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Adam James, Asia Argento, Cinema, Cinema italiano, Cristian Solimeno, Daria Nicolodi, Dario Argento, Moran Atias, Philippe Leroy, Sobrenatural, Terror, Valéria Cavalli
Nos arredores de Roma, é encontrada uma urna amarrada a um antigo caixão, e a estranheza do procedimento leva o padre a enviar essa urna para Roma, onde será estudada no Museu de Arte Antiga por Michael Pierce (Adam James). Só que quando as suas assistentes, Giselle Mares (Coralina Cataldi-Tassoni) e Sara Mandy (Asia Argento), a abrem, Giselle é atacada e violentamente morta por demónios, que vêm buscar o conteúdo da urna para levarem a Mater Lachrymarum. Já Sara, refugia-se em casa de Michael, mas uma onda de violência começa a varrer a cidade culminando no rapto do filho de Michael. Deixada sozinha, Sara começa a ser perseguida, enquanto uma voz do seu passado surge para a ajudar a escapar às várias ciladas das bruxas de Mater Lachrymarum.
Análise:
Trinta anos depois de “Suspiria”, e sem que ninguém já o esperasse, Dario Argento terminava a trilogia das Três Mães iniciada nesse filme e continuada em “Inferno” de 1980. Numa produção italo-americana, com filmagens em Itália, e a participação da sua filha Asia Argento como protagonista (no papel de filha da personagem de Daria Nicolodi, a sua mãe de facto), Argento tentava actualizar a sua mensagem, continuando a história onde a tinha deixado, mas num estilo já muito distante dos dois outros filmes da saga..
“Mãe das Lágrimas: A Terceira Mãe” leva-nos a Itália (depois de Friburgo e Nova Iorque), onde a descoberta de uma relíquia antiga, enterrada numa estranha sepultura, leva o padre local (Tommaso Banfi) a enviar a pequena urna ali descoberta, para ser estudada em Roma por Michael Pierce (Adam James). Só que, logo à chegada, a abertura da urna leva ao surgimento de demónios que atacam as colegas de Michael, Giselle Mares (Coralina Cataldi-Tassoni) e Sara Mandy (Asia Argento). A primeira é brutalmente morta, enquanto a segunda foge. Pouco depois, Roma começa a conhecer uma inexplicável onda de brutalidade, e o filho de Michael é raptado. Este vai visitar o Padre Johannes (Udo Kier) para pedir ajuda, mas desaparece. Sara decide fazer ir no seu encalce, uma vez que continua a ser perseguida em Roma, tanto por demónios e bruxas, como pela polícia. Com a ajuda do espírito de sua mãe (Daria Nicolodi), Sara foge aos perseguidores, e vai até ao convento do Padre Johannes, onde a loucura parece ter tomado conta de todos. Nessa noite, a empregada mata o padre e suicida-se, e Sara e Marta (Valéria Cavalli), uma amiga de Johannes, conseguem fugir, mas na noite seguinte os demónios matam Marta e a amante. Mais uma vez, Sara foge para reencontrar Michael que, agora possuído pela Mater Lachrymarum (Moran Atias), leva Sara para as cerimónias de entronização da bruxa e do seu clã. Só que Sara resiste, queimando os artefactos recuperados, e assim destrói o conciliábulo.
Não foi só muito tempo que passou entre o segundo e terceiro volume da trilogia das Três Mães de Dario Argento, foi, essencialmente, uma enorme mudança de estilo, para não dizer mesmo um menor controlo de qualidade, quer sobre o argumento, quer sobre as filmagens.
Deixando de lado o onirismo, os espaços e cores barrocas, e os elementos surreais dos filmes anteriores, “Mãe das Lágrimas: A Terceira Mãe” procura uma componente mais realista, filmada em cenários naturais (as ruas de Roma, a estação Termini, um cemitério, etc.) para desenvolver uma história que se liga às anteriores no conceito das bruxas ancestrais, e ao fazer da protagonista uma filha e herdeira espiritual de uma possível companheira de Suzy Banion (a personagem de Jessica Harper em “Suspiria”). Em comum permanece o tipo de terror, baseado em mortes macabras (vemos esventramentos, degolações, corpos a serem abertos como quem abre um animal, bebés atirados de pontes, um empalamento, vazamentos de olhos, deformações de rostos, e muitos esfaqueamentos – não espanta por isso a utilização, nos créditos iniciais, de imagens de várias pinturas famosas sobre o inferno.
Mas, goste-se ou não da mudança de opções estéticas, muito mais parece ter perdido qualidade. Os diálogos são pobres, as interpretações quase sempre fora de tom – com reacções intempestivas sem que nada o justifique num constante overacting de que nem Asia Argento se salva – e a estrutura é inexistente, com as situações a acontecerem só porque precisamos de mais corpos, e as personagens a surgirem e a desaparecerem sem que nada o justifique (a presença da Mater Lachrymarum é pouco consistente e ainda menos assustadora, não se entende o papel da polícia no filme, e o próprio Michael é uma personagem sem sentido). Como se não bastasse, não se entendem sequer as decisões de filmagem, com planos pouco cuidados, e enquadramentos que nem sempre respeitam as posições dos actores ou da cenografia. O resultado é um filme confuso, esteticamente pouco apelativo, e narrativamente irritante. É verdade que Argento continua a procurar surpreender com as torturas que os seus demónios impõem às personagens, mas até isso já parece exagerado, e tudo o resto parece mal acabado, e mal executado.
Produção:
Título original: La terza madre; Produção: Medusa Film / Opera Film / Myriad Pictures / Sky Cinema / Film Commission Torino-Piemonte; Produtor Executivo: Kirk D’Amico; País: Itália/EUA; Ano: 2007; Duração: 102 minutos; Distribuição: Medusa Distribuzione (Itália), Myriad Pictures (EUA), Eagle Films; Estreia: 6 September 2007 (Festival Internacional de Toronto, Canadá), 31 de Outubro de 2007 (Itália).
Equipa técnica:
Realização: Dario Argento; Produção: Claudio Argento, Dario Argento, Marina Berlusconi, Giulia Marletta; Produtor em Linha: Tommaso Calevi; Argumento: Jace Anderson, Dario Argento, Walter Fasano, Adam Gierasch, Simona Simonetti; Música: Claudio Simonetti; Orquestração: ; Fotografia: Frederic Fasano [filmado em Super 35]; Montagem: Walter Fasano; Design de Produção: Francesca Bocca, Valentina Ferroni; Direcção Artística: Gretel Fatibene; Cenários: Maria Castrovilli; Figurinos: Ludovica Amati; Caracterização: Chiara Ugolini; Efeitos Especiais: Danilo Bollettini; Efeitos Visuais: Lee Wilson; Direcção de Produção: Giorgio Turletti.
Elenco:
Asia Argento (Sarah Mandy), Cristian Solimeno (Detective Enzo Marchi), Adam James (Michael Pierce), Moran Atias (Mater Lachrymarum), Valéria Cavalli (Marta Colussi), Philippe Leroy (Guglielmo De Witt), Daria Nicolodi (Elisa Mandy), Coralina Cataldi-Tassoni (Giselle Mares), Udo Kier (Padre Johannes), Robert Madison (Detective Lissoni), Paolo Stella (Julian), Clive Riche (Homem de Sobretudo), Jun Ichikawa (Katerina), Tommaso Banfi (Padre Milesi),
Massimo Sarchielli (Sem-abrigo), Barbara Mautino (Valeria), Gisella Marengo (Bruxa da Catacumba #1), Marica Coco (Bruxa da Catacumba #2), Diego Bottiglieri (Índio), Franco Leo (Monsenhor Brusca), Silvia Rubino (Elga), Claudio Fadda (Demónio #1), Roberto Donati (Demónio #2), Gianni Gatta (Demónio #3), Luca Pescatore (Paul Pierce), Alessandro Zeme (Luigi), Antonio Pescatore (Detective à Paisana), Stefano Fregni (Taxista), Simonetta Solder (Jovem Mãe), James Kelly Caldwell (Locutor de TV), Simone Sitta (Bruxa Chefe), Daniela Fazzolari (Bruxa), Alessandra Magrini (Bruxa), Camilla Gallo (Bruxa), Maria Biondini (Bruxa), Federica Botto (Bruxa), Serena Brusa (Bruxa), Eleonora Marcucci (Bruxa), Eleonora Misiti (Bruxa), Rebecca Perlati (Bruxa), Ivana Zimbaro (Bruxa), Araba Dell’Utri (Bruxa).