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O filme “O Cantor de Jazz” (The Jazz Singer, 1927) da Warner Bros. inaugurou uma nova era, a do cinema sonoro. Embora alguns autores vissem na inovação um erro, pretendendo que o objectivo do cinema era encontrar novas formas de contar histórias por imagens, sem cair na “preguiça” de deixar isso a cargo dos diálogos, as grandes produtoras não tiveram dúvidas. O cinema mudo foi relegado para produções menores, algumas curtas-metragens, e em breve tinha desaparecido.
Também a comédia sentiu a alteração. Desaparecia o chamado slapstick, o humor caótico feito de quedas aparatosas, perseguições loucas, e lutas contra objectos pouco colaborantes em ambientes quase surreais. Preferia-se um humor verbal, e a maioria dos grandes cómicos mudos desapareceu ou passou a trabalhar em filmes menores. Alguns adaptavam-se bem ao sonoro, como a dupla Bucha e Estica (Laurel & Hardy), W. C. Fields, e o próprio Chaplin, embora este só tentando o sonoro em 1940. Em simultâneo surgiam estrelas como Abbot & Costello, e os Irmãos Marx, estes incluindo muitas rotinas de burlesco entre o seu humor verbal.
Terminou assim uma era, que ainda hoje é vista com nostalgia por uns, com estranheza por outros, como se se tratasse de um outro mundo. Foi uma era de liberdade criativa, de rédea solta na imaginação, de muita inocência e experimentação, e de lançamento de bases para tanto do que marcaria o cinema que se lhe seguiu. De facto são poucos os grandes cineastas actuais ou passados que não se revejam um pouco em Chaplin ou Keaton, ou não olhem com admiração para aquelas primeiras décadas de Hollywood.
Com muitos mais filmes por decobrir, e alguns que se crê estarem para sempre perdidos, foram aqui apresentados 20 filmes, alguns inegáveis clássicos, outros há muito esquecidos. Que este ciclo tenha sido um motivo para se olhar para trás, e descobrir mais um pouco do humor que deu as primeiras asas ao cinema.