Épicos de Douglas Fairbanks

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Introdução

Douglas FairbanksSe hoje, quando pensamos em grande cinema de aventura, pensamos em filmes de super-heróis, repletos de CGI e proezas impossíveis, ou pensamos em perseguições, tiroteios e máquinas vertiginosas de séries como Missão Impossível, 007 e Fast And Furious, ou, indo um pouco atrás, até na aventura romântica da década de 1980 que atingiu o zénite nos filmes da série Indiana Jones, podemos sempre perguntar-nos onde tudo isto começou.

Se é verdade que cada geração tem os seus heróis, antes de Tom Cruise houve Harrison Ford, e antes deste, Errol Flynn, tudo começou com um nome: Douglas Fairbanks. Ele foi o criador do grande cinema de aventura, de heróis românticos imortais, de proezas atléticas inspiradoras e de um cinema faustoso, maior que a vida, que muito ajudou a elevar a aura de Hollywood, fazendo dele o rosto mais conhecido do cinema a seguir a Chaplin, e dos seus filmes fenómenos de bilheteira em todo o mundo.

 

Início de carreira

Nascido em Denver, Colorado, em 1883, Douglas Elton Thomas Ullman foi o segundo filho do advogado e empresário de origem judia Charles Ullman, e da católica Ella Adelaide, esta já no seu terceiro casamento. Abandonados por Charles devido à infidelidade da esposa, a família ficou a cargo de Ella, em Denver. Deixando os estudos aos 15 anos para se dedicar ao teatro, Douglas mudou o apelido para Fairbanks (apelido do primeiro marido da sua mãe), e integrou várias companhias, que o levaram a muitas cidades, incluindo representações na Broadway.

Charles Chaplin, Mary Pickford e Douglas FairbanksEm 1915, Douglas Fairbanks tentou a sua sorte em Hollywood, e foi contratado pela Triangle Pictures, onde conheceu D. W. Griffith. Embora, artisticamente, os dois homens não fossem compatíveis, ficou a amizade que seria importante nos anos seguintes. Participando, principalmente em comédias românticas e aventuras ligeiras, Douglas aspirava a mais, e isso levou-o a fundar a Douglas Fairbanks Film Corporation logo em 1916, para chamar a si o controlo criativo das suas futuras produções.

Foi também em 1916 que Fairbanks conheceu Mary Pickford, a maior estrela de Hollywood de então, com quem iniciaria um badalado romance, apesar de ambos serem casados com outros. A relação com Pickford e a amizade do par com Charles Chaplin (Pickford e Chaplin eram os dois mais bem pagos actores de então) lançavam Fairbanks nas primeiras páginas das revistas, com o trio a viajar em digressões mediáticas pelo país na obtenção de fundos para o esforço de guerra.

 

Everybody’s Hero

Douglas Fairbanks e Mary PickfordEm 1919, Fairbanks era já o terceiro mais bem pago actor de Hollywood, e juntamente com Pickford, Chaplin e Griffith fundou a United Artists, uma distribuidora que queria ser veículo para pequenas produtoras que assim podiam fugir à alçada das maiores produtoras-distribuidoras de então, mantendo os lucros dos filmes nas mãos dos artistas por detrás dos filmes.

Só em 1920, resolvidos os seus divórcios, Douglas Fairbanks e Mary Pickford puderam casar, com o evento a apaixonar o mundo e as colunas sociais. Pickford, conhecida como “American’s Sweetheart”, e Fairbanks, o “Everybody’s Hero”, embarcaram numa lua de mel europeia com contornos de visitas de estado, sendo recebidos euforicamente por todos os países onde passavam, que os descreviam como “Realeza de Hollywood”.

Foi por essa altura que Fairbanks desenvolveu a sua ideia de criar um novo cinema de aventuras, baseando-se em heróis populares, criando filmes de época em aventuras de capa e espada repletas de acção e de dimensões épicas, graças a cenários grandiosos, uso de muitos figurantes e guarda-roupas elaborados, onde as suas proezas atléticas pudessem ser exibidas. O primeiro filme desta nova onda foi “O Sinal do Zorro” (The Mark of Zorro, 1920), realizado por Rouben Mamoulian, e o seu estrondoso sucesso levou Fairbanks a continuar por este caminho, espantando o mundo com produções cada vez elaboradas.

Imagem de "O Sinal de Zorro" (The Mark of Zorro, 1920), de Rouben Mamoulian

Mas a estrela de Douglas Fairbanks não durou muito tempo, pois a chegada do cinema sonoro fez o público preferir outro tipo de filmes. Com o seu último grande épico, “Máscara de Ferro” (The Iron Mask, Allan Dwan, 1928) a levar com uma banda sonora para ser descrito como parcialmente falado e tentar apanhar o comboio do sonoro. Como resposta aos desafios do sonoro, Fairbanks contracenou pela primeira vez com Mary Pickford na adaptação de Shakesteare “A Fera Amansada” (The Taming of the Shrew, Sam Taylor, 1929), Imagem de "O Ladrão de Badgad" (The Thief of Baghdad, 1924), de Raoul Walshmas o seu sucesso ficou muito aquém daquilo a que o par se tinha habituado. Desiludido com o declínio da sua popularidade, numa altura em que a sua condição física já não lhe permitia as proezas de outrora, Douglas Fairbanks participaria apenas em mais três filmes sonoros, terminando a carreira com a produção inglesa “A Última Aventura de D. João” (The Private Life of Don Juan, Alexander Korda, 1934).

 

Os últimos anos

Douglas Fairbanks e Mary Pickford em "A Fera Amansada" (The Taming of the Shrew, 1929), de Sam TaylorContinuando ligado ao cinema, para além da sua carreira de actor, Fairbanks criou (com Pickford e Chaplin) o Motion Picture Fund para ajudar financeiramente actores e técnicos que se encontrassem em dificuldades. Douglas Fairbanks, foi eleito como primeiro Presidente Motion Picture Academy of Arts and Sciences de Hollywood e foi o apresentador da primeira cerimónia dos Oscars, em 1929.

Fairbanks e Pickford divorciar-se-iam em 1936, ano em que o actor-produtor casou pela terceira vez. Falecido, em 1939, devido a problemas cardíacos, Douglas Fairbanks, foi o primeiro galardoado com um Oscar póstumo, no ano seguinte. Deixou como filho, Douglas Fairbanks Jr. (fruto do seu primeiro casamento), que teria uma longa carreira como actor e produtor em Hollywood.

Douglas Fairbanks em "O Pirata Negro" (The Black Pirate, 1926), de Albert Parker

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