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Cinema, Comédia, Comédia Romântica, Farsa, Gila Golan, James Best, Janet Leigh, Jerry Lewis, Kathleen Freeman, Leslie Parrish, Mary Ann Mobley
O bem-sucedido artista Chris Pine (Jerry Lewis) recebe uma proposta para ir a Paris pintar, e quer levar consigo a noiva, a psicanalista Dra. Liz Acord (Janet Leigh). Só que esta sente que não pode abandonar três das suas pacientes (Mary Ann Mobley, Gila Golan e Leslie Parrish), todas numa fase delicada da sua terapia, todas elas com traumas provindos de desilusões amorosas. Para abreviar o tratamento, Chris decide então desmultiplicar-se para, secretamente, criar os homens perfeitos de cada uma das três mulheres, e assim curar os seus traumas.
Análise:
“Uma Poltrona para Três” é o primeiro filme de Jerry Lewis fora da Paramount Pictures, depois de ter terminado o seu contrato, com o filme “Boeing Boeing” (1965) dirigido por John Rich, para o produtor Hal B. Wallis, e no qual Lewis (contracenando com Tony Curtis) não teve voz criativa. Agora na Columbia, nota-se já alguma diferença no caminho percorrido, num filme que Lewis produz (através da sua própria companhia) e realiza, mas que não escreve, nem tem o dedo do seu habitual colaborador Frank Tashlin.
O resultado é uma história que começa por nos apresentar o personagem de Jerry Lewis (chamado Chris Pride) como uma pessoa normal, integrada, com um brilhante presente (é artista consagrado), namorando uma psiquiatra de sucesso, a Dra. Liz Acord (Janet Leigh). Tudo o que Chris quer é aproveitar um prémio do governo francês para pintar um mural em Paris, e levar a noiva, com quem pretende casar no navio. Só que esta está preocupada, pois dos seus pacientes há três jovens raparigas (Mary Ann Mobley, Gila Golan e Leslie Parrish) que não poderão ficar sem terapia. Todas elas partilham do mesmo mal. Traumas provenientes de relações amorosas, que as levaram a detestar o sexo oposto. Perante isto, Chris com a cumplicidade do amigo Dr. Ben Mizer (James Best), decide criar os homens ideais das três raparigas, e curá-las a tempo de libertarem Liz para ir com ele para Paris.
Claro que isso implica uma desmultiplicação de Chris, com muita imaginação, improviso, e algum infortúnio à mistura, a proporcionarem as gargalhadas de “Uma Poltrona para Três”, com Jerry Lewis a ter inúmeras oportunidades para desenhar os seus bonecos, parodiar-se, usar do seu reconhecido humor físico e domínio do seu corpo, mesmo que por vezes a exagerar no seu histrionismo, tornando-se demasiado caricatural.
Durante este exercício, Chris é um pretenso cowboy, um pretenso zoólogo e um pretenso atleta, todos cheios de tiques e idiossincrasias que são pano de fundo para as caricaturas de Lewis, e que proporcionam uma divertida cena em que Chris finge ser dois gémeos o que implica uma mudança de roupa (e de género) enquanto conversa com a sua «vítima».
As situações sucedem-se, e o filme vive dos encontros entre Chris e cada uma das três raparigas, até à apoteose final, na qual Chris, julgando-se já a salvo, vai dar a uma festa surpresa, onde se reúne todo o elenco. As muitas tentativas de fuga de Chris, sempre boicotadas pelo acaso, levam o filme até ao burlesco final no porto, onde brilha ainda o «bêbedo» Buddy Lester. No final tudo se resolve a bem, lembrando-nos que estamos, afinal, em presença de uma comédia romântica.
Falando dos actores, se Jerry está entre o melhor e o pior, já Janet Leigh é discreta e competente, e James Best consegue ser divertido. Pior estão as três vítimas de Jerry, demasiado estereotipadas e desinteressantes, e ainda Kathleen Freeman, mais um exemplo da demasiada caricaturização, num papel que repetiu ao longo dos anos com Lewis, e que torna o filme uma espécie de requentar de gags e interpretações antigas.
Produção:
Título original: Three on a Couch; Produção: Jerry Lewis Productions; País: EUA; Ano: 1966; Duração: 109 minutos; Distribuição: Columbia Pictures; Estreia: Março de 1966 (EUA).
Equipa técnica:
Realização: Jerry Lewis; Produção: Jerry Lewis; Produtor Associado: Joe E. Stabile; Argumento: Bob Ross, Samuel A. Taylor [a partir de uma história de Arne Sultan e Marvin Worth]; Música: Lou Brown; Fotografia: W. Wallace Kelley [cor por Pathécolor]; Montagem: Russel Wiles; Design de Produção: Howard Bristol; Direcção Artística: Leo K. Kuter; Cenários: Howard Bristol; Figurinos: Moss Mabry; Caracterização: Ben Lane; Direcção de Produção: Howard Pine.
Elenco:
Jerry Lewis (Christopher Pride / Warren / Ringo / Rutherford / Heather), Janet Leigh (Dr. Elizabeth Acord), Mary Ann Mobley (Susan Manning), Gila Golan (Anna Jacque), Leslie Parrish (Mary Lou Mauve), James Best (Dr. Ben Mizer), Kathleen Freeman (Murphy), Jesslyn Fax (Convidada Com Chapéu de Penas), Buddy Lester (O Bêbedo), Renie Riano, Renzo Cesana (O Embaixador), Fritz Feld (O Adido).