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Alfred Hitchcock, Alfred Maria Willner, Cinema, Comédia, Comédia Romântica, Edmund Gwenn, Ernst Marischka, Esmond Knight, Fay Compton, Filme de época, Heinz Reichert, Jessie Matthews, Johan Strauss II, Johann Strauss I, Musical
Hitchcock deixara a British International Pictures em 1933, depois de produzir o filme “Lord Camber’s Ladies” de Benn W. Levy. O seu filme seguinte seria produzido por Tom Arnold, para a Gaumont, companhia onde Hitchcock se estreara como realizador, e trabalhara até “Easy Virtue” (1927). Tratou-se de um romance musical, com interpretações de Jessie Matthews, Edmund Gwenn, Fay Compton e Esmond Knight, que o próprio Hitchcock se arrependeria de ter realizado, por nada ter a ver com a sua restante obra.
Sinopse:
Schani, Johann Strauss filho (Esmond Knight), é um músico na orquestra do famoso Johan Strauss pai (Edmund Gwenn). Mas Schani ambiciona ser também compositor, embora veja os seus esforços ser sempre desprezados pelo seu pai. Um dia a Condessa Helga von Stahl (Fay Compton) decide encomendar a Schani uma valsa para o seu poema “Danúbio Azul”. Percebendo a luta do jovem compositor, ela incentiva-o a ir contra o próprio pai. Só que ao fazê-lo, Schani está a colocar em perigo a sua relação com a sua noiva (Jessie Matthews), que sente ciúmes da Condessa.
Análise:
Em 1934 Alfred Hitchcock tinha já deixado a British International Pictures, para a qual realizara dez longas-metragens, além de alguns excertos para outros filmes. Foi então abordado por Tom Arnold, da Gaumont British Picture Corporation, para a qual Hitchcock trabalhara no início da sua carreira. Arnold trouxe a Hitchcock o projecto de passar ao cinema o musical austríaco “Waltzes from Vienna” com libreto de Heinz Reichert, Alfred Maria Willner e Ernst Marischka, e música de Johann Strauss I e Johann Strauss II, arranjada por Julius Bittner e Erich Wolfgang Korngold.
Pouco criterioso nas escolhas, como o viria a confessar mais tarde, Hitchcock aceitou fazer o filme, pois precisava de trabalhar. Com argumento de Alma Reville e Guy Bolton, o filme alterou substancialmente o libretto original, tornando-se um romance de leves tons musicais, num misto de comédia ligeira que apelasse a toda a família. Com pouco que o aproxime do musical original, e sem qualquer rigor histórico, o filme torna-se uma operetta ao estilo do cinema inglês dos anos 30, com peças musicais a intercalar romance e comédia, um pouco como Hitchcock já realizara em “Elstree Calling” (1930).
A história gira em torno da pretensa concepção da mais famosa valsa de Johann Strauss II, “Danúbio Azul”. Strauss filho (Esmond Knight), ou Schani, como é afectuosamente chamado, é um jovem romântico que sonha em compor e dedicar as suas músicas à amada Rasi (Jessie Matthews), filha de um pasteleiro. Só que os seus esforços encontram a oposição do seu pai, o despótico e famoso chefe de orquestra, Johann Strauss I (Edmund Gwenn).
A sorte de Schani muda quando este ganha o interesse da Condessa Helga von Stahl (Fay Compton), companheira do poderoso, e facilmente encolerizável, Príncipe Gustav (Frank Vosper). Juntos concebem um plano para fazer a orquestra de Strauss pai tocar a valsa de Strauss filho, sem que aquele o saiba. Só que a aproximação entre Schani e a Condessa vem provocar o ciúme de Rasi, que quase obriga Schani a deixar a música para trabalhar como pasteleiro com pai desta.
O filme tem os lugares comuns que se esperam numa comédia romântica, feitos de encontros e desencontros, e inúmeras situações cómicas, por vezes absolutamente burlescas, como o são a sequência do incêndio inicial, e aquelas em que o personagem de Frank Vosper está envolvido.
Tendo como ponto alto do enredo a execução (integral, diga-se) do “Danúbio Azul”, o filme é uma comédia desenhada para toda a família, e sem que nela se veja algum vislumbre da linguagem e temática hitchcockiana.
Como vinha acontecendo com os seus filmes mais recentes, “Valsas de Viena” foi um fracasso, num momento em que a carreira de Hichcock atingia o seu ponto mais baixo. Felizmente a salvação estava ao virar da esquina, pelas mãos do seu antigo produtor Michael Balton.
Para a posteridade ficava a forma de Hitchcock trabalhar a apresentação de uma melodia, desde curtas frases e esboços até à climática apresentação final, algo que faria nalguns dos seus filmes mais famosos das décadas seguintes.
Produção:
Título original: Waltzes from Vienna [Título Alternativo: Strauss’ Great Waltz]; Produção: Tom Arnold Productions, Gaumont British Picture Corporation; País: Reino Unido; Ano: 1934; Duração: 77 minutos; Distribuição: Gaumont British Distributors (Reino Unido); Estreia: Março de 1934 (Reino Unido), 29 de Setembro de 1934 (Portugal).
Equipa técnica:
Realização: Alfred Hitchcock; Produção: Tom Arnold; Argumento: Guy Bolton, Alma Reville [baseado no musical de Heinz Reichert, Alfred Maria Willner e Ernst Marischka]; Música: Johann Strauss I, Johann Strauss II; Arranjos Musicais: Hubert Bath; Direcção Musical: Louis Levy; Direcção de Produção: Henry Sherek; Assistente de Realização: Richard Beville; Fotografia: Glen MacWilliams [preto e branco]; Direcção Artística: Oscar Werndorff; Montagem: Charles Frend.
Elenco:
Jessie Matthews (Rasi), Edmund Gwenn (Johann Strauss, pai), Fay Compton (Condessa Helga , on Stahl), Esmond Knight (Johann Strauss, filho), Frank Vosper (Príncipe Gustav), Robert Hale (Ebezeder), Charles Heslop (Criado Pessoal), Hindle Edgar (Leopold), Marcus Barron (Anton Drexter), Betty Huntley-Wright (Criada pessoal).