Etiquetas
Billy wilder
por Hugo Gomes
autor do blog Cinematograficamente Falando
Quando referimos o cinema clássico de Hollywood, dificilmente deixaremos de lado o realizador e argumentista Billy Wilder, o qual o próprio autor Woody Allen aclama como “inspiração”.
Nascido na Polónia em 1906, na localidade de Galícia, Samuel Wilder tinha como original ambição ser advogado, mas após a sua mudança para Viena torna-se jornalista de uma tablóide alemã. Desde então entrou no ramo do cinema como guionista. Devido à ascensão de Hitler e do regime nazista, Wilder não teve outra opção do que emigrar para os EUA, um país do qual desconhecia a língua, mas que conseguiu “dominá-la” em pouco tempo.
Adquirindo o nome artístico de Billy Wilder, o autor consegue por fim integrar-se na indústria do cinema norte-americano com a ajuda do seu amigo e actor Peter Lorre, e em conjunto com Charles Brackett começou a escrever argumentos de diversos clássicos como Ninotchka (1939) com Greta Garbo no principal papel.
Só em 1942 é que começou a dirigir os seus primeiros filmes, enquanto o seu anterior parceiro da escrita, Brackett seguiu como produtor dessas mesmas obras, uma parceria que durou até 1950 com Sunset Boulevard a vencer o Óscar de Melhor Argumento Original. Depois disso o cineasta continuou na indústria cinematográfica, realizando, escrevendo e produzindo os seus próprios projectos.
Símbolo de ousadia de uma Hollywood ainda inocente e preservadora dos bons valores morais, Billy Wilder explorou os diversos géneros cinematográficos desde o film noir até ao drama, com evidente tendência para a comédia romântica o qual definiu variados parâmetros e lugares-comuns que ainda hoje são difíceis de contornar. Fascinado por personagens ambíguas e “estrelas caídas”, Wilder é também caracterizado pelo ligeiro tom de perversidade que concentra nas suas obras, culminando por vezes como foi o caso do curioso Kiss Me, Stupid, reacções iradas da Liga Católico-Romana da Decência. O último filme do autor foi Buddy Buddy (Amigos da Onça em português), um divertido trabalho com uma das suas duplas predilectas Jack Lemmon e Walter Mathau. Billy Wilder morreu em 2002, no dia 27 de Março, tinha 95 anos.
Neste ciclo iremos acompanhar as sete obras incontornáveis da carreira de Billy Wilder, a começar por Double Indemnity em 1944, um film noir que preserva todos os ingredientes possíveis e imaginários do subgénero, “plus” o talento e criatividade de Wilder e o seu parceiro Charles Brackett.
De seguida paramos em 1950 com o final dessa cooperação. Sunset Boulevard é a obra-prima mais badalada do autor, um ácido e nada ingénuo retrato de uma Hollywood cruel para com as suas memórias e património. Uma diva do cinema mudo (Gloria Swanson), isolada na sua luxuosa mansão que vive um amor obsessivo por um fracassado e oportunista argumentista (William Holden). O desfecho deste filme de contornos noir é icónico e fantasmagoricamente eternizado.
Depois segue-se The Seven Year Itch (1955), o primeiro trabalho com a actriz Marilyn Monroe, naquele que foi um dos papéis mais elogiados da sua carreira. Quem não se lembra da sequência do ventilador, que em combinação com o vestido branco de Monroe origina uma das (se não a) imagens de marca do realizador, contudo este foi um dos poucos filmes que não escreveu.
Passados quatro anos surge um dos maiores êxitos do seu trabalho, Some Like it Hot (1959), icónica comédia romântica, entre as melhores do género sem dúvida, que evidencia o regresso de Wilder e a Marilyn Monroe em outro desempenho divertido. A fita também contou com os desempenhos de Tony Curtis e Jack Lemmon.
Este último protagoniza The Apartment (1960), um filme altamente criativo sobre um homem que alugou um apartamento mas sob diversas circunstâncias não consegue usufruir dele.
Vencedor o Óscar de Melhor Filme. Em 1974, o bem-sucedido The Front Page, um dos melhores filmes da dupla maravilha Jack Lemmon e Walter Mathau e por fim o pessoal Fedora (1978), descrito pelo próprio Billy Wilder como uma sequela não oficial de Sunset Boulevard, a continuação do desprezo de Hollywood pelas suas antigas estrelas e as crónicas de uma actriz em pura decadência, conta com excelentes prestações de William Holden e Marthe Keller.
Filmes aconselhados:
- “Pagos a Dobrar” (Double Indemnity, 1944)
- “Crepúsculo dos Deuses” (Sunset Boulevard, 1950)
- “O Pecado Mora ao Lado” (The Seven Year Itch, 1955)
- “Quanto Mais Quente Melhor” (Some Like It Hot!, 1959)
- “O Apartamento” (The Apartment, 1960)
- “Primeira Página” (The Front Page, 1974)
- “O Segredo de Fedora” (Fedora, 1978)