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Tag Archives: Distopia futurística

Universos Paralelos – 32 – As caricaturas distópicas de Paul Verhoeven

20 Quinta-feira Ago 2020

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Distopia futurística, Ficção Científica, Paul Verhoeven, Podcast, Segundo Take, Universos Paralelos

Universos Paralelos - 32 - As caricaturas distópicas de Paul Verhoeven

Pode ouvir aqui o trigésimo segundo episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no website Segundo Take.

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Universos Paralelos – 32 – As caricaturas distópicas de Paul Verhoeven

19 Quarta-feira Ago 2020

Posted by jc in Universos Paralelos

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Cinema, Distopia futurística, Ficção Científica, Paul Verhoeven, Podcast, Segundo Take, Universos Paralelos

Universos Paralelos

Esta semana publicamos o trigésimo segundo episódio de Universos Paralelos, da autoria do António Araújo (Segundo Take), do José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e do Tomás Agostinho (Imaginauta).

A proposta é uma trilogia de distopias de ficção científicas com a mão de Paul Verhoeven.
podcast

 

As caricaturas distópicas de Paul Verhoeven

Paul Verhoeven com Paul Weller nas filmagens de "RoboCop - O Polícia do Futuro" (RoboCop, 1987), de Paul Verhoeven

É em “RoboCop” (1987) que a obra de Paul Verhoeven, o holandês que iniciou a sua carreira a fazer filmes para a marinha holandesa, inaugura, simultaneamente, o seu destaque junto do grande público (com duas nomeações e uma vitória por parte da Academia) e o conjunto temático que irá marcar esta trilogia.

Nos anos 80, em plena América de Ronald Reagan, durante uma crise (sem fim) de políticos corruptos, violência nas ruas, crescimento do capitalismo desenfreado, crise económica, gentrificação, controlo dos media e aquilo que dá, de certo modo, mote ao filme, a militarização da força policial, o realizador Paul Verhoeven – um desconhecido dos costumes e valores da sociedade americana, um estranho numa terra estranha –, juntamente com os argumentistas Ed Neumeier e Michael Miner constroem um perturbador comentário sociopolítico sobre essa América. Na pele do protagonista, Alex Murphy, o polícia tornado ciborgue, que procura a sua humanidade perdida, é-nos apresentado, talvez pela primeira vez no cinema, essa ideia da percepção do homem-máquina, um corpo transformado que passa a perceber o mundo de outra forma e que também se percebe a si mesmo de forma diferente (tema igualmente recorrente em “Total Recall” (1990)). Esta ideia de uma (trans)mutação encerra consequências ao nível da identidade e da essência de Murphy (ideia igualmente fracturante na questão das memórias e implantes em “Total Recall”), a quem é furtado uma ideia de humanidade substituída pela desumanização da máquina (lembremos a linha diálogo, após o atentado à sua vida, sobre o braço que perante a possibilidade de ser salvo não o é, pois apenas tornaria Murphy mais humano). Esta consequente modificação corporal desumaniza-o, torna-o numa máquina ao dispor corporativo, o processo de dessubjectivação não é mais que um de controlo, o exterior modifica o interior. É no meio de uma feroz sátira social contra a violência corporativa no controlo das liberdades pessoais que Murphy se começa a libertar da garra que o controla. Essa viagem de volta à sua humanidade não é mais que um processo de ressubjectivação e do desejo. O desejo de voltar a ver a sua família (como veremos em “RoboCop 2” (1990)), passa pelo processo de se lembrar, de recuperar as suas memórias, como se estivessem na raíz da sua concepção pessoal, um eu dado pela reminiscência.

Imagem de "RoboCop - O Polícia do Futuro" (RoboCop, 1987), de Paul Verhoeven

Transversal a esta ideia de homem-máquina encontramos (tal como nos outros filmes) uma proposta transumana. Esta ideia do super-homem (o além-homem) não está despojada da sua crítica como podemos ver pelas consequências desumanas que a máquina traz. Será esta forma de crítica, onde os mundos que nos são propostos são o nosso mundo, o mundo actual, presente, apenas com alguns pormenores vincados, ampliados, exacerbados até à caricatura que transforma esse presente num futuro sinistro, de contornos satíricos, que marca a forma destes três filmes, que faz repensar o papel, por exemplo, da violência “excessiva”, como apontado pela crítica. Será realmente excessiva? Parece, por outro lado, jogar um papel estilístico nestas distopias. Numa narrativa eficiente, despojada de desvios ao nível da trama, a mais eficiente da trilogia, qualquer excesso apenas pode ter um propósito. Será, a meu ver, o da caricatura, uma ilustração do grotesco enquanto tal, que serve de força motriz para o questionamento das temáticas aqui em causa.

Imagem de "Desafio Total" (Total Recall, 1990), de Paul Verhoeven

Não é, portanto, inconsciente que “Total Recall” se debruce – porém de forma menos sintetizada, leva o seu tempo e escolhe desenvolver mais certas temáticas em detrimento de outras – sobre estas problemáticas. Uma continuação de “RoboCop”, temática e cronologicamente, pois não é difícil imaginar os três filmes como pertencentes a um mesmo universo, narrados em tempos diferentes. Se a dominação corporativa no primeiro filme se cingia a um certo controlo de uma fatia do estado, do governo e da democracia, as forças policiais, neste o atentado à democracia corresponde à privatização de uma sociedade inteira, Marte. Aquilo que era implícito em “RoboCop” é (mais) explícito aqui. As memórias que moldam a nossa identidade tomam a forma literal de duas personagens, Hauser e Quaid, o agente secreto e o operário com sonhos de grandeza, respectivamente. Mas não é, à semelhança do polícia ciborgue, apenas uma questão de identidade, torna-se também uma questão de realidade. São as memórias uma ferramenta epistemológica viável da nossa vivência? Pode isto ser um sonho? “Your whole life is just a dream”. Ou “You are not you. You are me”. Existe uma multiplicidade de eus em cada momento, os efectivos (Hauser e Quaid) e todos os potenciais, virtuais, que se encontram no espectro entre esses dois. Será desse espectro que emerge o personagem com que o filme encerra: já não é Quaid (pois recuperou as suas memórias, uma total recall, uma rememoração completa), mas também se recusa (é tal como em “RoboCop” uma questão de desejo, de liberdade subjectiva) a ser Hauser e a questão final de se isto tudo pode ser um sonho, deixa de ser relevante, os factos empíricos são tão falíveis como as memórias, porque escolhemos as que querem moldar a nossa identidade.

Imagem de "Soldados do Universo" (Starship Troopers, 1997), de Paul Verhoeven

É apenas em “Starship Troopers” (1997) que encontramos o apogeu da sátira e da caricatura distópica. Neste universo qualquer tentativa de construir uma democracia é esquecida. Se em “Total Recall” a revolução social teve os seus frutos em Marte, neste filme a revolução não existe, a sociedade totalitária e distópica é-nos dada como utópica. Os personagens são tipificados e perderam qualquer contorno de humanidade muito antes do filme terminar, não existe nenhum caminho ou viagem da desumanização para humanização, uma procura pelo eu, como vimos nos outros dois filmes. São modelos perfeitos (em aparência e carácter), são máquinas de guerra. A falência da democracia, às mãos de uma sociedade bélica, regida pelos militares, é total. À semelhança de sociedades totalitárias da História apenas um grupo elegível de pessoas pode votar, por exemplo, o direito máximo do cidadão (em oposição ao civil). Mas essa característica é apenas o início de um discurso irónico, característica máxima desta narrativa, pois o voto tem uma validade nula (o espectador desconhece a sua utilidade, portanto é, como todo o filme, uma ferramenta de propaganda), na medida em que existe apenas uma maneira de sair desse regime militar, morrendo. Tal como a guerra, o alistamento é eterno.

Porém não é de guerra que o filme fala, mas sim, antes de mais, de uma imagem da guerra. Todo o filme é-nos apresentado sob a forma de publicidade e propaganda, anúncios, notícias, como imagens da realidade que são tomadas como a realidade, a realidade – não muito diferente da maneira como vivemos a nossa, fora do grande ecrã – é construída por discursos e por imagens.

Estas formas de controlo, que encontramos nos três filmes, têm, acima de tudo, um propósito, (re)construir a História e reorganizar narrativas.

Tomás Agostinho, Agosto de 2020.

 

Fontes primárias

Cinema

  • RoboCop – O Polícia do Futuro (RoboCop, Paul Verhoeven, 1987)
  • Desafio Total (Total Recall, Paul Verhoeven, 1990)
  • Soldados do Universo (Starship Troopers, Paul Verhoeven, 1997)

Literatura

  • Heinlein, Robert A. (1959) Starship Troopers. New York City, NY: G. P. Putnam’s Sons [traduzido em português como “Soldado no Espaço” – Livros do Brasil, colecção Argonauta: nº 129; e Soldados do Universo – Editorial Notícias, colecção Literatura e Cinema]
  • Dick, Philip K. (1966) We Can Remember It for You Wholesale. in The Magazine of Fantasy & Science Fiction. Hoboken, NJ: Spilogale, Inc. [traduzido em português como “Recordações por Atacado” em “A Máquina Preservadora – 1” – Livros do Brasil, colecção Argonauta: nº 387]

 

Fontes secundárias

Cinema

    RoboCop

  • RoboCop 2 (Irvin Kershner, 1990)
  • RoboCop 3 – Fora da Lei (RoboCop 3, Fred Dekker, 1993)
  • RoboCop (José Padilha, 2014)
  •  
    Total Recall

  • Desafio Total (Total Recall, Len Wiseman, 2012)
  •  
    Starship Troopers

  • Soldados do Universo 2: O Herói da Federação (Starship Troopers 2: Hero of the Federation, Phil Tippett, 2004)
  • Starship Troopers 3 (Starship Troopers 3: Marauder, Edward Neumeier, 2008)
  • Starship Troopers: Invasion (Shinji Aramaki, 2012)
  • Starship Troopers: Traitor of Mars (Shinji Aramaki, Masaru Matsumoto, 2017)

Televisão

    RoboCop

  • RoboCop (1988, Marvel Productions) [12 episódios]
  • RoboCop (1994, Rysher/SkyVision/Rigel) [22 episódios]
  • RoboCop: Alpha Commando (1998–1999, MGM Animation) [40 episódios]
  • RoboCop: Prime Directives (2001, Fireworks/MGM) [4 episódios]
  •  
    Total Recall

  • Total Recall 2070 (2001, Alliance Atlantis) [22 episódios]
  •  
    Starship Troopers

  • Starship Troopers (1988, Sunrise) [6 episódios]
  • Roughnecks: Starship Troopers Chronicles (1999–2000, Verhoeven-Marshall) [36 episódios]

Banda Desenhada

    RoboCop

  • Miller, Frank; Simonson, Walt (1992) RoboCop Versus The Terminator. Milwaukie, Oregon: Dark Horse Comics
  • Grant, Steven; Ryp, Juan Jose (2003 – 2006) Frank Miller’s RoboCop. Rantoul, Illinois: Avatar Press
  • Coelho, Jorge; Wood, Brian (2018) RoboCop: Citizens Arrest. Los Angeles, California: Boom! Studios

Universos Paralelos – 6 – O futuro distópico de Terry Gilliam

19 Terça-feira Jun 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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O futuro distópico de Terry Gilliam

Pode ouvir aqui o sext episódio de Universos Paralelos:
PODCAST

E ler a respectiva folha de sala aqui:
FOLHA DE SALA

 

Universos Paralelos é um programa da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta), produzido e apresentado mensalmente no podcast Segundo Take.

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Universos Paralelos – 6 – O futuro distópico de Terry Gilliam

14 Quinta-feira Jun 2018

Posted by jc in Universos Paralelos

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Universos Paralelos #06: O futuro distópico de Terry Gilliam

Segunda-feira, dia 18 de Junho, chega o sexto episódio de Universos Paralelos, no podcast Segundo Take, da autoria de António Araújo (Segundo Take), José Carlos Maltez (A Janela Encantada) e Tomás Agostinho (Imaginauta).

Desta vez teremos “algo completamente diferente”, as incursões no futuro distópico de cenários retrofuturistas imaginados por Terry Gilliam. O programa poderá ser encontrado aqui:
podcast

 

Terry Gilliam

Nascido nos Estados Unidos em 1940, e mais tarde naturalizado inglês, renunciando mesmo à nacionalidade norte-americana, Terrance Vance Gilliam tornou-se conhecido no mundo do espectáculo audiovisual por ser um dos seis elementos da célebre troupe de comediantes Monty Python, que em 1969 começaram a surpreender o mundo com o seu programa de televisão “Monty Python’s Flying Circus” (BBC, 1969-1974).

Tal como os seus parceiros “pythonianos”, Terry Gilliam ostentava uma educação superior (Mestrado em Ciências Políticas) quando decidiu seguir a carreira artística, dando expressão à sua paixão pelo desenho e animação. Foi como animador e desenhador de banda desenhada na revista “Help!” que Gilliam iniciou a carreira nas artes gráficas, e quando esta fechou, rumou a Inglaterra, onde acabou a desenhar para televisão, nomeadamente no programa “Do Not Adjust Your Set” (1967-1969), onde conheceu os futuros Python Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones.

Nos Monty Python, Gilliam foi o responsável pelos elos de ligação animados entre sketches, que combinavam na perfeição com os cortes abruptos pretendidos no humor da série, e onde usava de um surrealismo de associação livre, humor negro e imaginário grotesco, feito de colagens, e recorrendo a conhecidas obras de arte e fotografias antigas, o que resultou num estilo muito próprio e ainda hoje inconfundível.

Aos poucos, Gilliam passou a ter um pouco mais de peso como actor e autor de sketches (principalmente na quarta temporada da série — aquela em que John Cleese tirou um ano de sabática —, e também nas actuações de palco), mas a sua contribuição, como se veria na passagem ao cinema, seria sobretudo na definição da imagem do grupo. Com essa vertente em mente, Gilliam assumiu a direcção (a meias com Jones) do filme “Monty Python e o Cálice Sagrado” (Monty Python and the Holy Grail, 1975), um filme que lida com temas históricos e fantasia, desconstruídos com o habitual humor corrosivo dos Python, num rumo que Gilliam prosseguiria nas suas obras a solo: “Aventuras em Terras do Rei Bruno, o Discutível” (Jabberwocky, 1977), “Os Ladrões do Tempo” (Time Bandits, 1981) e “A Fantástica Aventura do Barão” (The Adventures of Baron Munchausen, 1988), qualquer um deles com um ou mais Pythons presentes no elenco.

Após a realização da curta-metragem “The Crimson Permanent Assurance”, incluída em “O Sentido da Vida” (Monty Python’s The Meaning of Life, 1983), os Python seguiram caminhos separados, com Gilliam a mostrar que, dos seis, era o mais talhado (e motivado) para a carreira de realizador.

Em 1985, Terry Gilliam teria aquele que foi talvez o seu primeiro grande sucesso junto da crítica, com “Brazil: O Outro Lado do Sonho”, um filme que também escreveu, e que segundo o próprio faz parte da “Trilogia da Imaginação”, que compreende ainda “Os Ladrões do Tempo” e “A Fantástica Aventura do Barão”, e que passa por testemunhos do mundo através dos olhos de personagens deslocadas, à beira da loucura, ou em desespero (uma criança em “Os Ladrões do Tempo”, um adulto em “Brazil” e um idoso em “A Fantástica Aventura do Barão”). “Brazil” é, acima de tudo o primeiro dos filmes do que chamamos o futuro distópico de Terry Gilliam, uma espécie de conto “orwelliano” sobre uma sociedade futura, totalitária, presa a valores de pesadelo, sejam a extrema burocracia, a claustrofobia ou as idiossincrasias da classe dominante. Tudo nele é grotesco e surreal, numa pesada atmosfera de opressão, de que fugir parece ser a única opção sã.

Fuga da realidade, fronteira entre a sanidade e demência, futuro horrífico distópico é também o tema de “12 Macacos” (Twelve Monkeys, 1995), o segundo filme da “Trilogia Americana” — que compreende ainda “O Rei Pescador” (The Fisher King, 1991) e “Delírio em Las Vegas” (Fear and Loathing in Las Vegas, 1998) —, um remake do clássico de Chris Marker “La Jetée” (1962), e que nos tece uma complexa trama de viagens no tempo, numa história de inevitabilidade trágica, entre um futuro pós-apocalíptico e um presente não menos são, pelo menos para quem o vê com os olhos dos personagens de Gilliam.

Esta obsessão distópica por um futuro grotesco e surreal volta em “O Teorema Zero” (2013), um novo conto de solidão e disfunções sociais, num mundo ininteligível aos nossos olhos, onde tudo e nada parecem apontar para o completo absurdo do sentido da vida (novamente o piscar de olhos à história dos Monty Python).

José Carlos Maltez, Fevereiro de 2018

 

Fontes primárias

Filmografia

  • Brazil: O Outro Lado do Sonho (Brazil, 1985)
  • 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995)
  • O Teorema Zero (The Zero Theorem, 2013)

Fontes secundárias

Bibliografia

  • Gilliam, T., Christie, I. (1999) Gilliam on Gilliam. London: Faber and Faber.
  • McCabe, B.; Gilliam, T. (illustrations) (1999) Dark Knights and Holy Fools: The Art and Films of Terry Gilliam: From Before Python to Beyond Fear and Loathing. Darby, PA: Diane Publishing Co.
  • Gilliam, T. (2015) Gilliamesque: A Pre-posthumous Memoir. London: Harper Design.

Websites

  • Terry Gilliam (http://terrygilliamweb.com/)
  • Dreams – The Terry Gilliam fanzine (http://www.smart.co.uk/dreams/home.htm)

Documentários

  • Terry Gilliam: Career in 40 Minutes (Total Film, 2014) (https://www.youtube.com/watch?v=boxxgJIwbtc)
  • Inside the Head of Terry Gilliam (inteligence2, 2015) (https://www.youtube.com/watch?v=RfOSeMa0tmU)

Blade Runner: Perigo Iminente, 1982

28 Segunda-feira Jul 2014

Posted by jc in Mestres de ficção científica

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Cinema, Clones, Daryl Hannah, Distopia futurística, Edward James Olmos, Ficção Científica, Harrison Ford, Philip K. Dick, Ridley Scott, Rutger Hauer, Sean Young, Tech-Noir, William Sanderson

Blade RunnerSinopse:

Em Los Angeles, em 2019, Deckard (Harrison Ford) é um ex-Blade Runner, um detective especializado em executar Replicantes. Estes são clones humanos de vida curta, criados para trabalhar nas colónias extra-terrestres, mas proibidos de vir à Terra. Quando um grupo de replicantes, comandados por Roy Batty (Rutger Hauer), desobedece e vem à Terra para conseguir convencer o seu criador a aumentar-lhes o tempo de vida, Deckard é chamado de novo ao activo para os exterminar. Continuar a ler →

Relatório Minoritário, 2002

07 Segunda-feira Jul 2014

Posted by jc in Mestres de ficção científica

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Cinema, Colin Farrell, Distopia futurística, Ficção Científica, Lois Smith), Max Von Sydow, Peter Stormare, Philip K. Dick, Policial, Samantha Morton, Steven Spielberg, Tech-Noir, Tim Blake Nelson, Tom Cruise

Minority ReportSinopse:

Em 2054, o departamento de Pré-Crime de Nova Iorque previne os assassínios de ocorrer, com base nas previsões de três sobredotados (ditos pre-cogs) que, num estado de permanente transe, conseguem ver o futuro e projectar imagens dessas previsões. John Anderton (Tom Cruise) lidera a equipa que captura os pré-criminosos antes que os crimes ocorram, motivado pela incapacidade de recuperar o filho, raptado anos antes. A unidade, presidida por Lamar Burgess (Max von Sidow), está sob investigação das autoridades que decidem se a devem ou não tornar nacional. Para tal o trabalho de Anderton é minuciosamente escrutinizado pelo agente Danny Witwer (Colin Farrell). Quando uma previsão mostra o próprio Anderton como culpado de um crime por cometer, toda uma cadeia de eventos vai ser iniciada, colocando em causa tudo aquilo em que ele próprio acreditava. Continuar a ler →

Grau de Destruição, 1966

30 Segunda-feira Jun 2014

Posted by jc in Mestres de ficção científica

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Anton Diffring, Cinema, Cyril Cusack, Distopia futurística, Ficção Científica, François Truffaut, Julie Christie, Oskar Werner, Ray Bradbury

Fahrenheit 451Sinopse:

Num futuro próximo, os livros foram proibidos pelas autoridades, num regime ditatorial, que tenta controlar a liberdade de pensamento e criatividade. Guy Montag (Oskar Werner) é elemento do corpo de bombeiros, cuja única actividade é procurar livros escondidos, e queimá-los. Mas quando Montag conhece a sua vizinha Clarisse (Julie Christie), uma leitora de livros e livre-pensadora, este fica chocado pelo constraste com a sua esposa Linda (também Julie Christie), a qual vive eternamente sedada, e influenciada pelo sistema de televisões interactivas que invade a privacidade de cada casa. Tal torna Montag curioso, levando-o a confiscar livros e a começar a lê-los em segredo, sabendo que percorre um caminho que o colocará em perigo, quando descoberto. Continuar a ler →

1984, 1984

16 Segunda-feira Jun 2014

Posted by jc in Mestres de ficção científica

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Cinema, Cyril Cusack, Distopia futurística, Ficção Científica, George Orwell, Gregor Fisher, John Hurt, Michael Radford, Richard Burton, Suzannah Hamilton

Nineteen Eighty-FourSinopse:

Anos depois de Guerra Atómica, o Mundo reorganiza-se em três super-estados, Oceania, Eurasia e Eastasia. Oceania torna-se um estado totalitário, dirigida por um partido único, sob o mito do Grade Irmão que tudo observa. É sua política suprimir o individualismo, ditando o pensamento, e controlando a vida dos seus cidadãos. Contra isto insurge-se Winston Smith (John Hurt) que comete o crime de pensar por si, escrevendo num diário, e de se apaixonar por Julia (Suzanna Hamilton), com a qual comete o crime da relação carnal. O casal fica então à mercê dos tentáculos do Grande Irmão, que tudo vê, e cedo os irá descobrir. Continuar a ler →

A Vida Futura, 1936

13 Sexta-feira Jun 2014

Posted by jc in Mestres de ficção científica

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Cedric Hardwicke, Cinema, Distopia futurística, Edward Chapman, Ficção Científica, H. G. Wells, Margaretta Scott, Maurice Braddell, Ralph Richardson, Raymond Massey, William Cameron Menzies

Things to ComeSinopse:

Em 1940, na cidade de Everytown, três amigos cientistas, Cabal (Raymond Massey), Harding (Maurice Braddell) e Passworthy (Edward Chapman) conversam acerca dos avanços da ciência e preocupações com a guerra, quando rebenta uma guerra total que quase aniquila a humanidade. Em 1970, quando os efeitos dos gases e as doenças subsequentes já se dissiparam, Everytown é dominada por um chefe cruel (Ralph Richardson), que domina como senhor da guerra medieval. Continuar a ler →

No Céu Tudo É Perfeito, 1977

10 Sábado Ago 2013

Posted by jc in Surrealismo no cinema

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Avant-garde, Cinema, David Lynch, Distopia futurística, Expressionismo, Jack Nance, Mutantes, Surrealismo, Terror

EraserheadHenry Spencer é um cidadão pacato, que vive num qualquer subúrbio industrial, num apartamento que é um pequeno cubículo, sentindo a claustrofobia causada pelo que o rodeia. Ao descobrir, num excêntrico jantar de família, que a namorada está grávida, aceita casar com ela. Em sua casa o recém-nascido, de aspecto monstruosamente reptilíneo não pára de chorar, o que leva a que a esposa saia de casa de Henry. Este vive uma vida de eterno pesadelo, atormentado por sonhos, pela doença do estranho ser, e pelos seus desejos reprimidos. Continuar a ler →

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