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Category Archives: Hoje escrevo eu

Ciclo “O macabro de Dario Argento”

25 Segunda-feira Maio 2020

Posted by jc in Hoje escrevo eu, Macabro de Dario Argento

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Cinema, Cinema italiano, Dario Argento, Terror

Dario Argento

Há alguns meses, no podcast Universos Paralelos, tivemos como tema Dario Argento. Decidi então aproveitar trabalho e, após os filmes vistos para o preparar, foi só ver mais alguns e fiquei com um ciclo preparado para A Janela, sobre um realizador muito peculiar.

Para lançar o ciclo ficam as palavras da Clara Fonseca Borges.

Texto de Clara Fonseca Borges
Produtora cultural

Transcendente, Profundo e Surpreendente. São três adjetivos fortes que podiam chegar para caracterizar o trabalho de Dario Argento, mas a complexidade e perfeccionismo do realizador não se reduzem apenas a três palavras.

“Algo de estranhamente perceptível vai acontecer” é um pensamento que nos assola a mente a certa altura, em cada filme de Argento. Eventos sórdidos, sangue, giallo (que não significa só cor amarela). Desinquietar sem grandes “filmes”. Direto e gráfico. Vermelho profundo, sonoramente cativante.

Nascido nos anos 40 do passado século, em Roma, cidade palco da Lenda de Rómulo e Remo e dona de uma documentação histórica riquíssima, onde Dario, ainda hoje, explora uma loja de memorabilia de terror de nome Profondo Rosso.

As influências diversas, o impressionante usar de um dote para o suspense e terror que nos leva também à exploração de lendas ou rituais,muitas vezes presentes.

Em 1970, sai o primeiríssimo: “The Bird with the Crystal Plumage” e a partir daqui um por ano foi aparecendo. “Suspiria” (1977) é diferente, e vem para ser um sucesso a longo prazo, assim como o já muitíssimo referido “Profondo Rosso”.

A banda sonora, peça chave dos filmes de Argento, esteve na maior parte dos casos atribuída aos Goblin, banda de rock progressivo italiana de referência, liderada por Claudio Simonetti, que mais tarde musicou filmes em nome próprio.

Surgem as trilogias, aclamadas pela crítica, a “Animal Trilogy” [1971-1973] e “Three Mothers” iniciada nos anos 70, mas só terminada em meados dos recheados anos 90.

Dario Argento é sobretudo um nome a reter. O cinema, o giallo de qualidade num ecrã. A não perder, porque quando um realizador nos enche as medidas, nada melhor do que voltar sempre à sua obra.

PS: Escrito ao som da banda sonora do Profondo Rosso-Goblin, que desde já aconselho como filme e discos introdutórios deste imaginário.

 

Textos adicionais
A lista de filmes

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Ciclo “Andrei Tarkovsky”

09 Quarta-feira Out 2019

Posted by jc in Andrei Tarkovsky, Hoje escrevo eu

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Andrei Tarkovksy, Cinema, Cinema soviético

Andrei Tarkovsky

Este ano, a homenagem chegou tarde, mas sempre a tempo. O realizador de 2019 n’A Janela Encantada é Andrei Tarkovsky. Possuidor de uma marcante, muito influente, mas curtíssima carreira de apenas sete longas-metragens, Tarkovsky é senhor de um cinema desafiante, provocador e poético como poucos.

Os filmes chegarão nas próximas sete quartas-feiras. Fiquem para já com o excelente texto introdutório de Ricardo Gonçalves.

Texto de Ricardo Gonçalves
Montador, argumentista e realizador

É o cinema uma arte unicamente narrativa? Esta pergunta é algo que tem recorrentemente gerado as mais acesas discussões desde o momento em que o comboio filmado pelos irmãos Lumière assustou os espectadores para fora da sala pela primeira vez, no longínquo ano de 1895, até aos dias de hoje. Não existe uma resposta definitiva e consensual – porém, se é amplamente reconhecida a capacidade extraordinária e infindável da sétima arte para contar histórias, não é menos verdade que, ao longo dos anos, houve várias personalidades (argumentistas, realizadores, montadores, etc.) que demonstraram em inúmeras ocasiões o inegável potencial poético do cinema. Assim sendo, não parecerá exagerado afirmar que um dos maiores poetas cinematográficos do primeiro século de existência da sétima arte foi o realizador russo Andrei Tarkovsky.

Quando se fala de cinema russo, e muito particularmente quando se propõe abordar os cineastas que se seguiram às primeiras gerações protagonizadas por nomes como Sergei Eisenstein ou Vsevolod Pudovkin, é praticamente impossível passar ao lado do nome de Tarkovsky, de tal forma o seu contributo foi decisivo para a afirmação internacional de algum cinema produzido na União Soviética no pós-guerra – e isto apesar de só ter assinado sete longas-metragens em trinta anos de actividade marcados por uma constante tensão com os decisores (e censores) estatais da sua terra natal.

Filho do poeta Arseny Tarkovsky e da actriz/editora Maria Ivanovna, Andrei teve um percurso curioso até chegar à sétima arte: após uma infância turbulenta muito marcada pelo caos da 2ª Guerra Mundial, estudou árabe no Instituto Oriental de Moscovo mas, a meio do curso, desistiu deste e tornou-se prospector de minérios para a Academia das Ciências da União Soviética. Contudo, durante uma expedição ao rio Kureikye para a referida academia, Tarkovsky decidiu que iria novamente mudar de vida e dedicar-se ao cinema. Assim, candidatou-se e foi admitido na VGIK, a escola de cinema do estado russo, onde foi aluno de cineastas como Mikhail Romm ou Grigory Chukhray, influências decisivas na formação da sua prática artística. Na sua passagem pela escola, e beneficiando da relativa abertura de mentalidade permitida pelo regime de Nikita Khrushchev, Tarkovsky conheceu as obras fundamentais do neo-realismo italiano, as ousadias formais e narrativas da Nouvelle Vague francesa e a filmografia de autores tão distintos como Akira Kurosawa, Luis Buñuel, Robert Bresson, Andrzej Wajda ou Ingmar Bergman.

A sua primeira curta-metragem de ficção, realizada enquanto aluno da VGIK, data de 1956 e trata-se de uma adaptação do conto “The Killers” de Ernest Hemingway, que Robert Siodmak já transpusera para o grande ecrã em 1946 com a longa-metragem “Assassinos”. Seguem-se as médias-metragens “Hoje Não Haverá Saída Livre” em 1959 e “O Rolo Compressor e o Violino” de 1961, sendo este último o filme de formação do curso de cinema.

Estreia-se no campo da longa-metragem em 1962, quando os estúdios da Mosfilm decidem colocá-lo no cargo de realizador de “A Infância de Ivan” em substituição de Eduard Abalov. Adaptado do conto “Ivan” de Vladimir Bogolomov, o filme conta-nos a história de um menino que, no decorrer da 2ª Guerra Mundial, vê a sua família ser assassinada pelos Nazis e decide vingar-se tornando-se uma criança-soldado da resistência russa, sendo utilizado pelas forças soviéticas como uma arma de infiltração em zonas de difícil circulação para um adulto. O tema pode ser bélico, mas não são as batalhas que verdadeiramente interessam ao realizador: Tarkovsky prefere captar momentos do dia-a-dia na base militar, as relações entre o grupo de adultos e o injustamente precoce Ivan, as paixões possíveis num ambiente de tensão quase permanente, o instante fugaz de um beijo.

Olhar melancólico e desencantado sobre a guerra e as suas nefastas consequências, filmado num deslumbrante preto-e-branco pelo director de fotografia Vadim Yusov, “A Infância de Ivan” trata-se, provavelmente, do filme mais acessível de Tarkovsky, com uma linguagem cinematográfica mais clássica e um argumento de estrutura (relativamente) linear, embora já nele se encontrem alguns dos elementos temáticos e formais que viriam a ser característicos do estilo do seu autor: a imponente presença da natureza, os travellings longos que sublinham o peso da passagem do tempo, a representação dos sonhos e da memória (algo que Ingmar Bergman elogiou bastante ao falar deste filme), a infância perdida e o absurdo da condição humana. No Festival de Veneza de 1962, o filme arrecada o Leão de Ouro e, assim, confirma o nome do seu realizador como alguém do qual se deve esperar grandes coisas.

Em 1965, assina o seu próximo projecto, “Andrei Rublev”, uma longa-metragem de ficção histórica dividida em oito episódios baseados na vida do pintor homónimo, protagonizada por Anatoly Solonitsyn, actor que viria a ser uma presença recorrentemente nos próximos filmes do realizador. Com um argumento escrito em colaboração com o seu antigo colega do curso de cinema (e também realizador) Andrei Konchalovsky, “Andrei Rublev” é o primeiro filme de Tarkovsky a abordar o tema da religião e da criação artística, constituindo um ponto de viragem na carreira do autor: por um lado, o seu estilo torna-se vincada e assumidamente contemplativo, mais focado na vivência e observação do momento filmado do que na progressão sem obstruções da narrativa, com uma montagem menos découpada e planos de duração muito maior que resultam num ritmo mais lento, explorando assim as capacidades da sétima arte para fazer-nos sentir o efeito da passagem do tempo; por outro lado, o realizador tem aqui a sua primeira grande colisão com os censores estatais que, acreditando ver no filme uma meditação sobre os desafios da criação artística em tempos de enorme opressão política que poderia lembrar demasiado o próprio condicionamento dos artistas sob o jugo do regime soviético, exigem diversos cortes à montagem final. Os vários regressos à mesa de montagem resultaram na existência de diversas versões com durações distintas que estrearam nos diversos mercados mundiais, tendo o realizador assumido uma preferência pela versão de 186 minutos. No Festival de Cannes de 1967, o filme conquistou o prémio FIPRESCI, mas, apesar de algumas ante-estreias em 1966 e 1969, as autoridades do seu país de origem só lhe autorizaram a exibição em terreno soviético em 1971.

Entretanto, Tarkovsky assume as rédeas da realização daquela que viria a ser a primeira de duas incursões no género da ficção científica, bem como o seu primeiro filme a cores: a adaptação do romance “Solaris” do autor polaco Stanislav Lem. Entendido por muitos como uma espécie de resposta soviética ao épico “2001 – Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick (filme que Tarkovsky não apreciava de todo), “Solaris” é uma viagem no espaço que, na realidade, é uma viagem ao interior da alma do seu protagonista, Kris Kelvin, um psicólogo viúvo encarregue de averiguar por que razão a equipa da estação espacial que orbita o misterioso planeta Solaris terá enlouquecido – missão essa que ganha estranhos contornos quando Hari, a falecida mulher de Kelvin, reaparece incólume nos sinistros corredores da estação… Temas como a culpa, a solidão, o repressão do desejo ou a mortalidade são o cerne de “Solaris”. O ritmo é lento, por vezes mesmo de forma provocatória (veja-se a sequência da auto-estrada em Tóquio), mas o extraordinário tratamento visual e sonoro aliado a um trabalho de actores fabuloso tornam-no uma experiência inesquecível. Em 1972, o Festival de Cinema de Cannes voltou a galardoar Tarkovsky com o prémio FIPRESCI e, mais significativamente, com o Grande Prémio do Júri.

A esta aventura metafísica no espaço segue-se, em 1975, uma obra magnífica e inclassificável: “O Espelho”. Desprovido de qualquer tipo de narrativa convencional, é talvez um dos maiores exemplos do que pode ser a poesia cinematográfica no seu estado mais puro: um conjunto livre de sequências onde a memória da infância, o sonho, a literatura, a pintura, a música, os afectos e as emoções se misturam de uma forma indescritível que cativa qualquer espectador que esteja disponível para perder-se nos seus mistérios. Contudo, a originalidade formal do filme acabaria por ser tanto a sua força como a causa da sua desgraça: perante uma obra difícil de interpretar que não facilita a vida do espectador, o público russo reagiu desfavoravelmente, a crítica dividiu-se entre o apoio entusiasta e a mais violenta rejeição e as instituições oficiais começaram a pôr em causa a utilização de fundos públicos para a criação de um tipo de cinema opaco e (potencialmente) desprovido de qualquer ideia ou conteúdo.

O próximo projecto é de 1979 e seria uma nova e igualmente marcante visita ao género da ficção científica: “Stalker”, adaptação livre do romance “Piquenique à Beira da Estrada” dos irmãos Arkady e Boris Strugatsky (que também assinam o argumento). Num futuro próximo, numa cidade não especificada, existe A Zona, uma área larga onde as leis da realidade não são seguidas, encontrando-se vedada dos cidadãos pelas autoridades governamentais. Ninguém sabe se A Zona é uma criação humana, sobrenatural ou extraterrestre – porém, correm rumores de que no seu interior existe um edifício abandonado com uma sala que concede o desejo mais íntimo a quem nela entrar. Neste contexto, um “stalker” é uma espécie de passador que ganha a sua vida organizando excursões ilegais à Zona. E quando um escritor e um cientista anónimos contratam um stalker reputado para os guiar até à mítica sala dos desejos, os três homens irão começar uma viagem muito mais pessoal do que poderiam imaginar.

Escolhendo utilizar apenas alguns elementos da história do romance original, Tarkovsky constrói um argumento perfeitamente estruturado, mostrando que é possível fazer uma forma de narrativa cinematográfica equivalente à prosa poética, e realiza uma grande meditação sobre a crença, a ciência, a transcendência e o desespero naquele que é um mergulho profundo no coração das trevas do homem. Há muito que admirar neste filme, desde a maravilhosa fotografia de Alexander Knyazhinsky (capaz de tornar belos os mais decrépitos dos locais) à música hipnótica de Eduard Artmyev, isto para não falar na banda-sonora meticulosamente elaborada que é peça fundamental na criação de um ambiente inóspito e misterioso. Cannes voltou a aplaudir o resultado final e brindou-o com o Prémio do Júri Ecuménico na edição do festival de 1982.

Algum tempo depois, Tarkovsky irá abandonar a Rússia, tornando a sua relação com as autoridades soviéticas ainda mais tensa e problemática. Parte para Itália onde, na companhia do lendário argumentista Tonino Guerra (colaborador frequente de realizadores como Michelangelo Antonioni ou Federico Fellini), fará uma viagem pelo país de Leonardo em busca de inspiração e de locais que possam ser o palco do seu próximo projecto: um filme que aborda a experiência de um escritor russo expatriado e corroído pela nostalgia da sua terra natal. Esta viagem resultará em dois títulos distintos que irão estrear em 1983: o documentário “Tempo de Viagem”, que acompanha as deambulações de Tarkovsky e Guerra por Itália enquanto escrevem o guião do seu próximo filme; e a longa-metragem de ficção que dará pelo nome de “Nostalghia”. Do esboço inicial atrás referido, os dois argumentistas irão conceber a história de Oleg, um poeta russo que, acompanhado pela sua intérprete italiana, visita uma remota estância termal em busca de informações relativas a um compositor russo que por lá terá passado durante uma temporada importante da sua vida, já que Oleg encontra-se a tentar escrever a sua biografia. A nostalgia da sua pátria (será desadequado dizer antes “saudade”?), no entanto, fará com que esta investigação meramente profissional dê lugar a uma auto-análise introspectiva. Feito sem o apoio financeiro dos estúdios da Mosfilm (que terão saído do projecto já com este em andamento), “Nostalghia” é o mais asceta e austero dos filmes de Tarkovsky, e é muito difícil não ver no drama da personagem principal uma espécie de confissão autobiográfica.

Em 1986 sairá o seu último filme, “O Sacrifício”. Rodado na Suécia com uma equipa técnica/artística formada por vários colaboradores habituais de Ingmar Bergman (um dos cineastas que Tarkovsky mais admirava), conta-nos a história de Alexander, um velho intelectual ateu que, no dia do seu aniversário, quando a sua família se encontra reunida para celebrar a ocasião, é confrontado com a iminência de um insólito conflito nuclear que aparenta ter uma origem sobrenatural. Para salvar as pessoas que ama, Alexander apercebe-se que será necessário um sacrifício muito peculiar para apaziguar a ira de Deus – algo que colocará as suas convicções mais profundas em questão. Estamos, novamente, no terreno do sacro e do profano, numa parábola que mistura mitologia cristã com o imaginário pagão. Contendo alguns dos travellings mais complexos da sua filmografia (executados com uma precisão de relojoeiro) e uma utilização extremamente criativa da cor, “O Sacrifício” é um drama familiar onde Tarkovsky conjuga o fantástico e o mundano magistralmente.

É uma despedida triste mas esperançosa da vida e do cinema: Tarkovsky faleceria pouco depois de ter terminado a sua derradeira obra, fulminado por um cancro do pulmão que provavelmente terá sido provocado pela sua exposição a ambientes radioactivos durante a rodagem de “Stalker”. Vários projectos ficaram por concretizar, entre os quais um filme sobre o escritor Fyodor Dostoevsky, um dos seus autores predilectos. Algumas das suas reflexões teóricas sobre a arte do cinema foram fixadas em livro no magistral “Esculpir o Tempo” (título da edição em português do Brasil da Martins Fonte) e nos seus diários publicados postumamente, sendo a sua influência visível no trabalho de cineastas tão diferentes como Aleksandr Sokurov, Andrei Zvyagintsev, Lars von Trier ou Mamoru Oshii. Mais do que tudo, Tarkovsky deixou-nos uma obra fascinante e enigmática, difícil mas não inacessível, certamente desafiante, mas muito recompensadora para quem se empenhe a (re)visitá-la sem sentir que a deve decifrar como se de um enigma se tratasse. Afinal, é o próprio realizador que afirma no documentário que Donatella Baglivo lhe dedicou aquando da rodagem de “Nostalghia”:

“Mesmo agora, não tenho a certeza se sei o que é o cinema. Para mim, permanece um grande mistério.”

Listas – Infância e juventude

26 Domingo Ago 2018

Posted by jc in As minhas listas, Hoje escrevo eu

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Cinema, Coming of age

Tentando relançar a rubrica “As minhas listas”, A Janela Encantada é hoje agraciada com o extenso trabalho de Jorge Vargas, sobre o tema da adolescência. Fica o texto, a lista e um grande obrigado ao autor.

 

Os (quase) 500 melhores filmes sobre a infância e juventude – e algumas séries de TV

Judd Nelson, Emilio Estevez, Ally Sheedy, Molly Ringwald e Anthony Michael Hall em "O Clube (The Breakfast Club, 1985), de John Hughes

Este é (era…) um pequeno exercício de memória: fazer uma lista dos 250 melhores filmes sobre os meandros da infância e da juventude. Liguei o PC e comecei a escrever – a lista ficou muito além dos 500 filmes, mas não importa. Como é óbvio, está longe de ser uma lista exaustiva; apenas reflecte a minha ignorância e os meus gostos em matéria de cinema – e, claro!, a minha memória. De quantos não me terei esquecido?!… E quantos não estarão aqui apenas por um momento, um gesto, um olhar, uma palavra, um som, uma cor, um movimento de câmara, uma emoção que em mim encontrou casa e pucarinho? E em quantos nunca terei posto a vista em cima e que esperam por mim, ansiosos? E, felizmente, entre a data original desta lista e hoje, pude ir acrescentando (como acima referi) mais alguns filmes à lista e, ainda, algumas emblemáticas séries. De modo que os 250 já quase duplicaram… Claro que, em meio milhar de filmes, haverá sempre controvérsia e, mais do que isso, uma percentagem não dispicienda que fica longe de serem obras-primas do Cinema – mas, garanto-vos, a maioria são-no. Com toda a certeza e todo o meu amor aos filmes

Aquando da publicação deste pequeno divertimento na minha página do Facebook, houve alguns amigos que deram a sua contribuição (Raquel Vargas, João Pedro, José Alberto Charrua, Paulo Cabral, Ricardo Batista e João Vieira, principalmente) – e dos quais acolhi algumas sugestões. Outros, como o João Pargana, manifestaram a sua estranheza pela inclusão de filmes que, à partida, serão sobre outros temas que não propriamente a infância e a juventude.

O João referiu “Shining” e “Halloween: O regresso do mal” e eu, agora, acrescento “Tubarão” a esta “contestação”. E começo, brevemente, por este exemplo, que me parece ser o que mais discordância trará. Penso eu, desde bebés que sentimos o apelo do mar, o sussurrar das ondas, a areia entre os dedos dos pés, a brisa que nos acaricia a pele. Mais tarde, fazemos enormes buracos na areia e fingimos que são piscinas ou enfiamos neles os amigos até ficarem apenas com a cabeça de fora, erigimos castelos e montamos um pequeno teatro de reis e princesas, escavamos improvisadas pistas para os automóveis miniatura que insistimos em trazer de casa. Jogamos à bola, atiramos o disco, chapinhamos à beira-mar ou enfrentamos a aventura de um mergulho. A praia é, por excelência, o reino da infância. Quando essa metáfora do Mal que é aquele tubarão-branco começa a rondar a costa e a abocanhar crianças e adultos, é toda a nossa infância, todo o nosso crescer, toda a nossa autoconfiança que fica em xeque. É um regresso a um tempo anterior à civilização como a conhecemos, onde a infância era ainda um conceito por inventar e a nossa maior preocupação era comer ou ser comido.

Quanto a “Shining”, é inequívoco que o pequeno Danny é uma peça de relojoaria, é ele quem põe o filme em marcha nessa simples mas aterradora segunda sequência em que, prestes a deixar a segurança do seu lar rumo ao desconhecido, ele já pressente o mal que habita o hotel Overlock: Danny fala com um amigo imaginário e, com o seu próprio indicador e em voz alterada, recebe o alerta para um perigo que nenhuma criança poderia sequer conceber. Portanto, é legítimo perguntar: até que ponto grande parte do filme não acontece na cabeça do puto e até que ponto isso não é o somatório de todos os medos infantis? (A câmara subjectiva, embora usada subtilmente, está lá…). Mais: embora seja uma metáfora do mal que a todos nos pode calhar em sorte (o nosso cérebro reptiliano, na base da nuca, é tramado!), “Shinning é, também e inequivocamente, um filme sobre a infância, os seus medos, as suas ansiedades, a maneira como as crianças lidam e ultrapassam esses medos e essas dores do crescer – e sobre o primordial uso da imaginação como construção da identidade e da personalidade infantil, na sua relação com a adversidade do mundo!

E o mesmo se passa com “Halloween”, que nada mais é do que uma excelente e fascinante variação sobre o eterno tema do papão escondido no armário!

Uma última palavra para vos dizer que, sendo o Cinema uma paixão que me habita desde sempre e sendo estas as minhas escolhas pessoais, adorava saber as vossas opiniões, gostos e desilusões. Comentem à vontade, é o que vos peço. E, quando for caso disso, discordem de mim! Afinal, alguns gostos são pessoais e intransmissíveis, certo?

Nas listas abaixo, os filmes sem indicação de origem são americanos. Não deixa de ser curioso que, depois dos “habitués” (Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália) ver que a China, o Irão e o Japão dão cartas no que se refere a esta temática da infância e juventude!

Texto e lista de Jorge Vargas

1 – Séries de TV
• 1964-1967 – Flipper (criada por Jack Cowden e Ricou Browning)
• 1968-1969 – Marine Boy (criada por Peter Fernandez)
• 1968-1977 – Skippy (criada por Lee Robinson e Dennis Hill)
• 1970 – Os pequenos vagabundos/Les galapiats, de Pierre Gaspard-Huit (mini-série ; Bélgica/França)
• 1970-1974 – A família Partridge/The Partridge Family (criada por Bernard Slade)
• 1971-1981 – Os Waltons/The Waltons (criada por Earl Hamner Jr.)
• 1973-1979 – Gente do amanhã/The Tomorrow People (criada por Roger Damon Price; GB)
• 1974 – Heidi/Arupusu no shôjo Haiji (série de Isao Takahata – animação; Japão/RFA)
• 1974-1975 – Vickie, o viking/Chîsana baikingu Bikke (criada por John Boyle e Jean Daykin – animação; Áustria/Japão/RFA)
• 1974-1983 – Uma casa na pradaria/Little house in the prairie ( criada por Blanche Hanalis)
• 1974-1984 – Dias felizes/Happy days (criada por Garry Marshall)
• 1976 – As ilhas perdidas/The lost islands (criada por Michael Laurence; Austrália)
• 1976 – Marco: Dos Apeninos aos Andes/Haha wo tazunete sanzenri (de Isao Takahata – animação; Japão)
• 1978 – Conan, o rapaz do futuro/Mirai shônen Konan (criada por Hayao Miyazaki, Keiji Hayakawa e Isao Takahata – animação; Japão)
• 1978-1979 – Os cinco/The famous five (criada por Enyd Blyton; GB)
• 1981-1982 – Verão azul/Verano azul (criada por Antonio Mercero; Espanha)
• 1982-1987 – Fama/Fame (criada por Christopher Gore)
• 1982-1989 – Quem sai aos seus/Family ties (criada por de Gary David Goldberg)
• 1983-1985 – The Charlie Brown and Snoopy Show (criada por Charles M. Schulz; animação)
• 1988-1989 – This Is America, Charlie Brown (criada por Charles M. Schulz; animação)
• 1988-1993 – Anos felizes/The wonder years (por Carol Black e Neal Marlens)
• 1989-1993 – O menino doutor/Dowgie Houser, M.D. (criada por Steven Bochco e David E. Kelley)
• 1989-x – Os Simpsons/The Simpsons (criada por James L. Brooks, Matt Groening e Sam Simon – animação)
• 1991 – Eerie, Indiana (criada por Jose Rivera e Karl Schaefer)
• 1994-2004 – Friends (criada por David Crane e Marta Kauffman)
• 1996-2001 – 3º calhau a contar do Sol/Third rock from the sun (criada por Bonnie Turner e Terry Turner)
• 1998-x – Family Guy (criada por Seth MacFarlane e David Zuckerman – animação)
• 2000-2006 – A vida é injusta/Malcolm in the middle (criada por Linwood Boomer, Michael Glouberman, Andy Bobrow)
• 2007-2018 – A teoria do Big Bang/The Big Bang Theory (criada por Chuck Lorre e Bill Prady)
• 2009-x – Uma família muito moderna/Modern family (criada por Steven Levitan e Christopher Lloyd)
• 2011-x – No limite/Shameless (criada por John Wells e Paul Abbott)
• 2013-x – Vikings (criada por Michael Hirst)
• 2014 – O pequeno Quinquin/P’tit Quinquin (mini-série de Bruno Dumont)
• 2014-2019 – Gomorra/Gomorra: La serie (criada por Leonardo Fasoli, Stefano Bises, Roberto Saviano, Ludovica Rampoldi e Giovanni Bianconi)
• 2016-x – Stranger things (criada por Matt Duffer e Ross Duffer)

2 – Filmes de animação
• 1937 – Branca de Neve e os sete anões/Snow White and the Seven Dwarfs, de David Hand
• 1950 – A gata borralheira/Cinderella, de Clyde Geronimi
• 1959 – A bela adormecida/Sleeping Beauty, de Clyde Geronimi
• 1965 – Feliz Natal, Charlie Brown/A Charlie Brown Christmas (de Bill Melendez e Charles M. Schulz)
• 1969 – Um rapaz chamado Charlie Brown/A Boy Named Charlie Brown (de Bill Melendez e Charles M. Schulz)
• 1973 – A teia de Carlota/Charlotte’s Web, de Charles A. Nichols e Iwao Takamoto
• 1978 – O senhor dos anéis/The Lord of the Rings, de Ralph Bakshi (EUA/GB/Espanha)
• 1982 – Vincent, de Tim Burton (curta-metragem)
• 1986 – O castelo no céu/Tenkû no shiro Rapyuta, de Hayao Miyazaki (Japão)
• 1988 – Neco z Alenky, de Jan Svankmajer (Checoslováquia/Suiça/GB/RFA)
• 1988 – O meu vizinho Totoro/ Tonari no Totoro, de Hayao Miyazaki (Japão)
• 1988 – O túmulo dos pirilampos/ Hotaru no haka, de Isao Takahata (Japão)
• 1991 – Memórias de ontem/Omohide poro poro, de Isao Takahata (Japão)
• 1992 – Aladino/Aladdin, de Ron Clements e John Musker
• 1993 – O estranho mundo de Jack/The Nightmare Before Christmas, de Henry Selick e Tim Burton
• 1999 – A família Yamada/Hôhokekyo tonari no Yamada-kun, de Isao Takahata (Japão)
• 2001 – A viagem de Chihiro/Sen to Chihiro no kamikakushi, de Hayao Miyazaki (Japão)
• 2001 – Monstros e companhia/Monsters, Inc., de Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich
• 2004 – O castelo andante/Hauru no ugoku shiro, de Hayao Miyazaki (Japão)
• 2004 – Suchîmubôi (“Steamboy”), de Katsuhiro Ôtomo (Japão)
• 2005 – A noiva cadáver/The Corpse Bride, de Tim Burton e Mike Johnson (EUA/GB)
• 2006 – A casa fantasma/Monster House, de Gil Kenan
• 2006 – Paprika/Papurika, de Satoshi Kon (Japão)
• 2007 – Persépolis/Persepolis, de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi (França/EUA)
• 2008 – Ponyo à beira mar/Gake no ue no Ponyo, de Hayao Miyazaki (Japão)
• 2009 – A princesa e o sapo/The Princess and the Frog, de Ron Clements e John Musker
• 2009 – Coraline e a porta secreta/Coraline, de Henry Selick
• 2009 – Up – Altamente/Up, de Pete Docter e Bob Peterson
• 2010 – Como treinares o teu dragão/How to train your dragon, de Dean DeBlois e Chris Sanders
• 2010 – Gru – O mal disposto/Despicable me, de Pierre Coffin e Chris Renaud (EUA/França)
• 2010 – O mundo secreto de Arrietty/Kari-gurashi no Ariett, de Hiromasa Yonebayashi e Hayao Miyazaki (Japão)
• 2012 – Frankenwennie, de Tim Burton
• 2012 – ParaNorman, de Chris Butler e Sam Fell
• 2013 – O conto da princesa Kaguya/Kaguyahime no monogatari, de Isao Takahata (Japão)
• 2015 – Divertida-Mente/Inside out, de Pete Docter e Ronnie Del Carmen
• 2017 – Coco, de Lee Unkrich e Adrian Molina

3 – Filmes
1910-1929
• 1919 – O lírio quebrado/Broken Blossoms, de David Wark Griffith
• 1920 – As duas tormentas/Way Down East, de David Wark Griffith
• 1921 – As duas orfãs/Orphans of the Storm, de David Wark Griffith
• 1921 – O garoto de Charlot/The Kid, de Charles Chaplin
• 1925 – Sally, a filha do circo/Sally of the Sawdust, de David Wark Griffith

1930-1939
• 1931 – Emílio e os detectives/Emil und die detektive, de Gerhard Lamprecht (Alemanha)
• 1932 – Eu nasci, mas…/Otona no miru ehon – Umarete wa mita keredo, de Yasujiro Ozu (Japão)
• 1933 – Zero em comportamento/Zéro de conduite, de Jean Vigo (Frannça)
• 1935 – Vida e aventuras de David Copperfield/The Personal History, Adventures, Experience, & Observation of David Copperfield the Younger, de George Cukor
• 1936 – O pequeno lord/Little Lord Fauntleroy, de John Cromwell
• 1937 – Lobos do mar/Captain Courageous, de Victor Fleming
• 1937 – Ruas de Nova York/Dead End, de William Wyler
• 1938 – Anjos de cara suja/Angels with Dirty Faces, de Michael Curtiz
• 1939 – O feiticeiro de Oz/The Wizard of Oz, de Victor Fleming

1940-1949
• 1941 – O vale era verde/How Green Was My Valley, de John Ford
• 1942 – Aniki-Bobó, de Manoel de Oliveira (Portugal)
• 1944 – A nobreza corre nas veias/National Velvet, de Clarence Brown
• 1944 – I bambini ci guardano, de Vittorio De Sica (Itália)
• 1945 – Laços Humanos/A Tree Grows in Brooklyn, de Elia Kazan
• 1945 – Os rapazes da geral/Les enfants du Paradis, de Marcel Carné (França)
• 1946 – Grandes esperanças/Great Expectations, de David Lean (GB)
• 1946 – O despertar/The Yearling, de Clarence Brown
• 1946 – Sciuscià, de Vittorio de Sica (Itália)
• 1947 – Alemanha, ano zero/Germania, anno zero – de Roberto Rossellini (Itália)
• 1948 – As aventuras de Oliver Twist/Oliver Twist, de David Lean (GB)
• 1948 – Filhos da noite/They Live by Night, de Nicholas Ray
• 1948 – Ladrões de bicicletas/Ladri di biciclette, de Vittorio De Sica (itália)
• 1948 – O ídolo caido/The Fallen Idol, de Carol Reed (GB)
• 1948 – O que viram os meus olhos/The Window, de Ted Tetzief
• 1948 – O rapaz dos cabelos verdes/The Boy With Green Hair, de Joseph Losey
• 1949 – O mundo não perdoa/Intruder in the Dust, de Clarence Brown

1950-1959
• 1950 – Los olvidados, de Luís Buñuel (México)
• 1951 – O rio sagrado/The River, de Jean Renoir (França/GB/Índia/EUA)
• 1952 – Brincadeiras proibidas/Jeux interdits, de René Clement (França)
• 1952 – O vagabundo dos sonhos/Les belles de nuit, de René Clair (França)
• 1952 – The Member of the Wedding, de Fred Zinnemann
• 1953 – Confesso/I Confess, de Alfred Hitchcock
• 1953 – Crina Branca/Crin blanc: Le cheval sauvage, de Albert Lamorisse (curta-metragem; França)
• 1953 – Mónica e o desejo/Sommaren med Monika, de Ingmar Bergman (Suécia)
• 1953 – Os 5000 dedos do Dr. T/The 5,000 Fingers of Dr. T., de Roy Rowland
• 1953 – Os inúteis/I vitelloni, de Federico Fellini (Itália)
• 1953 – Shane, de George Stevens
• 1954 – Sete noivas para sete irmãos/Seven Brides for Seven Brothers, de Stanley Donen
• 1955 – A palavra/Ordet, de Carl Theodore Dreyer (Dinamarca)
• 1955 – A sombra do caçador/The Night of the Hunter, de Charles Laughton
• 1955 – Fúria de viver/Rebel Without a Cause, de Nicholas Ray
• 1955 – Marcelino, pão e vinho/Marcelino pan y vino, de Ladislao Vajda (Espanha/Itália)
• 1955 – O lamento da vereda/Pather Panchali, de Satyajit Ray (Índia)
• 1955 – O terceiro tiro/The Trouble with Harry, de Alfred Hitchcock
• 1955 – O tesouro do Barba-Ruíva/Moonfleet, de Fritz Lang
• 1955 – Sementes de violência/The Blackboard Jungle, de Richard Brooks
• 1956 – Atrás do espelho/Bigger than Life, de Nicholas Ray
• 1958 – O meu tio/Mon oncle, de Jacques Tati (França)
• 1959 – Bom dia/Ohayô, de Yasujiro Ozu (Japão)
• 1959 – O mundo de Apu/Apu sansar, de Satyajit Ray (Índia)
• 1959 – Os 400 golpes/Les quatre cents coups, de François Truffaut (França)
• 1959 – Um Verão violento/Estate violenta, de Valerio Zurlini (Itália)

1960-1969
• 1960 – A aldeia dos malditos/Village of the damned, de Wolf Rilla (GB)
• 1960 – Zazie no metro/Zazie dans le metro, de Louis Malle (França)
• 1961 – A infame mentira/The children’s hour, de William Wyler
• 1961 – Amor sem barreiras/West side story, de Robert Wise e Jerome Robbins
• 1961 – O rolo compressor e o violino/Katok i skripka, de Andrei Tarkovsky (curta-metragem; URSS)
• 1961 – Os inocentes/The Innocents, de Jack Clayton (GB)
• 1961 – Os olhos postos em ti/Whistle Down the Wind, de Bryan Forbes (GB)
• 1962 – A infância de Ivan/Ivanovo detstvo, de Andrei Tarkovsky (URSS)
• 1962 – Lolita, de Stanley Kubrick
• 1962 – Na sombra e no silêncio/To Kill a Mockingbird, de Robert Mulligan
• 1963 – O senhor das moscas/Lord of the Flies, de Peter Brook (GB)
• 1963 – O silêncio/Tystnaden, de Ingmar Bergman (Suécia)
• 1963 – Uma criança à espera/A Child Is Waiting, de John Cassavetes
• 1964 – Mary Poppins, de Robert Stevenson
• 1965 – Música no coração/The Sound of Music, de Robert Wise
• 1966 – A flor à beira do pântano/This Property Is Condemned, de Sidney Pollack
• 1966 – O jovem Torless/Der junge Torless, de Volker Schlondorff (RFA/França)
• 1967 – Amor e morte/Mouchette, de Robert Bresson (França)
• 1968 – Oliver!, de Carol Reed (GB)
• 1968 – Se…/If…, de Lindsay Anderson (GB)
• 1968 – Uma infância atribulada/L’Enfance-nue, de Maurice Pialat (França)
• 1969 – Kes – Os dois indomáveis/Kes, de Ken Loach (GB)
• 1969 – O menino selvagem/L’enfant sauvage, de François Truffaut (França)
• 1969 – O menino/Shonen, de Nagisa Oshima (Japão)

1970-1979
• 1970 – Meu pé de laranja lima, de Aurélio Teixeira (Brasil)
• 1970 – O joelho de Claire/Le genou de Claire, de Éric Rohmer (França)
• 1970 – O mensageiro/The Go-Between, de Joseph Losey (GB)
• 1971 – A maravilhosa história de Charlie/Willy Wonka & Chocolate Factory, de Mel Stuart
• 1971 – A última sessão/The Last Picture Show, de Peter Bogdanovich
• 1971 – Laranja mecânica/Clockwork Orange, de Stanley Kubrick (GB/EUA)
• 1971 – Morte em Veneza/Morte a Venezia, de Luchino Visconti (Itália/França/EUA)
• 1971 – Um sopro no coração/Le souffle au coeur, de Louis Malle (França/Itália/RFA)
• 1971 – Verão de 42/Summer of 42, de Robert Mulligan
• 1971 – Viva la muerte, de Fernando Arrabal (França/Tunísia)
• 1972 – As brancas montanhas da morte/Jeremiah Johnson, de Sidney Pollack
• 1973 – Amarcord, de Federico Fellini (Itália/França)
• 1973 – Lua de papel/Paper Moon, de Peter Bogdanovich
• 1973 – Noivos sangrentos/Badlands, de Terrence Mallck
• 1973 – O espírito da colmeia/El espiritu de la colmena, de Victor Erice (Espanha)
• 1974 – Alice já não mora aqui/Alice Doesn’t Live Here Anymore, de Martin Scorsese
• 1974 – Alice nas cidades/Alice in den städten, de Win Wenders (RFA)
• 1974 – Lacombe Lucien, o colaboracionista/Lacombe Lucien, de Louis Malle (França/Itália/RFA)
• 1975 – Tubarão/Jaws, de Steven Spielberg
• 1976 – 1900/Novecento, de Bernardo Bertolucci (Itália/França/RFA)
• 1976 – Carrie, de Brian De Palma
• 1976 – Cría cuervos, de Carlos Saura (Espanha)
• 1976 – Feios, porcos e maus/Brutti, sporchi e cattivi – de Ettore Scola (Itália)
• 1976 – Na idade da inocência/L’argent de poche, de François Truffaut (França)
• 1976 – Taxi Driver, de Martin Scorsese
• 1977 – A guerra das estrelas/Star Wars, de George Lucas
• 1978 – A árvore dos tamancos/L’albero degli zoccol, de Ermanno Olmi (Itália)
• 1978 – Dias do Paraíso/Days of Heaven, de Terrence Malick
• 1978 – Du er ikke alene (“You Are Not Alone”), de Ernst Johansen e Lasse Nielsen (Dinamarca)
• 1978 – Grease – Brilhantina/Grease, de Randal Kleiser
• 1978 – Halloween: O regresso do mal/Halloween, de John Carpenter
• 1978 – Menina bonita/Pretty baby, de Louis Malle
• 1979 – A Lua/La Luna, de Bernardo Bertolucci (Itália/EUA)
• 1979 – Kramer contra Kramer/Kramer vs. Kramer, de Robert Benton
• 1979 – O tambor/Die blechtrommel, de Volker Schlondorff (RFA/França/Polónia/Jugoslávia)

1980-1989
• 1980 – Gente vulgar/Ordinary People, de Robert Redford
• 1980 – Manhã submersa, de Lauro António
• 1980 – O cavalo preto/The Black Stallion, de Carrol Ballard
• 1980 – O império contra-ataca/The Empire Strikes Back, de Irving Kershner
• 1980 – Shining/The shining, de Stanley Kubrick (GB/EUA)
• 1981 – O clarim da revolta/Taps, de Harold Becker
• 1981 – Pixote, a lei do mais fraco – de Hector Babenco (Brasil)
• 1982 – E.T.: O extraterrestre/E.T.: The Extraterrestrial, de Steven Spielberg
• 1982 – Fanny e Alexandre/Fanny och Alexander, de Ingmar Bergman (Suécia/França/RFA)
• 1982 – O rei da evasão/The Escape Artist, de Caleb Deschanel
• 1982 – Poltergeist – O fenómeno/Poltergeist, de Tobe Hooper
• 1983 – Jogos de guerra/WarGames, de John Badhan
• 1983 – Juventude inquieta/Rumble Fish, de Francis Ford Coppola
• 1983 – O regresso de Jedi/Return of the Jedi, de Richard Marquand
• 1983 – O sul/El sur, de Victor Erice (Espanha/França)
• 1983 – Os marginais/The Outsiders, de Francis Ford Coppola
• 1983 – Uma história de Natal/A Christmas Story, de Bob Clark
• 1984 – A casa e o mundo/Ghare-Baire, de Satyajit Ray (Índia)
• 1984 – Era uma vez na América/Once Upon a Time in America, de Sergio Leone
• 1984 – Estrada de fogo/Streets of Fire, de Walter Hill
• 1984 – História interminável/Die unendliche geschichte, de Wolfgang Petersen (RFA/EUA)
• 1984 – Momento da verdade/Karate Kid, de John G. Avildsen
• 1984 – Paris, Texas – de Win Wenders (RFA/França/GB/EUA)
• 1985 – A testemunha/The witness, de Peter Weir
• 1985 – Exploradores/Explorers, de Joe Dante
• 1985 – O clube/The Breakfast Club, de John Hughes
• 1985 – O enigma da pirâmide/Young Sherlock Holmes, de Barry Levinson
• 1985 – O pai foi em viagem de negócios/Otac na sluzbemon putu, de Emir Kusturica (Jugoslávia)
• 1985 – Os Goonies/The Goonies, de Richard Donner
• 1985 – Sem eira nem beira/Sans toit ni loi, de Agnés Varda (França)
• 1985 – Vem e vê/Idi i smotri, de Elem Klimov (URSS)
• 1985 – Vida de cão/Mitt liv som hund, de Lasse Hallström (Suécia)
• 1986 – Conta comigo/Stand by Me, de Rob Reiner
• 1987 – A luz/Yeelen, de Souleymane Cissé (Mali/Burkina Faso/França/RFA/Japão)
• 1987 – Adeus, rapazes/Au revoir, les enfants; de Louis Malle (França/RFA/Itália)
• 1987 – Aventuras fora de horas/Adventures in Babysitting, de Chris Columbus
• 1987 – Esperança e glória/Hope and glory, de John Boorman (GB/EUA)
• 1987 – Império do sol/Empire of the Sun, de Steven Spielberg
• 1987 – Iratan e Iracema – Os meninos mais malcriados do Mundo, de Paulo Guilherme d’Eça Leal (Portugal)
• 1987 – Milho vermelho/Hong gao liang, de Zhang Yimou (China)
• 1987 – O rei das crianças/Hai zi wang, de Chen Kaige (China)
• 1987 – O último imperador/The last emperor, de Bernardo Bertolucci (GB/Itália/China/França/EUA)
• 1987 – Onde fica a casa do meu amigo?/Khane-ye doust kodjast?, de Abbas Kiarostami (Irão)
• 1987 – Os dias da rádio/Radio Days, de Woody Allen
• 1987 – Pelle, o conquistador/Pelle erobreren, de Bille August (Dinamarca/Suécia)
• 1988 – A fantástica aventura do barão/The adventures of baron Munchhausen, de Terry Gillian (GB/Itália/RFA/EUA)
• 1988 – Cinema Paraíso/Nuovo Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornattore (Itália/França)
• 1988 – Fuga sem fim/Running on empty, de Sidney Lumet
• 1988 – O tempo dos ciganos/Dom za vesanje, de Emir Kusturica (GB/Itália/Jugoslávia)
• 1988 – Tempos difíceis, de João Botelho (Portugal/GB)
• 1988 – Uma pedra no bolso, de Joaquim Pinto (Portugal)
• 1989 – A 300 milhas do céu/300 mil do nieba, de Maciej Dejczer (Dinamarca/França/Polónia)
• 1989 – Celia, de Ann Turner (Austrália)
• 1989 – Indiana Jones e a última cruzada/Indiana Jones and the Last Crusade, de Steven Spielberg
• 1989 – O clube dos poetas mortos/Dead Poets Society, de Peter Weir
• 1989 – O meu pé esquerdo/My Left Foot, de Jim Sheridan (Irlanda/EUA)
• 1989 – O sangue, de Pedro Costa (Portugal)
• 1989 – Yaaba – Avózinha/Yaaba, de Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso/Suiça/França)

1990-1999
• 1990 – Não te mexas, morre e ressuscita /Zamri, umri, voskresni – de Vitali Kanevski (URSS)
• 1990 – Sonhos de Akira Kurosawa/Yume, de Akira Kurosawa (Japão/EUA)
• 1990 – Sozinho em casa/Home Alone, de Chris Columbus
• 1990 – Um anjo à minha mesa/An Angel at My Table, de Jane Campion (Nova Zelândia/Austrália/GB/EUA)
• 1990 – Um coração selvagem/Wild at Heart, de David Lynch
• 1991 – A caminho de Idaho/My Own Private Idaho, de Gus van Sant
• 1991 – A idade maior, de Teresa Villaverde (Portugal)
• 1991 – A vida por uma corda/Bian zou bian chang, de Chen Kaige (China/Alemanha/GB)
• 1991 – E a vida continua…/Zendegi va digar hich, de Abbas Kiarostami (Irão)
• 1991 – Exterminador implacável 2: O dia do julgamento/Terminator 2: Judgment Day, de James Cameron (EUA/França)
• 1991 – Hook, de Steven Spielberg
• 1991 – Jacquot de Nantes, de Agnés Varda (França)
• 1991 – O meu primeiro beijo/My Girl, de Howard Zieff
• 1991 – Rosa, uma mulher de fogo/Rambling Rosa, de Martha Coolidge
• 1991 – Uma vida independente/Une vie independante, de Vitali Kanevski (GB/Rússia/França)
• 1992 – 588 Rue Paradis, de Henry Verneuil (França)
• 1992 – A força da ilusão/Radio Flyer, de Richard Donner
• 1992 – Aqueles longos dias/The Long Day Closes, de Terence Davis (GB)
• 1992 – Duas vidas e um rio/A River Runs Through It, de Robert Redford
• 1992 – No dia dos meus anos, de João Botelho (Portugal/França)
• 1993 – A idade da inocência/The Age of Innocence, de Martin Scorsese
• 1993 – A vida deste rapaz/This Boy’s Life, de Michael Caton-Jones
• 1993 – Coração americano/American Heart, de Martin Bell
• 1993 – Em nome do pai/In the Name of the Father, de Jim Sheridan (Irlanda/GB/EUA)
• 1993 – Gilbert Grape/What’s Eating Gilbert Grape, de Lasse Hallström
• 1993 – Juventude inconsciente/Dazed and Confused, de Richard Linklater
• 1993 – Libertem Willy/Free Willy, de Simon Wincer
• 1993 – O papagaio de papel azul/Lan fengzheng, de Tam Zhuangzhuang (China/Hong Kong)
• 1993 – O piano/The Piano, de Jane Campion (Nova Zelândia/Austrália/França)
• 1993 – O puto/The Snapper, de Stephen Frears (GB)
• 1993 – O último grande herói/The Last Action Hero, de John McTiernan
• 1993 – Um bairro em Nova York/A Bronx Tale, de Robert de Niro
• 1993 – Um mundo perfeito/A Perfect World, de Clint Eastwood
• 1994 – Forrest Gump, de Robert Zemeckis
• 1994 – Sol enganador/Outomlyonnye solntsen, de Nikita Mikhalkov (Rússia/França)
• 1995 – A tríade de Xangai/Yao a yao, yao dao waipo qiao – de Zhang Yimou (França/China)
• 1995 – Laços de amizade/The Cure, de Peter Horton
• 1995 – Miúdos/Kids, de Larry Clark
• 1995 – O ódio/La haine, de Mathieu Kassovitz (França)
• 1995 – Underground: Era uma vez um país/Underground, de Emir Kusturica (Jugoslávia/França/Alemanha/Bulgária/República Checa/Hungria)
• 1996 – Adeus, pai, de Luís Filipe Rocha (Portugal)
• 1996 – Ponnette, de Jacques Doillon (frança)
• 1996 – Será que vai nevar no Natal?Y’aura t’il de la neige à Noël?, de Sandrine Veysset (França)
• 1996 – Sleepers – Sentimento de revolta/Sleepers, de Barry Levinson
• 1996 – Trainspotting, de Danny Boyle (GB)
• 1996 – Voando para casa/Flying Away Home, de Carrol Ballard
• 1997 – Brincadeiras perigosas/Funny Games, de Michael Haneke (Áustria)
• 1997 – Filhos do Paraíso/Bacheha-Ye aseman, de Majid Majidi (Irão)
• 1997 – Gattaca, de Andrew Niccol
• 1997 – Kundun, de Martin Scorsese (EUA/Mónaco)
• 1997 – Ma vie en rose, de Alain Berliner (Bélgica/França/GB)
• 1997 – O bom rebelde/Good Will Hunting, de Gus van Sant
• 1997 – O boxeur/The Boxer, de Jim Sheridan (EUA/Irlanda)
• 1997 – O rapaz do talho/The Butcher Boy, de Neil Jordan (EUA/Irlanda)
• 1998 – A eternidade e um dia/Mia aioniotita kai mia mera, de Theo Angelopoulos (França/Itália/Grécia/Alemanha)
• 1998 – A vida é bela/La vitta è bella, de Roberto Benigni (Itália)
• 1998 – América proibida/American History X, de Tony Kaye
• 1998 – Central do Brasil, de Walter Salles (Brasil/França)
• 1998 – Felicidade/Hapiness, de Todd Solondz
• 1998 – O encantador de cavalos/The Horse Whisperer, de Robert Redford
• 1998 – Pleasantville – Viagem ao passado/Pleasantville, de Gary Ross
• 1998 – Sib (“Apple”), de Samira Makhmalbaf (Irão/França)
• 1999 – A língua das mariposas/La lengua de las mariposas, de José Luis Cuerda (Espanha)
• 1999 – As virgens suicídas/The Virgin Suicides, de Sofia Coppola
• 1999 – Beleza americana/American Beauty, de Sam Mendes
• 1999 – Céu de Outubro/October Sky, de Joe Johnston
• 1999 – Eleições/Election, de Alexander Payne
• 1999 – Jaime, de António-Pedro Vasconcelos (Portugal/Brasil/Luxemburgo)
• 1999 – Luna Papa, de Bakhtyar Khudojnazarov (Alemanha/Japão/Tadjiquistão/Uzbesquistão/Áustria/Suiça/França/Rússia)
• 1999 – Ninhos quentes/Pelísky, de Jan Hrebejk (República Checa)
• 1999 – O caso Winslow/The Winslow Boy, de David Mamet (GB/EUA)
• 1999 – O sexto sentido/The sixth sense, de M. Night Shyamallan
• 1999 – O Verão de Kikujiro/Kikujirô no natsu, de Taleshi Kitano (japão)
• 1999 – Os rapazes não choram/Boys Don’t Cry, de Kimberly Peirce
• 1999 – Rang-e khoda, de Majid Majidi (Irão)
• 1999 – Regras da casa/The Cider House Rules, de Lasse Hallström

2000-2009
• 2000 – Billy Elliot, de Stephen Daldry (GB/França)
• 2000 – Favores em cadeia/Pay it Forward, de Mimi Leder
• 2000 – Malèna, de Giuseppe Tornatore (Itália/EUA)
• 2000 – No quarto da Vanda, de Pedro Costa (Portugal/Alemanha/Suiça)
• 2000 – Quase famosos/Almost Famous, de Cameron Crowe
• 2000 – Um tempo para cavalos bêbados/Zamani barayé masti asbha, de Bahman Ghobadi (Irão)
• 2000 – Yi-Yi, de Edward Yang (Taiwan/Japão)
• 2001 – A.I.: Inteligência artificial/A.I.: Artificial Inteligence, de Steven Spielberg
• 2001 – Até ao fim/The Deep End, de Scott McGehee
• 2001 – Corações na Atlântida/Hearts in Atlantis, de Scott Hicks
• 2001 – Donnie Darko, de Richard Kelly
• 2001 – Harry Potter e a pedra filosofal/Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, de Chris Columbus (GB/EUA)
• 2001 – L.I.E. – Sem saída/L.I.E., de Michael Cuesta
• 2001 – Nas costas do diabo/El espinazo del diablo, de Guillermo del Toro (Espanha/México)
• 2001 – O quarto do filho/La stanza del figlio, de Nani Moretti (Itália/França)
• 2001 – O senhor dos anéis: A irmandade do anel/The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, de Peter Jackson (Nova Zelândia/EUA)
• 2001 – Os Tenenbaums – Uma comédia genial/The Royal Tenenbaums, de Wes Anderson
• 2002 – A domadora de baleias/Whale Rider, de Niki Caro (Nova Zelândia/Alemanha)
• 2002 – A estranha vida de IgbyIgby Goes Down, de Burr Steers
• 2002 – Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (Brasil/França)
• 2002 – Era uma vez um rapaz/About a Boy, de Chris e Paul Weitz (EUA/GB/França/Alemanha)
• 2002 – Na América/In America, de Jim Sheridam (irlanda/GB/EUA)
• 2002 – O senhor dos anéis: As duas torres/The Lord of the Rings: The Two Towers, de Peter Jackson (EUA/Nova Zelândia)
• 2002 – Sinais/signs, de M. Night Shyamalan
• 2003 – A melhor juventude/La meglio gioventù, de Marco Tullio Giordana (Itália)
• 2003 – Elefante/Elephant, de Gus van Sant
• 2003 – Escola de rock/The School of Rock, de Richard Linklater (EUA/Alemanha)
• 2003 – Mystic River, de Clint Eastwood (EUA/Austrália)
• 2003 – Não tenho medo/Io non ho paura, de Gabrielle Salvatores (Itália/Espanha/GB)
• 2003 – O senhor dos anéis: O regresso do rei/The Lord of the Rings: The Return of the King, de Peter Jackson (EUA/Nova Zelândia)
• 2003 – Treze – Inocência perdida/Thirteen, de Catherine Hardwicke (EUA/GB)
• 2003 – Um toque de canela/Politiki kouzina, de Tassos Boulmetis (Grécia/Turquia)
• 2004 – À procura da Terra do Nunca/Finding Neverland, de Marc Forster (EUA/GB)
• 2004 – A vila/The Village, de M. Night Shyanalam
• 2004 – As chaves da casa/Le chiavi di casa, de Gianni Amelio (Itália/Alemanha/França)
• 2004 – Infância roubada/Certi bambini, de Andrea e Antonio Frazzi (Itália)
• 2004 – Inocência/Innocence, de Lucile Hadzihalilovic (Bélgica/frança/GB/Japão)
• 2004 – Má educação/La mala educación, de Pedro Almodóvar (Espanha)
• 2004 – Moolaadé, de Ousmane Sembene (Senegal/Burkina Faso/Marrocos/Tunísia/Camarões/França)
• 2004 – Ninguém sabe/Dare mo shirama, de Hirokazu Koreeda (Japão)
• 2004 – Pele misteriosa/Misterious skin, de Greg Araki (EUA/Holanda)
• 2004 – Uma pequena vingança/Mean Creek, de Jacob Aaron Estes
• 2005 – A casa da minha avó/La casa de mi abuela, de Adán Allaga (Espanha)
• 2005 – A criança/L’enfant, de Jean-Pierre Dardene e Luc Dardenne (Bélgica/França)
• 2005 – A lula e a baleia/The Squid and the Whale, de Noah Baumbach
• 2005 – Água/Water, de Deepa Mehta (Canadá/Índia)
• 2005 – As Crónicas de Nárnia: O leão, a feiticeira e o guarda-roupa/The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, de Andrew Adamson (EUA/GB)
• 2005 – Brick, de Rian Johnson
• 2005 – Charlie e a fábrica de chocolate/Charlie and the Chocolate Factory, de Tim Burton (EUA/GB/Austrália)
• 2005 – Last days – Últimos dias/Last Days, de Gus van Sant
• 2005 – Nanny McPhee: A ama mágica/Nanny McPhee, de Kirk Jones (EUA/GB/França)
• 2005 – Os reis de Dogtown/Lords of Dogtown, de Catherine Hardwicke (EUA/Alemanha)
• 2005 – Sophie Scholl – Os últimos dias/Sophie Scholl – Die letzten tage, de Marc Rothemund (Alemanha)
• 2005 – Tsotsi, de Gavin Hood (GB/África do Sul)
• 2005 – Zathura – Aventura no espaço/Zathura: A Space Adventure, de Jon Fraveau
• 2006 – A Lua e o lago/La Luna e il lago, de Andrea Porporati (Itália)
• 2006 – A teia de Carlota/Charlotte’s Web, de Gary Winick (EUA/Alemanha/Austrália)
• 2006 – Brisa de mudança/The Wind that Shakes the Barley, de Ken Loach (Irlanda/GB/Alemanha/Espanha/Itália/França/Bélgica/Suiça/Holanda)
• 2006 – Juventude em marcha, de Pedro Costa (Portugal/França/Suiça)
• 2006 – Marie Antoinette, de Sofia Coppola (EUA/França/Japão)
• 2006 – O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburger (Brasil)
• 2006 – O astronauta/The Astronaut Farmer, de Michael Polish
• 2006 – O labirinto do fauno/El laberinto del fauno, de Guillermo del Toro (Espanha/México/EUA)
• 2006 – This is England – Isto é Inglaterra/This is England, de Shane Meadows (GB)
• 2006 – Uma família à beira de um ataque de nervos/Little Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris
• 2007 – Anjos na neve/Snow Angels, de David Gordon Green
• 2007 – Expiação/Atonement, de Joe Wright (GB/França/EUA)
• 2007 – Haverá sangue/There Will be Blood, de Paul Thomas Anderson
• 2007 – Histórias de caçadeiras/Shotgun Stories, de Jeff Nichols
• 2007 – Juno, de Jason Reitman
• 2007 – O filho de Rambow – Um novo herói/Son of Rambow, de Garth Jennings (GB/França/Alemanha/EUA)
• 2007 – O menino de Cabul/The Kite Runner, de Marc Forster (EUA/China)
• 2007 – O meu irmão é filho único/Mio fratello è figlio único, de Daniele Luchetti (Itália/França)
• 2007 – O segredo de Terabitia/Bridge to Terabithia, de Gabor Csupo
• 2007 – O voo do balão vermelho/Le voyage du ballon rouge, de Hsiao-Hsien Hou (França/Taiwan)
• 2007 – Paranoid Park, de Gus van Sant (França/EUA)
• 2007 – Tudo o que perdemos/Things We Lost in the Fire, de Susane Bier (EUA/GB/Canadá)
• 2007 – Zavet, de Emir Kusturica (Sérvia/França)
• 2008 – A turma/Entre les murs, de Laurent Cantet (França)
• 2008 – Cidade das sombras/City of Ember, de Gil Kenan
• 2008 – Deixa-me entrar/Låt den rätte komma in, de Thomas Alfredson (Suécia)
• 2008 – Depois das aulas/After School, de António Campos
• 2008 – Gomorra, de Matteo Garrone (Itália)
• 2008 – Gran Torino, de Clint Eastwood (Alemanha/EUA)
• 2008 – Hayat Var, de Reha Erdem (Turquia/Grécia/Bulgária)
• 2008 – Hipsters/Stilyagi, de Valeriy Todorovskiy (Rússia)
• 2008 – Na-moo-eobs-neun san, de So Yong Kim (EUA/Coreia do Sul)
• 2008 – O dia da saia/La journée de la jupe, de Jean-Paul Lilienfeld (França/Bélgica)
• 2008 – O leitor/The Reader, de Stephen Daldry (EUA/Alemanha)
• 2008 – O rapaz do pijama às riscas/The Boy in the Striped Pyjamas, de Marc Herman (GB/EUA)
• 2008 – Tempos de Verão/L’heure d’etê, de Olivier Assayas (França)
• 2008 – Tulpan, de Sergei Dvortsevoy (Cazaquistão/Rúsia/Alemanha/Polónia/Suiça/Itália)
• 2009 – (500) Dias com Summer/(500) Days of Summer, de Marc Webb
• 2009 – A estrada/The road, John Hillcoat
• 2009 – A teta assustada/La teta asustada, de Claudia Llosa (Espanha/Peru)
• 2009 – Bem-vindo à Zombieland/Zombieland, de Ruben Fleischer
• 2009 – Canino/Kynodontas, de Yorgos Lanthimos (Gr´cia)
• 2009 – Corações perdidos/Bas les coeurs, de Robin Davis (França/Alemanha)
• 2009 – Cosmonauta, de Susanna Nicchiarelli (Itália)
• 2009 – O laço branco/Das weiße band – Eine deutsche kindergeschichte, de Michael Haneke (Alemanha/Áustria/França/Itália)
• 2009 – Uma outra educação/An Education, de Lone Scherfig (GB/EUA)
• 2009 – Vão-me buscar alecrim/Get Me Some Rosemary, de Ben e Joshua Safdie (EUA/França)

2010-2019
• 2010 – A coisa mais bela/La prima cosa bella, de Paolo Virzi (Itália)
• 2010 – Cigarros e meias de nylon/Cigarettes et bas nylon, de Fabrice Cazeneuve (França)
• 2010 – Deixa-me entrar/Let Me In, de Matt Reeves (GB/EUA)
• 2010 – Despojos de Inverno/Winter’s Bone, de Debra Grank
• 2010 – Indomável/True Grit, de Joel e Ethan Coen
• 2010 – Kick-ass: O novo super-herói/Kick-ass, de Matthew Vaughn (GB/EUA)
• 2010 – Mel/Bal, de Semih Kaplanoghu (Turquia/Alemanha/França)
• 2010 – Num mundo melhor/Hævnen, de Susane Bier (Dinamarca/Suécia)
• 2010 – Pão negro/Pa negre, de Agustí Villaronga (Espanha)
• 2010 – Scott Pilgrim contra o mundo/Scott Pilgrim vs. the world, de Edgar Wright (EUA/GB/Canadá/Japão)
• 2010 – Submarino/Submarine, de Richard Ayoade (GB/EUA)
• 2010 – Susa, de Rusudan Pirveli (Geórgia)
• 2011 – 50/50, de Jonathan Levine
• 2011 – A árvore da vida/The Tree of Life, de Terrence Malick
• 2011 – A guerra dos botões/La guerre des boutons, de Yann Samuell (França)
• 2011 – A invenção de Hugo/Hugo, de Martin Scorsese
• 2011 – Cavalo de guerra/War Horse, de Steven Spielberg (EUA/Índia)
• 2011 – Declaração de guerra/La guerre est déclarée, de Valérie Donzelli (França)
• 2011 – Extremamente alto, incrivelmente perto/Extremely Loud & Incredibly close, de Stephen Daldry
• 2011 – Hanna, de Joe Wright (EUA/GB/Alemanha)
• 2011 – O meu pai é Baryshnikov/Moy papa Baryshnikov, de Dmitry Povolotsky (Rússia)
• 2011 – O miúdo da bicicleta/Le gamin au vélo, de Jean-Pierre Dardene e Luc Dardenne (França/Bélgica/Itália)
• 2011 – Os descendentes/The Descendants, de Alexander Payne
• 2011 – Procurem abrigo/Take Shelter, de Jeff Nichols
• 2011 – Super 8, de J. J. Abrams
• 2011 – Temos de falar sobre Kevin/We eed to Talk About Kevin, de Lynne Ramsay (GB/EUA)
• 2011 – Terra firme/Terraferma, de Emanuelle Crialese (Itália/França)
• 2012 – A extraordinária vida de Timothy Green/The Odd Life of Timothy Green, de Peter hedges
• 2012 – A vida de Pi/Life of Pi, de Ang Lee (EUA/Taiwan/GB/Canadá)
• 2012 – As vantagens de ser invisível/The Perks of Being a Wallflower, de Stephen Chbosky
• 2012 – Bestas do Sul selvagem/Beasts of the Southern Wild, de Benh Zeitlin
• 2012 – Dentro de casa/Dans la maison, de François Ozon (França)
• 2012 – Estarei por aqui/Ya budu ryadom, de Pavel Ruminov (Rússia/Ucrânia)
• 2012 – Eu e tu/Io e te, de Bernardo Bertolucci (Itália)
• 2012 – Fuga/Mud, de Jeff Nichols
• 2012 – Lore, de Cate Shortland (Alemanha/Austrália/GB)
• 2012 – Moonrise kingdom, de Wes Anderson
• 2012 – O impossível/Lo impossible, de J. A. Bayona (Espanha/EUA)
• 2012 – O sonho de Wadjda/Wadjda, de Haifaa Al-Mansour
• 2013 – A vida de Adèle/La vie d’Adéle, de Abdellatif Kechiche (frança/Bélgica/Espanha)
• 2013 – Corre, rapaz, corre/Lauf junge lauf, de Pepe Danquart (Alemanha/França/Polónia)
• 2013 – Ida, de Pawel Pawlikowski (Polónia/Dinamarca/França/GB)
• 2013 – Joe, de David Gordon Green
• 2013 – Sangue quente/Warm Bodies, de Jonathan Levine (EUA/Canadá)
• 2013 – Tal pai, tal filho/Soshite chichi ni naru, de Hirokazu Koreeda (Japão)
• 2014 – Boyhood: Momentos de uma vida/Boyhood, de Richard Linklater
• 2014 – Grand Budapest Hotel/The Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson (EUA/Alemanha)
• 2014 – Lixo/Trash, de Stephen Daldry e Christian Duurvoort (GB/Brasil/Alemanha)
• 2014 – Mamã/Mommy, de Xavier Dolan (Canadá)
• 2014 – O senhor Babadook/The Babadook, de Jennifer Kent (Austrália/Canadá)
• 2014 – Wildlike – Coração selvagem/Wildlike, de Frank Hall Green
• 2015 – Deus existe e vive em Bruxelas/Le tout nouveau testament, de Jaco van Dormael (França/Bélgica/Luxemburgo)
• 2015 – Eu, o Earl e a tal miúda/Me and Earl and the dying girl, de Alfonso Gomez-Rejon
• 2015 – Mustang, de Deniz Gamze Ergüven (França/Alemanha/Turquia/Qatar)
• 2015 – Táxi/Taxi, de Jafar Panahi (Irão)
• 2016 – Agnus dei – As inocentes/Les innocentes, de Anne Fontaine (França/Polónia)

4 – Documentários
• 1989 – Trabalhos de casa/Mashgh-e shab, de Abbas Kiarostami (Irão)
• 2008 – Unmistaken child, de Nat Baratz (Israel)
• 2009 – Alamar, de Pedro González-Rubio (México)
• 2015 – Adeus, meu professor/Mon maître d´école, de Emilie Thérond (França)

Fim do ciclo “O apogeu do gore”

29 Sexta-feira Jun 2018

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Cinema, David Cronenberg, Gore, John Carpenter, Terror, Wes Craven

Imagem de "Pesadelo em Elm Street" (A Nightmare on Elm Street, 1984), de Wes Craven

Com 28 filmes que foram de 1968 a 1994, fez-se este ciclo que procurou descrever e homenagear o período em que o cinema de terror começou a ser dominado por muito sangue, de modo que o cinema comercial fizesse disso um ponto de referência. Foi o cinema que veio dos anos 70, e se instalou de vez na década de 80, virado para emoções fortes de imagens de efeito visceral e atingindo sobretudo um público mais jovem. Finalizado o ciclo, leiam o texto de António Araújo que o fecha e lhe dá significado.

 

Texto de António Araújo
Autor do podcast “Segundo Take”
Colaborador da revista “Take Cinema Magazine“

Em português não temos uma boa palavra que traduza o conceito encerrado na palavra inglesa gore. Talvez a mais aproximada seja mesmo sanguinolência, ou seja a qualidade do que se compraz em derramar ou em ver sangue. Crueldade, ferocidade ou desumanidade também são sinónimos possíveis do conceito que, mais que um género ou sub-género do terror na sétima-arte, ilustra uma estética que deu os seus primeiros e tímidos passos na década de sessenta, para surgir em força no mercado independente da década de setenta, de onde surgiu também o termo splatter, e acabar assimilado pelo mainstream nos gloriosos anos oitenta, o apogeu dos filmes slasher produzidos por estúdios norte-americanos de renome, que sacrificavam adolescentes no matadouro de autênticas linhas de montagem de títulos e de respectivas sequelas progressivamente diluídas.

Os filmes que se entregam ao «regozijo consciente através de efeitos-especiais sanguinários como uma forma de arte», tal como afirmado pelo crítico Michael Arnzen, inspiram-se na estética do teatro francês Grand Guinol, sala de Paris do princípio do século XX, que se especializou em espectáculos de terror gráfico e verosímel. Apesar de se poder recuar aos primórdios das grandes produções de D. W. Griffith ou Cecil B. DeMille para encontrar mutilações realistas do corpo humano, foi pela mão de Alfred Hitchcock, com “Psico” (Psycho, 1960), e das produções da Hammer Film Productions que o público foi presenteado com violência (mais ou menos) explícita no grande ecrã. Durante os anos sessenta, o produtor americano Herschell Gordon Lewis foi um dos maiores responsáveis pela exploração de sangue e vísceras em filmes para o circuito de exploitation. A fechar a década, George A. Romero produziu um dos títulos independentes americanos mais importantes e influentes para o género do terror que se produziria nos anos seguintes: “A Noite dos Mortos Vivos” (The Night of the Living Dead, 1968).

Mais do que as cenas de violência gráfica, “A Noite dos Mortos Vivos” alterou a percepção do que podia ser o horror no grande ecrã, alargando os limites do género e inspirando uma legião de cineastas independentes. Surgiram então uma série de autores e títulos — famosos, infames ou ambos — que aumentavam exponencialmente a capacidade de aterrorizar e chocar: Wes Craven, com “The Last House on the Left” (1972) — que veria mais tarde sub-produtos como “Mulher Violada” (I Spit On Your Grave, Meir Zarchi, 1978) — ou “Os Olhos da Montanha” (The Hills Have Eyes, 1977); Tobe Hooper, com “Massacre no Texas” (The Texas Chain Saw Massacre, 1974); ou mesmo Romero com a sequela do seu marco realizada uma década mais tarde, “Zombie: A Maldição dos Mortos-Vivos” (Dawn of the Dead, 1978). Mais a norte, no Canadá, surgia também David Cronenberg com uma alternativa mais cerebral que não dispensava o choque gráfico e visceral. Títulos como “Os Parasitas da Morte” (Shivers, 1975), “Coma Profundo” (Rabid, 1977), “A Ninhada” (The Brood, 1979) ou “Scanners” (1981) constituem um corpo de trabalho incontornável quando se fala de gore.

Entretanto, John Carpenter — que utilizaria sangue e vísceras no seu magnum opus de 1982, “Veio Do Outro Mundo” (The Thing) — deu início de forma involuntária com “O Regresso do Mal” (Halloween, 1978) ao crescimento do sub-género que dominaria a década de oitenta: o slasher. Enquanto o italiano Lucio Fulci roubava o epíteto de pai do gore a Herschell Gordon Lewis — e a produção italiana em geral parecia ansiosa em facturar com o apetite pelo género —, e no Reino Unido a proibição dos chamados video nasties ainda acicatava mais a procura no mercado caseiro em VHS por estes títulos, as grandes produtoras de Hollywood foram atrás dos cifrões do sucesso sem precedentes do brilhante filme do Carpenter, uma produção de baixos custos e altíssimos rendimentos. “Sexta-Feira 13” (Friday the 13th, Sean S. Cunningham, 1980) foi o primeiro sucedâneo e, em conjunto com a sua inspiração, produziu um infindável número de sequelas que ajudaram a popularizar(!) um trio de assassinos em série, transformando-os em autênticos heróis da cultura popular. O terceiro vértice deste triângulo de figuras que marcaram o zeitgeist dos anos oitenta foi, também ele, uma criação “acidental”: Wes Craven não tinha previsto o sucesso de “O Pesadelo em Elm Street” (A Nightmare in Elm Street, 1984), um filme muito pessoal, transformado em franchise pela New Line Cinema na peugada da popularidade crescente do género.

Na ressaca da década de oitenta, o terror passaria, genericamente, por uma travessia no deserto. O slasher, embora nunca tenha desaparecido completamente, perdeu o gás, e, apesar de o género ser muito mais que sangue e vísceras, esta vertente foi integrada no seu léxico, perdendo o sabor da novidade e dessensibilizando os fãs para a força do seu impacto. No virar do novo milénio haveria um ressurgimento do gore, numa variante de gosto discutível (cuja discussão ficará para outra oportunidade) e menor impacto cultural que a sua primeira vaga, aquela que foi retratada neste ciclo e que pode ser apelidada como “o apogeu do gore”.

Ciclo “Rainer Werner Fassbinder”

28 Quarta-feira Mar 2018

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Cinema alemão, Novo cinema alemão, Rainer Werner Fassbinder

Rainer Werner Fassbinder

É tempo de mais uma integral n’A Janela. Será a sexta vez que olhamos para uma obra integral de um realizador fundamental da história do cinema. Depois de Woody Allen, Alfred Hitchcock, Martin Scorsese, Ingmar Bergman e Federico Fellini, chega o alemão Rainer Werner Fassbinder. É com ele que passaremos – de forma acelerada e alienada – as Quartas-feiras deste ano. Para saberem porque devem acompanhá-la, é só ler o texto introdutório, da autoria de Sara Galvão.

Texto de Sara Galvão
Cineasta e montadora a trabalhar em Londres.
Editora da revista Take Cinema Magazine
Colaboradora do website Critics Associated

Uma das mais curiosas (e prolíficas) figuras do cinema europeu, Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), tem mais de quarenta longas-metragens, duas séries de televisão e vinte e tal peças no seu nome, fazendo qualquer mero mortal sentir-se uma lesma preguiçosa que nunca alcançará nada na vida. Quando acrescentamos que os seus quarenta e tal filmes foram feitos em 14 anos, então sim, camaradas, está na altura de desistir, porque estamos a falar de 2,8 filmes por ano. Envergonha-te, Woody Allen

Sim, a extrema produtividade está directamente relacionada com a morte súbita aos 37 anos (isso e uma quantidade considerável de barbitúricos e cocaína), mas o que é o valor de uma vida humana [*sarcasmo] comparada com a herança cinematográfica incrível que este homem nos deixou? Um só dos seus grandes filmes seria o suficiente para o colocar nos livros de História da Sétima Arte; quarenta e tal é basicamente gozar com os pobrezinhos.

Contexto: Alemanha anos 70. A primeira vaga do Novo Cinema Alemão tinha começado em 1962, com o Manifesto de Oberhausen, escrito por Alexander Kluge e outros. Os cineastas alemães tinham nas mãos uma tarefa complicada: a de criar um cinema nacional num país destruído pelo nacionalismo. Fassbinder será a figura da frente de uma segunda geração de cineastas independente, que incluem Werner Herzog, Jean-Marie Straub, Wim Wenders e Volker Schlöndorff.

Fassbinder começou a sua carreira no teatro, o que explica decerto a primeira fase das sua obra cinematográfica, bastante influenciada por Brecht e Artaud, mas «traduzida» para as massas, e feita para apelar a públicos contemporâneos (para Fassbinder, o cinema tem de ter um público). O seu primeiro filme, “Liebe ist kalter als der Tod” (1969), mistura Hollywood com avant-garde, e foi bastante mal-recebido na Berlinale. A história de gangsters «desconstruída», com Fassbinder como protagonista, já deixava antever alguns dos temas futuros do realizador – solidão, procura de amor, medo de traição. Outros dos filmes dignos de nota desta fase são “Der Amerikanische Soldat” (1970), “Whity” (1970) e “Beware of a Holy Whore” (1971) – um filme «auto-biográfico» sobre um realizador egomaníaco.

Quando o financiamento dos seus filmes aumentou devido ao seu sucesso, Fassbinder começou a moldar os seus filmes (com inclinação política de esquerda) ao modelo americano. O cineasta queria contar histórias populares, de narrativas simples, e que, mais uma vez, apelassem a uma audiência generalista. Nas palavras do próprio, «O cinema americano é o único que posso levar a sério, porque é o único que realmente encontrou um público. O cinema alemão costumava ter um público, antes de 1933, e claro que há realizadores individuais em outros países que estão próximos do seu público. Mas o cinema americano, em termos gerais, tem a relação mais feliz com o seu público, e isso é porque não tenta ser ‘arte’. O seu estilo narrativo não é complicado ou artificial. Bem, claro que é artificial, mas não é ‘artístico’».

Assim, Fassbinder tornou-se, entre 1971 e 1975, numa espécie de Douglas Sirk alemão, sem deixar de lado, por muito que tente, a sua sensibilidade europeia e política. Destaque-se “Die bitteren Tränen der Petra von Kant” (1972 – filmado dentro de um único espaço, extremamente claustrofóbico e teatral), “Wildwechsel” (1973 – sobre a relação sexual de uma miúda de 14 anos com um rapaz de 19), “Welt am Draht” (1973 – ficção científica!), “Angst Essen Seele auf” (1974 – um óptimo ponto de entrada na obra de Fassbinder, e que levará Fassbinder a uma audiência internacional), “Effi Briest” (1974 – que levou 58 dias a ser filmado, um recorde na carreira de Fassbinder) e “Faustrecht der Freiheit” (1974).

Naquela que iria ser a sua última e mais aclamada fase, Fassbinder vira-se para a história Alemã, com todos os seus problemas, e realiza a sua famosa serie “Berlin Alexanderplatz” (1980) – uma excepção naturalista desta fase, onde os seus filmes se vão mais uma vez estilizar. Destaque-se “Despair – Eine Reise ins Licht” (1978 – o seu primeiro filme em Inglês, adaptado de Nabokov), “Die Ehe der Maria Braun” (1979 – o seu maior sucesso na Alemanha), “Die Dritte Generation” (1979 – uma comédia negra sobre terrorismo), “Die Sehnsucht der Veronika Voss” (uma espécie de Sunset Boulevard, mas muito mais negro) e “Querelle” (o seu último filme, que a Time Out descreveu, muito politica incorrectamente, como «perhaps an entirely appropriate parting shot from a drug-crazed German faggot».

Em suma, uma carreira imensa, de um dos observadores mais implacáveis da natureza humana, com uma vida pessoal tão ou mais intensa que os seus filmes, que auto-proclamou a sua «marca» de autor: «Qualquer realizador decente tem um único tema, e só faz o mesmo filme vezes e vezes sem conta. O meu tema é o exploração abusiva de sentimentos, seja lá quem os estiver a explorar. Nunca acaba. É um tema permanente. Seja o estado a explorar patriotismo, ou numa relação entre um casal, onde uma das partes destrói a outra.»

Longe de passarinhos e finais felizes, Rainer Werner Fassbinder, que, com um enorme talento e quantidades aparentemente inesgotáveis de cocaína, nos deu uma obra imensa, complexa e extremamente variada, é um cínico genial que claramente nos daria uns senhores episódios do Black Mirror, se ainda estivesse vivo. Assim, só nos resta olhar para a sua obra, e suspirar porque, como dizia o Billy Joel, “Only the Good Die Young”.

Sara Galvão

Ciclo “Os filhos do Neo-realismo”

24 Segunda-feira Jul 2017

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Bernardo Bertolucci, Cinema, Cinema italiano, Ettore Scola, Federico Fellini, Liliana Cavani, Lina Wertmüller, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Roberto Rossellini, Vittorio De Sica

Michelangelo Antonioni e Federico Fellini

Depois de um ciclo dedicado ao Neo-realismo italiano, vamos agora olhar para a geração seguinte, o cinema de autor que herdou a batuta de Rossellini, Visconti e De Sica, isto é, os realizadores italianos que nos anos 60 e 70 ganharam notoriedade com um cinema pessoal e de vanguarda. O ciclo inicia-se com o texto introdutório de Hugo Gomes.

Texto de Hugo Gomes
Autor do blogue Cinematograficamente falando
Colaborador do website c7nema

Em “Il Conformista” (O Conformista), Jean-Louis Trintignant compõe um agente à paisana ao serviço dos ideais do fascismo, ele é descrito como um homem de fraca vontade submetido à ideologia imposta e dominante numa Itália em silenciosa resistência. Nos primeiros minutos da obra de Bertolucci, o nosso protagonista é levado ao seu «criador», pronto para a derradeira proposta. Seria Trintignant um valioso membro para a instalação ou preservação destas mesmas doutrinas? Curiosamente quem recebe o nosso «herói» fala, literalmente, numa disposição de abraçar o sistema fascista. E é aí que consiste o ponto fulcral dos autores e filmes deste ciclo, o não-medo, o tom, por vezes inquisidor, de assumir uma época histórica e um sistema politica de há 2 décadas como fascismo, sabendo perfeitamente que o mais fascista dos fascistas nunca reconhecerá o seu «reino» como uma ditadura, nem sequer apelidá-lo de forma tão radicalmente literal.

Nesse sentido, as primeiras aventuras do chamado Neo-realismo italiano perfeitamente apostaram nessa, referida, resistência silenciosa. Rossellini, descrito erradamente de «pioneiro» desse mesmo movimento, orquestrava as suas críticas cinematográficas numa altura em que o fascismo respirava, vivendo a sua grandiloquência de fachada, sem ceder ao menor sinal de enfraquecimento, sendo que, em obras como “Roma, Cidade Aberta”, era subliminarmente visível essa queda ideológica e social. «O Rei Morreu, Longa Vida ao Rei!», diriam se o cenário fosse monárquico. Contudo, o Neo-realismo puro dos anos 40 perdera o seu toque de sofisticação, tornara-se obsoleto, decadente com a realidade imposta e pior de tudo, fossilizado num estilo explorado à exaustão.

Enquanto que Rossellini, que fora visto como um cúmplice desse mesmo regime (que numa leitura abstracta poderíamos induzir a personagem de Trintignant como uma alusão ao mesmo), outros realizadores transitórios teriam que contornar as suas veias neo-realistas, ou como os casos de Federico Fellini e Luchino Visconti, transformá-los em algo mais, sem com isso descartar por completo as suas experiências na pureza do movimento mais italiano dos movimentos italianos. Fellini já gradualmente experienciava essa distância, associando as suas alegorias oníricas com o realismo formal de «déjà vu», para além da satirização quase burlesca com que esboçava a imagem da burguesia italiana. Vischonti, por sua vez, abraçava gradualmente uma plasticidade que o levaria a exercícios interessantes de reflexão político-social (como verão no decorrer deste ciclo).

Mas os anos 60 foram cruciais para uma nova geração que surgiria sob essa passada assombração de tempos negros. Por um lado Antonioni como um dos mais inventivos, quer narrativos, quer estéticos desta «ninhada», e o mais agressivo, Bertolucci, de olhos voltados para o país vizinho – França – com especial atenção ao ressurgimento das novas linguagens cinematográficas, a dita nouvelle vague para ser mais exacto, aquela ascensão de «sangue novo» em discórdia com o cinema velho. Também não esquecer da visão polivalente de Pasolini, a poesia emanada e filmada como uma barreira transposta, e como não poderia deixar de ser, o autor do filme politicamente mais agressivo deste ciclo, de fazer corar o próprio Bertolucci, que é o sempre controverso “Salò o le 120 giornate di Sodoma”.

Mas não é a ofensiva o único filtro de concentrar uma crítica politica, o humor assumiu também essa via, e ao contrário do senso comum, não menos simpática. Dino Risi e Marco Ferreri foram os maestros dessa quota revolucionária, ensinando que com gargalhadas é possível exorcizar uma Itália. E no fundo, estes “filhos do Neo-realismo” não são mais que exorcistas prontos para expulsar demónios que muitos tentam esconder por baixo dos seus respectivos «tapetes».

Textos adicionais
A lista de filmes

Ciclo “Federico Fellini”

08 Quarta-feira Mar 2017

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Cinema, Cinema italiano, Federico Fellini

Federico Fellini

Depois de Woody Allen, Alfred Hitchcock, Martin Scorsese e Ingmar Bergman, inicia-se n’A Janela Encantada mais uma integral dedicada a um grande nome do cinema mundial: Federico Fellini. Esta decorrerá às quartas-feiras, quinzenalmente, abarcando todas as longas-metragens do autor italiano. O primeiro filme surgirá mais logo. Até lá, ficamos com o texto introdutório, da autoria de Jorge Saraiva.

 

Texto de Jorge Saraiva

O termo «felliniano» entrou no vocabulário comum tal kafkiano ou orwelliano quando nos referimos a situações absurdas e inexplicáveis, ou a um controlo desmesurado e totalitário da vida privada das pessoas, respectivamente. No caso de Fellini aplica-se o termo a pessoas ou a situações bizarras que fogem completamente ao padrão que entendemos por normal.

Este termo faz algum sentido. Sem ser exaustivo, lembramo-nos de personagens como a vendedora de cigarros de “Amarcord”, o cineasta sem filme de “8 1/2” , a rapariga meio tonta de “A Estrada”, ou toda a colecção de personagens que desfilam num programa feminino de “Ginger e Fred”. Mas se faz algum sentido, também se pode considerar perigoso, porque pode pressupor que o cinema de Federico Fellini se resume ao desfile de personagens e situações insólitas. Embora elas existam, não são o elemento central da sua obra.

Fellini teve uma carreira longa e irregular, mas que nunca caiu na mediocridade ou na banalidade. Começou naturalmente pelo Neo-realismo, a corrente dominante do cinema italiano da década de 50, embora os seus filmes já revelem o grau de heterodoxia que caracterizariam a sua carreira posterior. Se “A Estrada” é o filme emblemático deste período, “As Noites da Cabíria”, e “Os Inúteis” são igualmente notáveis. A ruptura com a estética neo-realista acontece com “A Doce Vida” e prolonga-se com a obra prima absoluta “8 1/2”, provavelmente a reflexão mais genial feita em cinema sobre o processo criativo e a angústia que a sua ausência provoca. A partir daí, se há uma estética e um modo de produção e de realização que se vão mantendo constantes e claramente identificáveis, os seus temas vão sendo cada vez mais diversificados, do experimentalismo clássico de “Satyricon”, ao quase terror de “Julieta dos Espíritos”, passando pelo pseudo-documentário de Roma. Em todos eles, perpassa uma ironia fina, muitas vezes apenas implícita, mas frequentemente impiedosa e directa. Essa mesma ironia viria a revelar-se em todo o seu esplendor em “Amarcord”, a sua obra mais popular, de cariz autobiográfico que remete para a sua pequena cidade das costas do Adriático. Mas o sucesso internacional de Amarcord não o levou, ao contrário de muitos outros, a fazer concessões ou a abrir-se para um cinema mais comercial. A década de 80 demonstra-o amplamente, sobretudo através de filmes como “O Navio” e “Ginger e Fred” que facilmente emparceiram entre os seus melhores.

Aparentemente, Fellini tinha uma forma anárquica de filmar, dando, tal como Jean Renoir, uma grande liberdade de improvisação aos seus actores. Parece que as filmagens decorriam de forma desordenada, sem método e com grande boa disposição, catalisada pela personalidade extrovertida do cineasta. Sem nunca ter sido um maníaco dos pormenores como Luchino Visconti, os seus filmes revelam um inesperado cuidado em todas as suas fases. Gostaria de destacar em particular o trabalho de Nino Rota, talvez o melhor compositor da história do cinema e o excelente trabalho de direcção de actores onde Marcello Mastroianni brilhou a grande altura, em diversas fases da sua carreira, do jovem sedutor de “A Doce Vida”, até ao velho nostálgico de “Ginger e Fred”, passando pelo homem recalcado de meia idade de “A Cidade das Mulheres”.

Sei que é um lugar comum, mas não é possível imaginar a história do cinema sem Federico Fellini. E isto diz tudo sobre a sua importância.

A lista de filmes

Ciclo “Spaghetti com S de Sergio”

27 Sexta-feira Jan 2017

Posted by jc in Hoje escrevo eu, Spaghetti com S de Sergio

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Cinema, Sergio Corbucci, Sergio Leone, Sergio Sollima, Western, Western Spaghetti

Texto de Pedro Pereira
Co-autor do blogue “Por um Punhado de Euros“

O inicio da década de sessenta trouxe uma mudança de padrões no cinema western. As paisagens que Ford vincara como sinónimo do género seriam drasticamente alteradas pelas ramblas andaluzas, onde as filmagens eram bastantes mais económicas. Ditou-se também a permuta do cowboy bonitinho, galante e bem-falante, pelo pistoleiro maltrapilho, carrancudo e de poucas conversas. A culpa de tudo isto atribuímo-la vulgarmente a um homem, Sergio Leone, realizador italiano que nos entregou em 1964 o clássico “Por um punhado de dólares”, adaptação de “Yojimbo”. Nascia aqui o western-spaghetti, designação assim encontrada para diferenciar este novo modelo europeu do clássico americano.

Este filme foi pioneiro por tudo aquilo que trouxe para o despoletar do subgénero, mas não foi o primeiro western a ser realizado em solo europeu, na verdade já se faziam westerns em solo europeu há alguns anos, ora via produções germânicas, que se focavam essencialmente em adaptações da obra de Karl May (filmadas na agora Croácia), ora via produções espanholas que copiavam a papel químico os princípios do western clássico. Porém, seria através da incursão de Leone que mudaria toda a indústria cinematográfica europeia.

O modelo adoptado foi quase sempre o da co-produção, com italianos e espanhóis no domínio das equipas técnicas e como maiores fornecedores do elenco, surgindo depois outros países como a França e a Alemanha, a funcionarem essencialmente como investidores, impondo aqui e ali a entrada de um ou outro actor da sua nacionalidade. O objectivo era vender o filme em tantos mercados quanto possível, destacando para o efeito o nome que mais interessasse ao respectivo mercado. Repescando-se depois actores norte-americanos de segunda linha para assumir o protagonismo. E os actores que americanos não fossem, mudava-se-lhes o nome para algo anglo-saxónico, de forma a criar a ilusão sobre os espectadores de que se tratavam de produções americanas.

O ritmo e o tom mudam nestas produções, regras e boas condutas são frequentemente desprezadas, e é o pistoleiro taciturno e impiedoso que sai como homem do jogo. Leone introduziu-nos o «homem sem nome» e em catadupa surgem um sem número de anti-heróis de valores dúbios: Django, Ringo, Sartana, Sabata, Garringo, Cjamango, Pecos, Amen, etc. Muitas dessas personagens teriam sequelas oficiais, mas muitas outras (a maioria) teriam continuações não-oficiais e sem qualquer ligação aos filmes originais. Balbúrdia à moda mediterrânea!

Em pouco mais do que uma década o cinema europeu comercial andaria às cavalitas destes filmes, e realizadores em inicio de carreira ou com poucos créditos teriam a oportunidade de assinar trabalho. Foram centos de filmes com qualidade variável, dedicar tempo a vê-los todos é um exercício que se recomenda apenas a gente de estômago forte, mas outros são simplesmente imperdíveis e há três Sergios que não vão querer esquecer: Leone, Sollima e Corbucci.

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Ciclo “Fantasmas do antigo Japão”

31 Segunda-feira Out 2016

Posted by jc in Fantasmas do antigo Japão, Hoje escrevo eu

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Cinema, Cinema japonês, Era dourada do cinema japonês, Fantasmas, Terror

"Kaidan" (1964) de Masaki Kobayashi

Texto de Rita Santos
Autora do blogue “”Not a film critic”
Colaboradora do website “SciFiWorld Portugal“

J-Horror clássico numa certa Janela Encantada…

Estas coisas de colaborações tendem a assustar-me. Primeiro, porque aceito o desafio sem grandes hesitações (não li bem as regras, oops) e, em segundo lugar, pois dão-se-me sempre aquelas brancas que ditam que só consigo escrever algumas linhas mesmo à beirinha do prazo limite e deixo o desafiador com suores frios. «Será que ela vai corresponder?». Em terceiro e penosíssimo lugar, por estar convencida que pensam que sei mais do que aquilo que na realidade sei.

No que se refere ao cinema de terror japonês, vulgo «J-Horror», é difícil não colidir com aqueles que se viriam a tornar os filmes sensação do novo milénio, “Ringu” (1998) ou o “Ju-on – The Grudge” (2002), tantas vezes citados, quais vacas sagradas do género. Ambos baseados em obras e/ou fenómenos sociais relevantes à época, chocaram audiências com os seus onryō (fantasmas vingativos) e uma forma muito peculiar, (apenas no ocidente admita-se), de fazer terror. Estavam menos focados em criar momentos de arrebatamento súbito, desinteressados em estruturas de narrativa tradicional e, indiferentes ao apelo em esclarecer até ao ínfimo pormenor tudo quanto se passa nestas estórias. Em 2016, com “Sadako vs. Kayako”, a constituir um último fraco suspiro do franchise, seria de pensar que o J-Horror clássico sofreu o golpe final de uma morte lenta e há muito anunciada. Errado. Por brilhantes que por si só fossem um “Ringu” ou um “Ju-on – The Grudge” e, este último até é uma sequela de um produto criado para televisão ao contrário do que muitos imaginam, não surgem de ideias geniais nascidas num vácuo e muito menos constituem os primeiros a retratar uma aparição que emerge de um qualquer plano sobrenatural e pretendem arrastar alguém de volta com elas.

Desde a religião, à literatura, ou pintura, passando pela história do conto oral ou a expressão dramática e, designadamente, o kabuki que o elemento do sobrenatural existe de modo mais ou menos latente. O que os autores dos clássicos primordiais (anos 50-60) do cinema de terror japonês fizeram não foi mais do que repescar esses elementos e alocar-lhes a bonita roupagem de sétima arte. O misticismo próprio das religiões do budismo e shintoísmo prestam-se a que demónios, planos diversos da realidade e metamorfos possam entrar e sair das narrativas às conveniências do argumento ou do orçamento.

À época, realizadores como Kaneto Shindō foram vanguardistas e até mais ousados que muitos dos realizadores actuais que abordaram temas como o feminismo e o sexo de modo extremamente inteligente sem cair no género pinku. Por outro lado, existe uma profunda crítica e fascínio sobre os tempos do samurai e o seu código de honra que pode ser revisitado vezes sem conta em estórias como o supremo êxito do teatro kabuki “Yotsuya Kaidan” (1965), que tem sofrido inúmeras adaptações para séries, séries animadas, longas-metragens e em muitas outras formas de expressão cultural. Das estórias aqui exploradas talvez “Jigoku” (1960) represente o elemento estranho. Onde obras como o “Onibaba” (1964) assentam no simbolismo, o seu realizador, Nobuo Nakagawa, prefere uma imagem mais visceral, dantesca até, do inferno. Já “Kaidan” (1964) é o filme antologia que vai buscar contos de fantasmas ao início do século XX e que fazem ecoar outros filmes bem mais recentes como “Ekusute” (2007) ou um “The Pillow Book” (1996).

Existe sobretudo uma certa perfídia no modo como o folclore japonês diferencia a Mulher, o Homem e os seus papéis na sociedade desde a época e marcadamente até hoje. A Mulher, vitimizada, acaba por se tornar ela própria a predadora (“Ju-on”). Fraca, é incapaz de romper o ciclo que se abateu sobre ela e forçada a repetir um ciclo de violência e de morte, como o que se iniciou nela. Como se a Mulher fosse mais facilmente acometida de ardores de morte e de paixão do demo. A sua forma espectral é normalmente apresentada com longos cabelos negros desvelados, como os de alguém que não se poderia cuidar… e com a veste típica, um kimono branco, cor associada a ritos fúnebres (“Ringu”). No caso de “Yabu no naka no kuroneko” (1968), ela toma esta forma após um demónio sob a forma de um gato lamber as suas feridas. Esta imagética pode ser encontrada muitos anos mais tarde na Catwoman de “Batman Returns” (1992). Incidentalmente, em 2015 estreia “The Inerasable”, um pequeno filme que se inicia com um ponto de partida tão simples quanto uma suposta assombração num apartamento que desemboca numa investigação sobre uma possível raíz comum das histórias de horror que assolam o território do Japão e se entrecruzam entre si, em conjunção com mitos urbanos modernos para, por sua vez, criar novos mitos e que se replicam e canibalizam a si próprios. Começam a ver formar-se um padrão? O J-Horror não é senão, um resultado de anos e anos de transmissão de contos essenciais da história japonesa e a sua sucessiva apropriação e reinvenção por um punhado de magos do cinema desse país, de que os clássicos dos anos 50 e 60, constituíram uma primeira fornada.

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Início do ciclo “Ingmar Bergman”

06 Quarta-feira Jan 2016

Posted by jc in Hoje escrevo eu, Ingmar Bergman

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Cinema, Cinema sueco, Ingmar Bergman

Ingmar Bergman nos anos 60

Texto de Jorge Saraiva

Estávamos em 1973 e eu tinha dezasseis anos e não gostava especialmente de cinema. Um dia, a minha irmã e uns amigos levaram-me ao Cinema Pathé, em Lisboa (perto da Praça do Chile) para ver o filme “Lágrimas e Suspiros” de um realizador sueco chamado Ingmar Bergman. Eu que na altura gostava do “Jesus Christ Superstar” e coisas similares, fiquei completamente traumatizado. Só não me vim embora a meio, porque tive vergonha de desagradar às outras pessoas.

Com os anos, comecei a gostar muito de cinema e a refinar as minhas preferências. Mas o trauma do Bergman ficou. Falavam-me muito bem dos seus filmes, mas eu lembrava-me do “Lágrimas e Suspiros” e mantinha a aversão. Andei assim, quase vinte anos, mas a situação incomodava-me. No final da década de 80, a RTP2, na altura em que tinha uma excelente programação de cinema, passou um extenso ciclo de filmes de Bergman. Resolvi, por descargo de consciência, gravá-los em VHS, talvez para um dia os poder ver. E esse dia acabou por chegar.

Tive a sorte de que o primeiro filme que vi dele, foi o genial “Um Verão de Amor” (1951), que Jean-Luc Godard considerava como «o mais belo de todos os filmes». O efeito foi absolutamente devastador. O que eu tinha estado a perder, por pura teimosia! Assaltou-me então a curiosidade de saber qual a imagem de Bergman melhor se encaixava em mim. E comecei a ver os filmes que previdentemente tinha gravado. E o deslumbramento foi total.

Desde essa altura tornei-me um incondicional de Ingmar Bergman. “Lágrimas e Suspiros” foi um dos últimos que (re)vi e, curiosamente, um dos que mais gostei. Percebi que ter ido ver o Lágrimas e Suspiros aos 16 anos foi completamente contraproducente.

Para quem está habituado a ver filmes segundo os padrões restritos da lógica de Hollywood, o cinema de Ingmar Bergman é um desafio. A sua obra pouco tem em comum com o chamado cinema mainstream. Nem nos temas escolhidos, nem na estrutura dos argumentos, nem na direcção dos actores, nem nos ritmos de desenvolvimento dos próprios filmes. O seu cinema é tão profundamente original (embora Bergman tenha reconhecido a influência do realizador do dinamarquês Carl Dreyer na sua obra) que se afirma que ele, só por si, representa todo um pilar do cinema escandinavo em geral e do cinema sueco em geral. Em Bergman não há bons e maus numa visão maniqueísta e estereotipada. Todas as personagens são densas e complexas, plenas de hesitações, dúvidas e contradições; todas as situações e interacções por elas criadas, suscitam profundas reflexões. Bergman não é um cineasta místico (talvez com excepção de “A Fonte da Virgem”). O que lhe interessa é a dimensão antropológica, a reflexão sobre a natureza humana, numa visão que remete para a psicologia e, sobretudo para a Filosofia. A Psicanálise e a filosofia existencialista são influências evidentes. Interessa-lhe em particular o universo feminino, nos seus mistérios e contradições. Grande parte das suas obras, tem personagens femininas como figuras centrais, independentemente das respectivas idades. Para isso serviu-se ao longo da sua extensa carreira, de um naipe de actrizes excepcionais que ele próprio moldou e transformou em verdadeiras musas do cinema europeu. Entre elas, Maj-Britt Nilsson (que o acompanha nos seus primeiros filmes), Harriet Andersson, Bibi Andersson e, sobretudo Liv Ullmann que o acompanhou durante grande parte da sua carreira, sobretudo a partir de “A Máscara” e até “Saraband”, a sua última longa metragem, de 2003. Curiosamente, só em “Sonata de Outono”, conseguiu dirigir a sua compatriota Ingrid Bergman (com quem não tinha nenhuma relação familiar), numa altura em que a actriz já estava no ocaso da sua carreira.

Bergman transformou o cinema numa arte, mais do que num ofício. Uma arte isolada, feita de luzes e sombras. Um cineasta de silêncios entre as palavras. De planos fixos e insistentes, muitas vezes dolorosos, onde as imagens substituem muitas vezes as palavras. E onde os rostos, muitas vezes filmados em grandes planos, expressam toda a complexidade da vida humana.

Para concluir uma lista pessoal dos meus dez filmes favoritos de Ingmar Bergman.
1) Um Verão de Amor – 1951
2) Fanny e Alexandre – 1982
3) Morangos Silvestres – 1957
4) Luz de Inverno – 1963
5) Lágrimas e Suspiros – 1972
6) A Máscara – 1966
7) O Sétimo Selo – 1957
8) Sonata de Outono – 1978
9) O Silêncio – 1963
10) Saraband – 2003

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