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A janela encantada

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Tag Archives: Western

Universos Paralelos – 10 – O Oeste justiceiro de Clint Eastwood

22 Segunda-feira Out 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Clint Eastwood, Podcast, Segundo Take, Star Wars, Universos Paralelos, Western

O Oeste justiceiro de Clint Eastwood

Pode ouvir aqui o décimo episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no podcast Segundo Take.

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Universos Paralelos – 10 – O Oeste justiceiro de Clint Eastwood

18 Quinta-feira Out 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Clint Eastwood, Podcast, Segundo Take, Star Wars, Universos Paralelos, Western

Universos Paralelos - 10 - O Oeste justiceiro de Clint Eastwood

Segunda-feira, dia 22 de Setembro teremos o décimo episódio de Universos Paralelos, no podcast Segundo Take, com a autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta).

Olharemos, desta vez, para a carreira no faroeste de Clint Eastwood, particularmente nas quatro longas-metragens por ele realizadas. O episódio poderá ser encontrado aqui:
podcast

 

O Oeste justiceiro de Clint Eastwood

Cint Eastwood

Clint Eastwood nasceu a 31 de Maio de 1930. Depois de granjear algum sucesso com o seu trabalho na televisão, tornou-se uma estrela internacional ao participar como o Homem Sem Nome numa trilogia de filmes realizados por Sergio Leone que se tornariam conhecidos como a «Trilogia dos Dólares» — “Por Um Punhado de Dólares” (Per un pugno di dollari, 1964), “Por Mais Alguns Dólares” (Per qualche dollaro in più, 1965) e “O Bom, o Mau e o Vilão” (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966). Estes títulos, além de darem a conhecer ao mundo o lacónico actor, tiveram um papel fundamental no sub-género do western que se convencionou chamar spaghetti, dado serem produzidos em Itália. Apesar de ser ocasionalmente criticado por John Wayne, dado o olhar pouco convencional dos seus títulos sobre o mais americano dos géneros cinematográficos, Eastwood foi-se enraizando como uma figura mítica da Hollywood clássica, participando em jingoístas fitas da Segunda Guerra Mundial, continuando a participar em filmes que recuperavam a mitologia do faroeste e transpondo a mesma lei da bala para a conturbada selva urbana da década de setenta noutra das suas mais perenes criações, o detective Harry Callahan, em “A Fúria da Razão” (Dirty Harry, Don Siegel, 1971).

A sua carreira como realizador, iniciada na mesma década, foi reflectindo imediatamente interesses temáticos mais heterogéneos e variados do que as suas escolhas como actor deixariam adivinhar. Por entre thrillers psicológicos — “Destinos nas Trevas” (Play Misty For Me, 1971) —, dramas românticos — “Ontem ao Fim do Dia” (Breezy, 1973) —, filmes de acção — “A Escalada” (The Eiger Sanction, 1975) —, musicais — “A Última Canção” (Honkytonk Man, 1982) — e títulos biográficos — “Bird – Fim do Sonho” (Bird, 1988) —, Eastwood foi construído um corpo de trabalho que conta apenas com quatro títulos situados no faroeste em quase meio século de carreira atrás das câmaras. Para o autor, o western não é uma obsessão, apesar do seu legado aí estar enraizado de forma inolvidável; é apenas mais uma localização para as histórias que quer contar.

Clint Eastwood em "O Rebelde do Kansas" (The Outlaw Josey Wales, 1976), realizado pelo próprio

O seu retrato anti-heróico da «fronteira americana» é normalmente pincelado por conceitos de justiça e vingança, bem como por doses generosas de violência realista — uma das críticas apontadas pelo mítico John Wayne. Se “O Pistoleiro do Diabo” (High Plains Drifter, 1973) e “Justiceiro Solitário” (Pale Rider, 1985) constituem extensões da figura espectral encenada nos filmes de Sergio Leone, parecendo representar pólos opostos de uma perspectiva divina, “O Rebelde do Kansas” (The Outlaw Josey Wales, 1976), uma realização «acidental» de Eastwood — que tomou as rédeas ao projecto depois do afastamento de Philip Kaufman —, e “Imperdoável” (Unforgiven, 1992) traçam retratos mais terra-a-terra, por isso mais corpóreos e terrenos (não confundir, por favor, com verosimilhança; estes continuam a ser expressões de uma depurada linguagem cinematográfica) que dialogam e questionam a mitologia perpetuada pelo próprio autor. Laços familiares, cobardia, arrependimento e redenção são conceitos explorados em dois títulos que definem também um ciclo de reconhecimento ao trabalho de Clint Eastwood. “O Rebelde do Kansas” foi o seu primeiro título nomeado para um Óscar da Academia de Hollywood, enquanto que “Imperdoável” foi o filme da sua consagração com que acabou por arrecadar quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.

Clint Eastwood em "Imperdoável" (Unforgiven, 1992) , realizado pelo próprio

Em 2018, Clint Eastwood continua no activo aos oitenta e oito anos de idade. Nem sempre uma figura consensual, é sem sombra de dúvida um ícone cultural e uma importante referência do cinema norte-americano. Embora aparentemente tenha deixado as planícies poeirentas do faroeste para trás, vamos olhar sobre os quatro westerns que realizou e (re)descobrir o que o motivou a pegar na arma e na câmara ao mesmo tempo…

António Araújo, Junho 2018.

 

Fontes primárias

Cinema

  • O Pistoleiro do Diabo (High Plains Drifter, Clint Eastwood, 1973)
  • O Rebelde do Kansas (The Outlaw Josey Wales, Clint Eastwood, 1976)
  • Justiceiro Solitário (Pale Rider, Clint Eastwood, 1985)
  • Imperdoável (Unforgiven, Clint Eastwood, 1992)

Fontes secundárias

Bibliografia

  • Foote, John H. (2008) Clint Eastwood: Evolution of a Filmmaker. Praeger.
  • Neibaur, James L. (2015) The Clint Eastwood Westerns. Rowman & Littlefield Publishers.

Listas – O western de Clint Eastwood

09 Domingo Set 2018

Posted by jc in As minhas listas

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Cinema, Clint Eastwood, Western

Clint Eastwood na série televisiva "Rawhide" (1959-1965)

Senhor de uma carreira diversificada, com muitos filmes consagrados, em diferentes géneros, ninguém (começando pelo próprio) desconhece a importância do western como definidor da carreira de Clint Eastwood, o qual ajudou a redefinir esse género a partir da década de 1960.

Foi o western que lhe garantiu o primeiro papel importante em televisão, foi no western (em Itália) que Eastwood se tornou um tal ícone que lhe permitiu regressar triunfante aos Estados Unidos, e foi com um western que o, então já realizador, se consagrou com o reconhecimento nos Oscars.

Fica, por isso, aqui uma lista que nos mostra a relação entre Clint Eastwood e o mais americano dos géneros cinematográficos, tanto no grande como no pequeno ecrã, quer como secundário quer como protagonista, fosse apenas actor ou também realizador.

Interpretação como secundário
• 1956: Star in the Dust – Charles F. Haas
• 1956: The First Traveling Saleslady (A Primeira Caixeira Viajante) – Arthur Lubin
• 1956: Death Valley Days [6 episódios de série televisiva (1952–1970)]
• 1958: Ambush at Cimarron Pass – Jodie Copeland
• 1959: Maverick [1 episódio de série televisiva (1957–1962)]
• 1959–1965: Rawhide [217 episodes de série televisiva (1959–1965)]

Interpretação como protagonista
• 1964: Per un pugno di dollari (Por Um Punhado de Dólares) – Sergio Leone
• 1965: Per qualche dollaro in più (Por Mais Alguns Dólares) – Sergio Leone
• 1966: Il buono, il brutto, il cattivo (O Bom, o Mau e o Vilão) – Sergio Leone
• 1968: Hang ‘Em High (À Sombra da Forca) – Ted Pod
• 1970: Two Mules for Sister Sara (Os Abutres Têm Fome) – Don Siegel
• 1972: Joe Kidd (A Crista do Diabo) – John Sturges

Interpretação e realização
• 1973: High Plains Drifter (O Pistoleiro do Diabo)
• 1976: The Outlaw Josey Wales (O Rebelde do Kansas)
• 1985: Pale Rider (Justiceiro Solitário)
• 1992: Unforgiven (Imperdoável)

Whity, 1971

13 Quarta-feira Jun 2018

Posted by jc in Rainer Werner Fassbinder

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Cinema, Cinema alemão, Drama, Günther Kaufmann, Hanna Schygulla, Harry Baer, Katrin Schaake, Novo cinema alemão, Rainer Werner Fassbinder, Ron Randell, Ulli Lommel, Western

Whity Em 1879, no Oeste americano, Whity (Günther Kaufmann) é o criado mulato dos Nicholson, filho de uma relação entre o patriarca Ben (Ron Randell) e a criada Malpessa (Elaine Baker). Em casa, Whity aceita ser o bode expiatório da família, sofrendo abusos físicos, sendo objecto sexual de quase todos, e ferramenta desejada por uns para que mate os outros. É que todos pensam que Ben está a morrer, e tanto a esposa Katherine (Katrin Schaake) como o filho Frank (Ulli Lommel) planeiam matá-lo para se apoderarem da herança. Fora de casa, Whity encontra conforto nos braços da prostituta e cantora de cabaré Hanna (Hanna Schygulla), que quer que ele fuja com ela para Leste. Continuar a ler →

Universos Paralelos – 2 – O oeste operático de Sergio Leone

20 Terça-feira Fev 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Cinema italiano, Podcast, Segundo Take, Sergio Leone, Universos Paralelos, Western, Western Spaghetti

O oeste operático de Sergio Leone

Pode ouvir aqui o segundo episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no podcast Segundo Take.

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Universos Paralelos

Universos Paralelos – 2 – O oeste operático de Sergio Leone

14 Quarta-feira Fev 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Podcast, Segundo Take, Sergio Leone, Universos Paralelos, Western, Western Spaghetti

Universos Paralelos #02: O oeste operático de Sergio Leone

Segunda-feira, dia 19 de Janeiro, tem lugar, no podcast Segundo Take, o segundo Universos Paralelos da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta).

O episódio será dedicado aos westerns de Sergio Leone, e poderá ser encontrado aqui:
podcast

 

O oeste operático de Sergio Leone

Se numa paisagem árida e poeirenta, evocativa do velho Oeste, vemos um pistoleiro de rosto encardido pela sujidade, cigarro ao canto da boca e um olhar impávido que enche o ecrã, que com a música de Ennio Morricone cria uma tensão exageradamente lenta, temos intuitivamente a ideia de estarmos a ver um western de Sergio Leone.

Sergio Leone

Sergio Leone é um nome que, com razão, todos associamos ao chamado western spaghetti, género com que atingiu notoriedade internacional, a ponto de hoje ser o realizador que mais facilmente o identifica. Mas não se pense que foi Leone quem criou o spaghetti, um dos muitos géneros que resultaram da presença norte-americana na Itália do pós-guerra, a qual trouxe não só soldados, mas toda uma cultura pop, onde não faltou o cinema.

Tudo começou no apelidado «Hollywood no Tibre», período dos anos 50 e 60 durante o qual as majors norte-americanas perceberam que lhes ficava bem mais em conta filmar em Itália, usando a qualidade dos estúdios da Cinecittà, técnicos e actores secundários italianos e cenários naturais que se prestavam a épicos dramas históricos. Esta fase teve início no sucesso estrondoso de “Quo Vadis?” (1951), de Mervyn LeRoy – que sedimentou o então popular sword and sandal –, e passou por filmes de outros géneros, como o célebre “Férias em Roma” (Roman Holiday, 1953) de William Wyler, filme de estreia de Audrey Hepburn.

O resultado foi não só a formação de técnicos e realizadores autóctones, que assim tinham contacto com o mais avançado material e escola norte-americana, como também criar no público uma predisposição para o cinema de género de Hollywood, do citado sword and sandal (que na Itália se chamou peplum) ao mais americano dos géneros, o western.

É sintomático vermos que Sergio Leone – nascido em Roma, em 1929, no seio de uma família ligada ao cinema, e entrado na Cinecittà como argumentista –, se estreou na realização num peplum, “O Colosso de Rodes” (Il colosso di Rodi, 1961), depois de ter completado “Os Últimos Dias de Pompeia” (Gli ultimi giorni di Pompei, 1959), por doença do realizador Mario Bonnard, e de ter trabalhado como assistente de realização de filmes como o citado “Quo Vadis?”, e o célebre “Ben-Hur” (1959), de William Wyler.

É nesta vaga que surge o primeiro eurowestern (ainda com capital norte-americano). Tratou-se de “O Sheriff e a Loira” (The Sheriff of Fractured Jaw, 1958), de Raoul Walsh – e onde a loira era a escultural Jane Mansfield –, que foi logo seguido de outros filmes parecidos, dando o molde ao filão que seria explorado a partir de Itália, e nesse país chamado western all’italiana. A ênfase era na paródia ao western clássico, tendo como modelo os filmes de Bob Hope. Mas tudo mudaria em 1964 com a estreia de “Por um Punhado de Dólares”, o primeiro western de Sergio Leone.

Baseado, sem o assumir, em “Yojimbo, o Invencível” (Yôjinbô, 1961), de Akira Kurosawa, o primeiro filme da chamada trilogia dos dólares, protagonizada pelo então quase desconhecido Clint Eastwood, funcionaria como que um refundador do género, levando-se a sério como cinema artístico, contrastando com as produções jocosas de baixo custo a que os eurowesterns se votavam até aí. Nele, Leone definia tudo o que marcaria o seu cinema daí em diante: o anti-herói de poucas palavras, numa ética muito própria e amoral; uma violência não vista nos westerns clássicos de Hollywood; um subtil comentário político e/ou social; o uso do grotesco na definição de personagens; e acima de tudo um jeito operático, lento, marcado pela grandeza da paisagem (filmada na região de Almería em Espanha) e a intensidade de close-ups extremos, onde a carismática música de Ennio Morricone pontua os momentos de tensão e a evolução narrativa.

Seguiram-se “Por mais alguns Dólares” (1965) e “O Bom, o Mau e o Vilão” (1966), com Clint Eastwood a contracenar com os norte-americanos Lee Van Cleef, Eli Wallach, e com os europeus Gian Maria Volontè e Klaus Kinski. Com estes filmes, Leone mostrava ser um caso à parte no domínio do western feito na Europa, na qual se viriam a produzir mais de 600 obras do género, por nomes como Sergio Corbucci, Sergio Sollima, Damiano Damiani, Giulio Petroni, Duccio Tessari, Enzo Barboni e Antonio Margheriti. Se o público pedia comédia, acção rápida e muitos tiroteios, Leone respondia com filmes cada vez mais lentos e longos, onde estética e ideias se impunham a acção e aventura. Para sempre, ficava a imagem de Clint Eastwood, com o seu pistoleiro ensimesmado, de gestos precisos, aliando cinismo frio e finíssimo humor negro, em três filmes que definem uma forma diferente de se pensar o western.

O sucesso destes filmes no mercado norte-americano foi tal que Leone foi convidado a atravessar o Atlântico. Com passagens pelo México e pelo Monument Valley, nos Estados Unidos, surgia a sua segunda trilogia, começada com o ainda mais operático “Aconteceu no Oeste” (1968), onde Leone trabalhava uma história de Dario Argento e Bernardo Bertolucci, com estrelas como Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale e Jason Robards, continuada com “Aguenta-te, Canalha!” (1971) (que esteve para se chamar “Era uma vez na Revolução”), com Rod Steiger e James Coburn, e terminada mais tarde, já fora do western, no filme de gangsters “Era uma vez na América” (Onde upon a Time in America, 1984), com Robert De Niro e James Woods.

Nesta altura, Sergio Leone já passara à produção de comédias ligeiras ao gosto do cinema comercial italiano. Foi, ainda assim, pelo western, que Leone começou, com dois veículos para a então estrela em ascensão, Terence Hill (nome artístico do actor italiano Mario Girotti, que ficaria conhecido pela série cómica Trinitá e pela sua parceria com Bud Spencer). Sempre com música de Ennio Morricone, eles foram “O Meu Nome é Ninguém” (1973), de Tonino Valerii, que trazia de volta Henry Fonda, num filme que alia o lado cabotino de Hill à estética de Leone (que dirigiu algumas sequências), e “Chamavam-lhe Génio” (1975), de Damiano Damiani, com Hill num personagem parecido ao anterior, já mais longe da estética de Leone.

Sergio Leone com Ennio Morricone

Sergio Leone morreu em 1989, com apenas 60 anos, vítima de problemas cardíacos, pouco depois de ter presidido ao júri da quadragésima quinta edição do Festival de Veneza e quando trabalhava ainda na produção de um filme há muito planeado, que se chamaria “Leninegrado: os 900 Dias”. Para trás, mais que uma obra curta, deixou um imaginário único e inesquecível, que marca todos os que alguma vez espreitaram o western feito em Itália. Viva, continua a sua influência, começada nas imitações italianas, e no revisionismo violento e niilístico de Sam Peckinpah, e continuada no revivalismo saudosista de Quentin Tarantino. A não esquecer, claro, está boa parte da carreira do próprio Clint Eastwood, que dedicou a Sergio Leone o seu magnum opus “Imperdoável” (Unforgivable, 1992).

José Carlos Maltez, Outubro 2017

Fontes primárias

Filmografia

  • Por um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari, 1964)
  • Por mais alguns Dólares (Per qualche dollaro in più 1965)
  • O Bom, o Mau e o Vilão (Il buono, il brutto, il cattivo 1966)
  • Aconteceu no Oeste (C’era una volta il West, 1968)
  • Aguenta-te, Canalha! (Giù la testa, 1971)
  • Meu Nome é Ninguém (Il mio nome è Nessuno, Tonino Valerii, 1973)
  • Chamavam-lhe Génio (Un genio, due compari, un pollo, Damiano Damiani, 1975)

Fontes secundárias

Bibliografia

  • Bondanella, P (2009) A History of Italian Cinema. London: Bloomsbury Academic.
  • Celli, C., Cottino-Jones, M. (2007) A New Guide to Italian Cinema. New York, NY: Palgrave McMillan.
  • Frayling, C. (2000) Sergio Leone: Something to Do with Death. London: Faber.

Documentários

  • Once Upon A Time: Sergio Leone (Howard Hill, 2001) (https://www.youtube.com/watch?v=V-VaWfLWPTk)

Fim do ciclo “Spaghetti com S de Sergio”

06 Segunda-feira Mar 2017

Posted by jc in Spaghetti com S de Sergio

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Cinema, Sergio Corbucci, Sergio Leone, Sergio Sollima, Western, Western Spaghetti

Se é verdade que nem de só dos três Sergios (Leone, Corbucci e Sollima) se fez o chamado «western spaghetti», é também verdade que a prova do tempo os deixou como os vencedores, aqueles que hoje mais frequentemente se apontam como os autores definitivos daquele género que atravessou os anos 60 e entrou nos 70 do século passado.

Embora aqui tenhamos olhado apenas para doze filmes, foram várias centenas aqueles que, com produção italiana, muitas vezes em colaborações com outros países europeus (RFA, França e Espanha, geralmente), envolvendo actores destes países ou dos Estados Unidos, viram a luz do dia, enchendo alguns mercados, e cativando um enorme público, ávido de aventuras sujas de uma mística de western mais virada para os tiroteios, as imprevisibilidades de carácter e os anti-heróis sem objectivos ulteriores.

Mais ou menos sérios, com maiores ou menores cuidados de produção, alguns desses filmes tornaram-se filmes de culto, e alguns dos seus heróis (Django, Sartana, Sabata, Trinitá, por exemplo) tornaram-se verdadeiros mitos do cinema. Com a sua proficuidade e constância estética, o western spaghetti marcaria mesmo uma geração, a qual parece agora querer homenagear as suas influências. É exemplo a carreira mais recente de Quentin Tarantino, com “Django Libertado” (Django Unchained, 2012) e “Os Oito Odiados” (The Hateful Eight, 2015).

Mas ainda mais importante que (re)descobrir estas influências em sucessos recentes, é (re)descobrir um mundo diferente, onde estética, moral e comportamentos eram definidos de um modo único e marcante, gerando algumas obras incontornáveis do cinema universal, e trazendo-lhe incontáveis espectadores que ainda hoje olham esses tempos com uma ímpar nostalgia.

Para finalizar, fica o acradecimento a Pedro Pereira pelo texto de lançamento deste ciclo, e a Emanuel Neto, pelos inúmeros comentários que ajudam a situar cada filme. Ambos mantêm viva a chama do spaghetti no seu riquíssimo blogue Por um Punhado de Euros“, uma verdadeira bíblia spaghetti em português, e cuja visita se recomenda vivamente.

Textos adicionais
A lista de filmes

Aguenta-te Canalha!, 1971

06 Segunda-feira Mar 2017

Posted by jc in Spaghetti com S de Sergio

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Antoine Saint-John, Cinema, Franco Graziosi, James Coburn, Maria Monti, Rik Battaglia, Rod Steiger, Romolo Valli, Sergio Leone, Western, Western Spaghetti

Giù la testaNo México da revolução no início do século XX, encontra-se John H. Mallory (James Coburn), um revolucionário irlandês do IRA, perito em explosivos, e que, depois de traído pelo melhor amigo, deixou tudo para trás, para uma vida a troco do melhor preço. É lá que se vai cruzar como Juan Miranda (Rod Steiger), um bandido local, líder de uma família de foras-da-lei, que sonha com importantes assaltos a bancos, que o tornem alguém. Com John a soldo dos revolucionários, as ambições dos dois homens cruzam-se momentaneamente, tornando-os, praticamente sem o quererem, verdadeiros heróis da revolução. Continuar a ler →

Companheiros, 1970

03 Sexta-feira Mar 2017

Posted by jc in Spaghetti com S de Sergio

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Cinema, Eduardo Fajardo, Fernando Rey, Franco Nero, Iris Berben, Jack Palance, José Bódalo, Sergio Corbucci, Tomas Milian, Western, Western Spaghetti

Vamos a matar compañeros Quando o General Mongo (José Bódalo) conquista mais uma cidade para os revolucionários mexicanos, descobre que a combinação do cofre está nas mãos do pacifista professor Santos (Fernando Rey), aprisionado em Yuma, nos Estados Unidos. Para o resgatar, Mongo envia o seu tenente, o impulsivo Vasco (Tomas Milian) e o mercenário sueco Yodlaf Peterson (Franco Nero). Os dois homens odeiam-se, mas terão de trabalhar juntos para conseguir ludibriar os norte-americanos, raptar o professor e trazê-lo de volta ao México. Isto, enquanto são perseguidos pelo sádico John (Jack Palance), e tentam compreender a estranha filosofia pacifista de Santos. Continuar a ler →

Aconteceu no Oeste, 1968

27 Segunda-feira Fev 2017

Posted by jc in Spaghetti com S de Sergio

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Charles Bronson, Cinema, Claudia Cardinale, Gabriele Ferzetti, Henry Fonda, Jason Robards, Sergio Leone, Western, Western Spaghetti

C'era una volta il WestNo dia do seu casamento, Brett McCain (Frank Wolff) e a família são chacinados por bandidos. À chegada, a noiva Jill McBain (Claudia Cardinale) herda apenas uma terra sem qualquer riqueza, mas que é disputada pelo assassino Frank (Henry Fonda), a soldo do industrial dos caminhos-de-ferro, Morton (Gabriele Ferzetti). Atraídos ao local são Cheyenne (Jason Robards), um bandido em fuga das autoridades, cujo bando surge incriminado nos crimes de Frank, e o misterioso Harmonica (Charles Bronson), que vai marcando encontros com Frank, e matando os homens deste, que aparecem no seu lugar. Continuar a ler →

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