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Ant Timpson, Cinema, Comédia negra, Elijah Wood, Martin Donovan, Michael Smiley, Stephen McHattie, Terror, Thriller
Publicação com o apoio de www.filmtwist.pt
Norval Greenwood (Elijah Wood) é um jovem adulto perdido na vida e com uma tentativa de suicídio deixada para trás, quando recebe um chamamento do pai, que não vê desde que este abandonou a família, era Norval criança. Chegado à casa isolada onde o pai mora, o encontro é tudo menos caloroso, e cedo se passa de desafios a provocações e destas a confrontos. Mas o pior está para vir quando acontecimentos inusitados se sucedem e revelações inesperadas vão transformar a realidade de Norval ao ponto de em breve perceber que tem de deixar de lado o seu comportamento de menino frágil, e lutar pela própria vida.
Análise:
Mais conhecido como produtor que como realizador, o neozelandês Ant Timpson realizou em 2019 a sua primeira longa metragem, a qual escreveu em parceria com Toby Harvard. Tratou-se de uma comédia negra que, segundo se diz, foi baseada num episódio real, acontecido quando Ant Timpson teve de conviver uma semana com o corpo do defunto pai, e ouvir histórias sobre ele que não descreviam o homem que pensava conhecer.
E assim que se inicia, “Vem ao Papá” diz ao que vem, e que humor pretende trazer. Logo após compararmos uma frase de Shakespeare com uma de Beyoncé, vemos um autocarro que deixa um rasto poeirento numa paisagem deserta, no qual se adivinha uma figura humana. Aproximando o plano, um chapéu de cowboy revela um rosto que enche o enquadramento, numa piada ao western spaghetti. De seguida o vento leva o chapéu como que a dizer que a referência não interessa para a história.
Passamos então a brincar com a ideia de um reencontro familiar, na história de Norval Greenwood (Wood), um homem de trinta e tal anos, algo perdido na sua vida, que acorre ao chamamento do seu pai, que não vê desde tenra idade. Só que, ao chegar à casa no meio do nada onde o pai habita, Norval começa a sentir-se deslocado, pois esse estranho pai que o recebe (Stephen McHattie), tem um comportamento pouco paternal, muito confrontacional e provocador, para dizer o mínimo. De estranheza em estranheza, passando por conversas desconfortáveis, confrontos físicos e revelações surpreendentes, Norval vai ver-se submergir numa história surreal, na qual poderá ter de lutar pela própria vida. O filme funciona como um carrossel descontrolado, com Norval tanto a poder estar a ser espetado na cara, como a partir ossos com um rolo da massa, a esconder-se na mala de um carro ou a disparar acidentalmente uma besta, numa fuga para a frente que parece não poder levar a lado nenhum, a não ser a um aumentar do macabro e do sangrento.
“Vem ao Papá” funciona tanto porque a história nos apanha desprevenidos a cada curva, como porque Elijah Wood nos convence desde o início que pode ser um adulto a necessitar de mimos paternais, boquiaberto com acontecimentos bizarros e sempre pronto a agir, mesmo que só para tornar as coisas piores. Sem outras pretensões que não seja divertir pelo choque, “Vem ao Papá”, cumpre na perfeição o seu objectivo, numa produção onde todas as personagens (de salientar as interpretações de Martin Donovan e Michael Smiley) parecem tão apalhaçadas como verosímeis.
Passando à margem do grande público, o filme de fez um um extenso percurso por festivais temáticos, tendo tido, posteriormente, apenas uma pequena distribuição comercial, no circuito independente.
Produção:
Título original: Come to Daddy; Produção: Nowhere / Blinder Films / Firefly Films / Scythia Films; Produtores Executivos: Michelle Craig, Hussain Amarshi, Lia Buman, Tim Headington, Ant Timpson; País: Irlanda, Canadá, Nova Zelândia, EUA; Ano: 2019; Duração: 91 minutos; Distribuição: Saban Films (EUA); Estreia: 25 de Abril de 2019 (Tribeca Festival, EUA), 15 de Setembro de 2019 (MOTELX – Festival Internacional de Terror de Lisboa, Portugal), 7 de Fevereiro de 2020 (EUA, Canadá).
Equipa técnica:
Realização: Ant Timpson; Produção: Daniel Bekerman, Toby Harvard, Katie Holly, Mette-Marie Kongsved, Emma Slade, Laura Tunstall; Co-Produção: Jacqueline Nguyen, Alex Ordanis; Produtores Associados: Max Silva, Evan Horan; Argumento: Toby Harvard [a partir de uma ideia de Ant Timpson]; Música: Karl Steven; Fotografia: Daniel Katz [filmado em Panavision, fotografia digital]; Montagem: Dan Kircher; Design de Produção: Zosia Mackenzie; Direcção Artística: John O’Regan; Cenários: Charlie Whiteway; Figurinos: Angela Ganderton; Caracterização: Michele Perry; Efeitos Visuais de Caracterização: Tibor Farkas; Efeitos Especiais: Brant McIlroy; Efeitos Visuais: Andy Clarke (Outer Limits); Direcção de Produção: Jacqueline Nguyen.
Elenco:
Elijah Wood (Norval Greenwood), Stephen McHattie (Gordon), Martin Donovan (Brian), Michael Smiley (Jethro), Ona Grauer (Precious), Simon Chin (Dandy), Garfield Wilson (Ronald Plum), Madeleine Sami (Gladys), Ryan Beil (Danny), Raresh DiMofte (Swinger), Alla Rouba (Swinger), Noam Zylberman (Swinger), Gord Middleton (Swinger), Oliver Wilson (Jovem Norval).
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