
Dada alguma dificuldade em manter o ritmo de publicações do actual ciclo “Os filhos do Neo-realismo”, vamos aproveitar Outubro como o mês do halloween, para uma pausa no ciclo, passando de imediato a um assustador ciclo de terror.
O tema não podia ser mais directo: O Diabo como estrela de cinema.
Diz-se que Satanás, o príncipe dos demónios da mitologia cristã é a personagem mais vezes representada no cinema. Seja em breves referências, como presença implícita, em curtos cameos, ou como protagonista, seja na forma de um demónio bíblico, ou em figuras fantasiadas nele inspiradas, chamemos-lhe Lúcifer, Satanás, Mefistófeles, Belzebu, Satã, Demo, Capeta, Cão-tinhoso, Espírito Maligno, O Inimigo, Canhoto, Pé-de-Bode, Rabudo (os nomes são infindáveis), o chamado Príncipe das Trevas faz parte do imaginário humano quando toca a descrever o mal absoluto de natureza sobrenatural.
Com maior teor religioso ou seguindo uma fantasia mais livre, muitos têm sido os filmes em que o Príncipe das Trevas é chamado para primeiro plano, geralmente como personagem omnipresente que, sem protagonizar a obra, é o centro da acção das personagens. É uma escolha desses filmes que A Janela Encantada se propõe apresentar. Espera-se que não se pense que se trata de algum culto satânico, pois é apenas um olhar curioso para um tema sempre em voga no domínio do cinema de terror, e que poderemos reportar ao cinema de George Méliès nos primeiros anos do século XX, como na célebre curta-metragem “Les quatre cents farces du diable” (1906).
Com alguns destes filmes já analisados n’A Janela Encantada, aconselha-se a revisita ao texto daquele que é quase que um ponto de partida para todos os filmes sobre o Diabo, o filme de Benjamin Christensen, “Häxan” (A Feitiçaria Através dos Tempos, 1922).
O ciclo decorrerá durante todo o mês de Outubro, abarcando alguns filmes populares do tema, e outros menos conhecidos, tentando ser compreensivo, sem ser necessariamente completo, como é habitual n’A Janela Encantada. Esperemos que entretenha, que ajude a descobrir alguma coisa e, se possível, que assuste um bocadinho.
Nota: O ciclo dedica-se apenas a filmes de terror, deixando de lado presenças do “rabudo” em comédias, fantasias ou filmes de acção e aventura.