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Com o final dos anos 20 do século passado, muito mais que a mudança de um década, mudou-se de paradigma na história do cinema. O sonoro tornou-se reinante, trazendo outra importância aos diálogos e à música. Para trás ficavam as histórias contadas apenas por imagens, com aquela linguagem própria, feita de olhares, gestos, simbolismos e insinuações da montagem, e que agora deixavam de ser necessárias, no que, para alguns, levou a um desaprender da arte de fazer cinema, que agora via os diálogos como uma muleta.
Para trás ficavam também algumas estrelas, como Clara Bow, John Gilbert, Rudolph Valentino, Emil Jennings, Lars Hanson, Janet Gaynor, Lilian Gish, Gloria Swanson, Antonio Moreno e outros, fosse por serem estrangeiros e falarem mal inglês, por a sua voz não se adequar à imagem que o público tinha de si, por não se sentirem à vontade a declamar, ou por outras razões, nunca mais atingiram os mesmos patamares de notoriedade. Sobrevivente dessa era dourada, quase só Greta Garbo, que aqui mereceu um ciclo à parte.
Na comédia (que aqui também teve um ciclo independente) findava o burlesco clássico, do qual apenas Chaplin continuaria no mudo, e a dupla Laurel & Hardy (Bucha e Estica) no sonoro. Privilegiava-se agora a comédia de réplicas rápidas (Irmãos Marx, e W. C. Fields), a movimentada sofisticação da screwball comedy, e claro as comédias musicais, geralmente de teor romântico. Quanto à fantasia, aventura e terror, mercerão um ciclo próprio no futuro.
Termina aqui um ciclo de 24 filmes, que tentam representar o que de melhor se fez no drama hollywoodesco da década de 1920. Afinal a década em que o cinema mostrou ao mundo que era mais que uma atracção momentânea, que era grandioso, uma nova indústria, e acima de tudo, uma arte.
Nota: Este ciclo pode ser completado com a (re)leitura dos seguintes ciclos que já aqui mereceram destaque:
– Longas-metragens da comédia muda
– Greta Garbo (Divas da comédia II)
– Expressionismo alemão
– Cinema mudo escandinavo