, até morrer, em 1919, vítima da gripe espanhola. Apenas com a educação básica completada, a jovem Greta sonhava com o mundo do teatro, mas começaria pela publicidade, primeiro em campanhas fotográficas, e depois participando em pequenos filmes promocionais. Foi aí que chamou a atenção de Erik Arthur Petschler que a colocou na sua curta-metragem “Peter the Tramp” (Luffar-Petter, 1922), dando à actriz o seu primeiro papel num filme de ficção. Garbo começava a ver o seu sonho tornar-se realidade, e inscreveu-se no Kungliga Dramatiska Teaterns Elevskola (Escola Real de Teatro), onde estudaria durante dois anos. Seguir-se-iam os seus primeiros papéis como protagonista e logo pelas mãos de dois dos mais conceituados realizadores europeus de então. O primeiro seria “A Lenda de Gösta Berling” (Gösta Berling’s Saga, 1924) de Mauritz Stiller e o segundo, “Rua sem Sol” (Die freudlose Gasse, 1925) de G. W. Pabst.

Quando Louis B. Mayer viu o filme de Stiller ficou imediatamente convencido que estava perante uma futura estrela. O contrato foi assinado, e com apenas 20 anos Greta Garbo, acompanhada pelo seu mentor Mauritz Stiller, viajou para os Estados Unidos. Após os necessários screen tests, Irving Thalberg, chefe de produção da MGM, definiu o que queria dela, uma mulher jovem, mas vivida, exótica, capaz de usar o seu magnetismo para manipular os homens à sua volta, mesmo que isso fosse causador de tragédias. Estava definido o perfil de vamp que a acompanharia na fase muda da sua carreira.

Em 1926 Greta Garbo participaria em três filmes, sempre interpretando uma manipuladora de homens, envolvida em relações ilícitas, e provocando desgraça à sua volta. Foi assim com “A Torrente” (Torrent) de Monta Bell, “A Tentadora” (The Temptress) de Fred Niblo e “O Demónio e a Carne” (Flesh and the Devil) de Clarence Brown. Garbo começava a detestar o papel, e a inadaptação de Stiller à indústria americana levaram-no a ser constantemente substituído, e por fim enviado de volta a casa. Mas os filmes mostravam-se cada vez mais bem sucedidos, especialmente “O Demónio e a Carne”, no qual Garbo conheceria Clarence Brown, o seu realizador preferido, e principalmente John Gilbert, o actor com quem iniciaria imediatamente uma relação amorosa, que muito alimentou a sua fama extra-tela.

Em 1929 o cinema sonoro era já o padrão em Hollywood, mas MGM temia que a voz grave e sotaque sueco de Garbo lhe diminuíssem o encanto. Foram ainda feitos três filmes nos quais, embora gravando uma banda sonora composta de música, e outros efeitos sonoros (passos, tiros, toques de telefone, etc.), os actores ainda não falavam. Mas em 1930 a MGM arriscava anunciando “Garbo talks!”. O filme era “Anna Christie”, realizado por Clarence Brown, e foi um sucesso imediato, valendo-lhe a primeira nomeação da Academia ao Oscar de Melhor Actriz (uma de duas no mesmo ano, sendo a segunda para “Romance”).

Estava assegurada a continuação do sucesso, e Garbo passava a interpretar mulheres exóticas (cantora lírica italiana, modelo parisiense, espia alemã, bailarina russa, artista húngara de cabaret), fortes, independentes e de grande poder sobre os homens. Os filmes tinham sempre a supervisão de Irving Thalberg, que fez Garbo contracenar com os maiores galãs masculinos da MGM de então, como Ricardo Cortez, John Gilbert, Conrad Nagel, Clark Gable, Ramon Novarro, John Barrymore e Melvyn Douglas. Mesmo que nem todos os filmes mantivessem a mesma qualidade, o estatuto de estrela de Greta Garbo mantinha-se intocável, sendo já um modelo para as mulheres dos anos 30.

Em 1932 expirava o contrato de Garbo com a MGM, e as negociações para o renovar foram difíceis. A irredutível sueca queria maior controlo na escolha dos seus papéis, e exigiu o regresso de John Gilbert (então em declínio) para contracenar consigo. Garbo queria participar em grandes produções de temática histórica, e surgiram assim “Rainha Cristina” (Queen Christina, 1933), sobre a rainha da Suécia do século XVII, “O Véu da Ilusões” (The Painted Veil, 1934), baseado na obra de Somerset Maugham, “Ana Karenina” (Anna Karenina, 1935), segundo o romance épico de Leo Tolstoi, “Camille” (1936), baseado em “A Dama das Camélias” de Alexandre Dumas filho, e “Conquest” (1937) onde interpretaria Marie Walewska, amante de Napoleão Bonaparte. Nessa sucessão de filmes, Garbo trabalharia com Clarence Brown, Rouben Mamoulian e George Cukor, contracenando com Herbert Marshall, Fredric March, Robert Taylor e Charles Boyer.

Mas estes dramas históricos de alta produção, cuja despesa os tornava menos rentáveis que alguns filmes anteriores, pareciam trazer algum cansaço do seu público, o que levou a MGM a apostar numa mudança. Era a hora de Greta Garbo parar dois anos e regressar com uma comédia, o popular “Ninotchka” (1939) de Ernst Lubitsh, e com Melvyn Douglas. O filme foi um tremendo sucesso, valendo à actriz a sua terceira nomeação aos Oscars (não tendo nunca ganho um), e a MGM preparou como seu sucessor uma outra comédia romântica, em que voltava a confrontar Greta Garbo e Melvyn Douglas, “A Mulher de Duas Caras” (Two-Faced Woman, 1941) de George Cukor, que foi muito mal recebido pela crítica.

Greta Garbo em 1939O fracasso do seu filme de 1941 certamente refreou Garbo, mas ao contrário do que é crença popular, a actriz não tencionava terminar a sua carreira. Um novo contrato foi assinado em 1942, mas as dificuldades provindas da guerra na Europa (onde Garbo tinha grande parte da sua receita), não deixaram o projecto continuar. Novas tentativas de regresso foram feitas depois da guerra, mas por uma ou outra razão os projectos não passaram dos screen tests. Cada vez mais, a actriz tornava-se relutante em voltar, confessava nunca ter gostado dos seus papéis, e o seu cansaço de Hollywood acabou por a fazer desistir do cinema. Garbo preferiu viver o resto da sua vida longe dos olhares do público, não dando entrevistas, não comparecendo em cerimónias (nem quando recebeu o Oscar de carreira em 1954), nem sendo vista ou fotografada em público ou privadamente. A lenda reforçava-se, e ao constante redescobrir dos seus filmes, juntava-se o mito da solidão, da vida romântica secreta, e da eterna juventude, por nunca se ter deixado filmar depois dos 36 anos.

Greta Garbo morreria a 15 de Abril de 1990, em Nova Iorque, sem nunca ter casado. Foi cremada em Manhattan, e as suas cinzas foram em 1999 trasladadas para o cemitério Skogskyrkogården, a sul de Estocolmo, onde é ainda hoje local de peregrinação.

Greta Garbo

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Audrey Hepburn

Audrey HepburnAudrey Kathleen Ruston é o nome de baptismo da britânica, de ascendência holandesa e naturalidade belga, que ficaria conhecida no mundo do cinema e da moda como Audrey Hepburn. Filha de Victor John George Ruston, ele próprio de ascendência estrangeira (mãe austríaca), com uma vida que dava um filme, nascido na Boémia, chegando a ser cônsul nas Índias Orientais Holandesas, tendo casado Baronesa Ella van Heemstra, e mudado o seu apelido para Hepburn-Ruston, por reclamar descendência de James Hepburn, terceiro marido de Maria da Escócia (1542-1587). Com tal pedigree não seria de estranhar que Audrey, que falava cinco línguas, trouxesse consigo sempre um certo porte de elegância e elevação aristocráticas.

Audrey teve uma infância agitada, que passou por uma educação inglesa, seguida do divórcio dos pais, da mudança com a mãe para a Holanda (onde estudou representação e ballet), na esperança que esta se mantivesse neutral na Segunda Guerra Mundial, passando privações e vendo parte da família da sua mãe ser levada pelos Nazis.

Audrey HepburnFinda a guerra, foi o ballet a instigar a carreira artística de Audrey Hepburn, estudando em Amesterdão primeiro e Londres depois, onde participou nalgumas peças de palco como corista. Foi através da dança que Audrey teve pequenos cameos em filmes menores até, em 1951, a romancista Colette ter visto nela a heroína da produção da peça “Gigi”, que a levaria à Broadway em 1952.

Foi pela mão de William Wyler, que Hepburn se estrearia em Hollywood, com a comédia romântica “Férias em Roma” (Roman Holiday, 1952), contracenando com Gregory Peck. Embora ainda uma actriz principiante, com muito para aprender, Audrey surpreendia pelo modo como exalava elegância e subtileza, deixando que a câmara instintivamente se enamorasse dela. O sucesso foi imediato, com Oscar, BAFTA e Globo de Ouro, pela sua interpretação, tornando-se desde então cabeça de cartaz, e um nome procurado para abrilhantar filmes de sucesso.

Audrey Hepburn em "Boneca de Luxo" (Breakfast in Tiffany's, 1961) de Blake EdwardsAudrey Hepburn foi então recrutada pela Paramount Pictures, ao mesmo tempo que continuava a sua carreira de palco, e encetava uma parceria famosa com o designer Hubert de Givenchy, que seria responsável pelo seu guarda-roupa, no resto da sua carreira. Isto aliado ao modo como realizadores e cinematógrafos se apaixonavam pela sua figura esbelta, linhas de rosto, e graciosidade natural, faziam dela um ícone, que se tornava também uma figura em destaque no mundo da moda.

Começando com comédias românticas, Hepburn passou pelo filme histórico, por exemplo ao lado do seu marido Mel Ferrer (com quem casou em 1955), em “Guerra e Paz” (War and Peace, 1956) de King Vidor, até dramas como Audrey Hepburn“A História de Uma Freira” (The Nun’s Story, 1959) de Fred Zinnemann e “A Infame Mentira” (The Children’s Hour, 1961) de William Wyler. Mas seria no registo cómico que Hepburn se tornaria mais famosa, fosse em comédias subversivas como “Boneca de Luxo” (Breakfast at Tiffany’s, 1961) de Blake Edwards, ou no musical de sabor britânico “Minha Linda Lady” (My Fair Lady, 1964) de George Cukor.

A partir do final dos anos 60, Audrey Hepburn decidiu retirar-se do mundo do espectáculo para dedicar mais tempo à família. Regressaria esporadicamente ao ecrã, como em 1976, no filme “A Flecha e a Rosa” (Robin and Marian) de Richard Lester, e finalmente, na sua despedida “Sempre” (Always, 1989) de Steven Spielberg. Pelo meio ficava uma outra paixão, a sua carreira humanitária na UNICEF. Em Janeiro de 1993, Audrey Hepburn deixava-nos, vítima de cancro.

Audrey Hepburn em "Férias em Roma" (Roman Holiday, 1953), de William Wyler

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Ingrid Bergman

Ingrid BergmanIngrid Bergman nasceu em Estocolmo, em 1915, filha de pai sueco e mãe alemã, falando fluentemente as duas línguas, e tendo sido educada para ser cantora de ópera até à morte do pai, que ocorreu quando Ingrid tinha 13 anos. Educada por várias tias depois disso, Ingrid Bergman passou a estudar representação, tendo ganho uma bolsa para actuar no Teatro Dramático Real de Estocolmo, e ao fim de um ano estava já no cinema. Estreando-se na tela aos 19 anos, Ingrid participou em cerca de uma dúzia de filmes na Suécia ─ trabalhando principalmente com Gustaf Molander ─ e um na Alemanha, “Die vier Gesellen” (1938), de Carl Froelich.

Foi o produtor David O. Selznick que, em 1939, contratou Ingrid Bergman para trabalhar nos Estados Unidos, no mesmo ano em que faria o mesmo com Alfred Hitchcock, realizador importante na filmografia da actriz. Deixando na Suécia marido e filha, Ingrid protagonizou “Intermezzo” (Intermezzo: A Love Story, 1939), de Gregory Ratoff, remake de um filme que fizera com Molander em 1936, convicta de que regressaria a casa de seguida. Auto-retrato de Ingrid Bergman aos 16 anosDepois de mais um filme na Suécia, e do rebentar da Segunda Guerra Mundial na Europa, Bergman voltou aos Estados Unidos, onde filmou mais três filmes de sucesso moderado, mas com os quais cimentou duas reputações, a de actriz versátil e dedicada, e a de pessoa humilde de uma graciosidade natural, com quem todos gostavam de trabalhar.

O estrelato veio logo a seguir no filme “Casablanca” (1942), de Michael Curtiz, em que contracenou com Humphrey Bogart, e permanece um dos filmes mais importantes da história do cinema. O sucesso levou-a à nomeação aos Oscars no filme seguinte, “Por Quem os Sinos Dobram” (For Whom the Bell Tolls, 1943), de Sam Wood, e para o qual foi escolhida pelo próprio Ernest Hemingway. Seguiu-se o thriller “À Média Luz” (Gaslight, 1944), de George Cukor, que lhe valeu o Oscar de Melhor Actriz, e terá cativado Hitchcock, que trabalhou com a actriz em três dos seus filmes. Ingrid Bergman em "Casablanca" (1942), de Michael CurtizOutras nomeações aos Oscars surgiriam com “Os Sinos de Santa Maria” (The Bells of Saint Mary, 1945), de Leo McCarey, e “Joana d’Arc” (Joan of Arc, 1948), de Victor Fleming.

Em 1950, Ingrid Bergman viajaria para Itália, fascinada pelo cinema de Roberto Rossellini. O resultado dessa ligação seriam cinco longas-metragens e um segmento no filme “Nós, Mulheres” (Siamo donne, 1953), de vários autores, para além de uma relação amorosa que gerou escândalo além-mar, já que ambos eram casados com outras pessoas. Ingrid acabaria por se divorciar e casar com Roberto Rossellini, de quem teria um filho e duas filhas gémeas, uma das quais a actriz Isabella Rossellini. A relação terminaria em 1957, com Ingrid, antes disso, a viajar para França para filmar “Helena e os Homens” (Elena et les Hommes, 1956), de Jean Renoir.

Ingrid Bergman nos anos 1950 com Roberto Rossellini e os três filhos do casal

O regresso de Ingrid Bergman a Hollywood deu-se com mais um sucesso, no drama histórico “Anastásia” (Anastasia, 1956), de Anatole Litvak, e que lhe valeu o seu segundo Oscar de Melhor Actriz. A partir de então, a actriz sueca começou a diminuir o ritmo de trabalho, alternando entre o cinema e a televisão. Os anos de grande sucesso estavam para trás, mas alguns filmes iam-se destacando ainda, como “A Flor do Cacto” (Cactus Flower, 1969), de Gene Saks, “Crime no Expresso do Oriente” (Murder on the Orient Express, 1974), de Sidney Lumet ─ que lhe valeu o Oscar de Melhor Actriz Secundária ─, e, no seu regresso à Suécia, “Sonata de Outono” (Höstsonaten, 1978), de Ingmar Bergman. O seu último papel seria no celebrado telefilme (ou mini-série) de televisão “A Woman Called Golda” (1982), na qual interpretou a antiga primeira-ministra israelita Golda Meir.

Ingrid Bergman morreria ainda em 1982, vítima de cancro da mama. Como herança, deixou o mito de ser a mais natural das actrizes, tendo resistido a transformações que lhe alterassem o rosto ou a personalidade, pois queria apenas que a vissem como ela realmente era.

Ingrid Bergman

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1 thoughts on “Divas de Hollywood”

  1. PAULO ROGÉRIO DOS SANTOS BRANCORUIVO said:

    very goody

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