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Alexis Minotis, Antigo Egipto, Cinema, Dewey Martin, Drama, Filme de época, Filme Histórico, Howard Hawks, Jack Hawkins, James Robertson Justice, Joan Collins, Kerima, Sydney Chaplin
No Antigo Egipto, Khufu (Jack Hawkins) é o faraó, vitorioso de muitas guerras, que usa como modo de aumentar o seu tesouro. Numa delas traz como escravos o povo do arquitecto Vashtar (James Robertson Justice), a quem ele promete liberdade se este lhe construir uma pirâmide que albergue o seu tesouro, e seja à prova de roubo. Planos diferentes tem a princesa cipriota Nellifer (Joan Collins), trazida para o Egipto como despojo de guerra, e que aos poucos vai subindo na escala, tornando-se segunda mulher do faraó. Fascinada com o tesouro do faraó, a Nellifer vai orquestrar a morte da rainha Nailla (Kerima), e depois do próprio faraó, para herdar ela o tesouro.
Análise:
Através da Continental Company, a Warner Bros. encarregou o grande Howard Hawks de produzir e realizar mais um épico histórico, com acção no Antigo Egipto, para mais uma tentativa de voltar ao cinema espectáculo de milhares de figurantes, paisagens exóticas, cenários caros e um fundo histórico que, embora sem qualquer rigor, era sempre passível de apaixonar o público.
Com argumento onde participou o célebre escritor William Faulkner, e filmagens que passaram pelo Egipto e pela Cinecittà, em Roma, Hawks realizou “A Terra dos Faraós”, com Jack Hawkins e Joan Collins nos principais papéis.
O filme conta-nos a história do faraó Khufu (Jack Hawkins), cujo principal hobby parece ser o de iniciar guerras todos os anos, com o único objectivo de aumentar o seu tesouro. Temente à sua religião, Khufu amealha para a vida eterna, sonhando com o dia em que possa ser enterrado em segurança, com o seu tesouro. Para isso, um dia escraviza o povo do arquitecto Vashtar (James Robertson Justice), a quem promete liberdade se este lhe construir uma pirâmide à prova de roubo, que lhe sirva de túmulo mais ao seu tesouro.
Se por um lado Vashtar começa a trabalhar nesse longo empreendimento, por outro surge a princesa cipriota Nellifer (Joan Collins), trazida para o Egipto como refém de guerra, mas que, graças à sua astúcia e rebeldia, fascina o faraó, que se convence da dedicação daquela mulher, tornando-a a sua segunda esposa. Mas Nellifer tem uma única paixão, o tesouro do marido. Com o conluio do capitão da guarda, Treneh (Sydney Chaplin), Nellifer vai maquinar para conseguir a morte da rainha Nailla (Kerima), e depois do próprio faraó. Só que lhe resta ainda vencer a astúcia do Sumo-sacerdote e melhor amigo de Khufu, Hamar (Alexis Minotis), o qual vai presidir às cerimónias fúnebres que incluem o encerramento do faraó e seu tesouro dentro da pirâmide, juntamente com os seus criados pessoais e… a rainha Nellifer.
Prometendo acção e dramas épicos, a Warner acabou por dar ao seu público um filme onde o drama se passa nos bastidores do palácio, entre as congeminações pérfidas de uma escrava tornada princesa, que acaba por dominar o seu marido-faraó, com passagens subtis de fetichismo (onde não faltam estaladas e chicotadas, aqui recebidas quase com deleite). A intriga é, por isso, simples e unidireccional, centrada no tesouro de um faraó que nos quer dar a ideia da história do Egipto como se fosse um jogo de aumentos de riqueza. A esse nível, “A Terra dos Faraós” não é apenas mais um filme de Hollywood que pouco se preocupa com rigor histórico, é acima de tudo uma anedota. Esta repete-se na forma como são retratadas as figuras reais, as cerimónias, a religião, os cânticos, etc.
Com uma intriga paralela em que um povo é trazido para o Egipto para construir a pirâmide (talvez uma piscadela de olhos à escravidão bíblica do povo hebreu), apesar de um enredo insipiente, este desvio dá-nos os pontos mais altos do filme. Estes relacionam-se com os métodos de construção da grande pirâmide, bem como com o seu dramático encerramento, em que nos parece estarmos a assistir a um verdadeiro momento histórico, ligado àquela maravilha do mundo.
Embora filmando com a sua habitual classe, e conseguindo uma interpretação interessante de Joan Collins, Howard Hawks, servido de mau material, tinha nas suas mãos o maior fracasso da sua carreira. O realizador faria mesmo um interregno de quatro anos, devido ao desalento causado por “A Terra dos Faraós”. Talvez o tempo dos épicos históricos estivesse a chegar ao fim, mas as suas obras maiores estavam ainda por nascer.
Produção:
Título original: Land of the Pharaos; Produção: Continental Company; País: EUA; Ano: 1955; Duração: 108 minutos; Distribuição: Warner Bros.; Estreia: 24 de Junho de 1955 (EUA), 14 de Dezembro de 1955 (Portugal).
Equipa técnica:
Realização: Howard Hawks; Produção: Howard Hawks; Produtores Associados: Arthur Siteman, Chuck Hansen [não creditado]; Argumento: William Faulkner, Harry Kurnitz, Harold Jack Bloom; Música: Dimitri Tiomkin; Fotografia: Lee Garmes, Russell Harlan [filmado em CinemaScope, cor por WarnerColor]; Montagem: Rudi Fehr; Direcção Artística: Alexandre Trauner; Figurinos: Mayo, Lucilla Mussini [não creditada]; Caracterização: Emile LaVigne; Efeitos Especiais: Donald Steward; Director de Produção: Chuck Hansen.
Elenco:
Jack Hawkins (Faraó Khufu), Joan Collins (Princesa Nellifer), Dewey Martin (Senta, Filho de Vashtar), Alexis Minotis (Hamar, O Sumo-sacerdote), James Robertson Justice (Vashtar, Mestre Arquitecto), Luisella Boni [como Luisa Boni] (Kyra), Sydney Chaplin (Treneh, Capitão da Guarda), James Hayter (Mikka, Criado de Vashtar), Kerima (Rainha Nailla), Piero Giagnoni (Xenon).