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The Grinch Em Whoville, todos se preparam para que o próximo Natal seja ainda mais encantadoramente deslumbrante que o anterior. Quem não suporta a ideia de tanta alegria, preparativos, presentes, doces, enfeites, boa-vontade e simpatia é o Grinch (Benedict Cumberbatch), que fica enojado quando tem de deixar a montanha, onde vive sozinho com o cão Max, para vir a Whoville comprar comida. Então, o Grinch engendra um plano: vai-se disfarçar de Pai Natal para entrar nas casas dos Whos e roubar todos os presentes, para lhes estragar a quadra. Ao mesmo tempo, a pequena Cindy Lou (Cameron Seely) prepara uma armadilha para caçar o Pai Natal, pois precisa de falar com ele para lhe explicar que o único presente que quer é ajuda para a sua mãe Donna (Rashida Jones), que vive uma vida de sacrifício para cuidar de três filhos.

Análise:

Saído da inspiração do famoso Dr. Seuss, que tantos contos infantis escreveu na sua prosa rimada característica, o Grinch é aquele que o Natal vai recuperando de quando em vez, como aconteceu na dispendiosa produção da Universal, com Ron Howard a dirigir Jim Carrey, em 2000. Passados dezoito anos, a mesma Universal entregou à Illumination Entertainment (“Despicable Me”, “Sing”, “Minions”, etc.) a tarefa de reanimar o clássico infantil que gira em torno de um misantropo que vive recluso na montanha e odeia a alegria dos outros e, por isso, o Natal.

Com a voz de Benedict Cumberbatch, “Grinch” é a versão em computação gráfica 3D da história que se passa na fantasiosa aldeia dos Whos, onde tudo é colorido, redondinho e farfalhudo, com toda a população a trabalhar incessantemente para que cada Natal seja mais grandioso que o anterior. Como é óbvio, o Grinch (sempre acompanhado do seu fiel cão Max) fica cada vez mais enojado por tanta alegria. Tem então a sua brilhante ideia de se disfarçar de Pai Natal, e entrar pelas chaminés para roubar todos os presentes, e com isso arruinar o Natal dos Whos. Em paralelo a pequena Cindy Lou (Cameron Seely) quer pedir ao Pai Natal que este, como prenda, dê mais felicidade à mãe Donna (Rashida Jones), que se mata a trabalhar para a família. Para tal, decide capturar o Pai Natal, com a ajuda dos seus amigos, e quem cai na armadilha é o Grinch. Este comove-se um pouco com o pedido de Cindy Lou, mas continua com o seu plano maléfico e, no dia de Natal, Whoville acorda sem presentes. Mas para surpresa do Grinch, os Whos cantam à mesma com alegria, pois, como Donna diz a Cindy Lou, o Natal não são os presentes. O Grinch decide então saber o que é aquela alegria, deixando-se inundar pelos hinos, o que leva o seu coração a crescer, e a arrepender-se das maldades. Com isso, o Grinch devolve os presentes e confessa o roubo, mostrando a Cindy Lou que a culpa não fora dela, como ela pensava. Esta sobe então à montanha, e convida o Grinch a juntar-se ao jantar de família, o que este faz, passando a sentir-se finalmente um Who de pleno direito.

Com um Benedict Cumberbatch a disfarçar a voz (e o sotaque) até ficar quase irreconhecível, e os animadores a não conseguirem sempre fugir dos maneirismos que Jim Carry trouxe para o seu Grinch de 2000, o filme de Yarrow Cheney e Scott Mosier procura, no desenho, ser mais fiel à adaptação televisiva de 1966 – a qual, por sua vez, se inspirava nos desenhos originais. O meio (CGI 3D) permite ainda um acréscimo do colorido, que faz de Whoville uma espécie de cidade encantada onde tudo parece feito de chocolate e rebuçados. Nesse cenário, tão aveludado e fofo, lamenta-se a decisão de tratar muitas das sequências como se fossem descidas de montanhas-russas, onde conta apenas a vertigem da velocidade, perdendo-se profundidade e detalhe, numa animação que está, por isso, bem abaixo do state of the art.

É um facto que a história segue os pontos essenciais do conto original (e suas subsequentes adaptações ao ecrã), deixando de lado os enredos complexos do passado do Grinch e os planos de Cindy Lou descritos na versão de 2000, para se centrar numa história simples onde uma menina quer falar com o Pai Natal, acabando por ter um contacto próximo com o malvado Grinch, que lhe irá aquecer (e fazer crescer) o coração. Pelo meio, e porque este é um filme a pensar na pequenada, temos corridas e saltos, peripécias e pequenas malvadezas, não esquecendo a solicitude do inesquecível cão Max, e um personagem novo: o alce gordíssimo Fred, que irá ajudar o Grinch para efeito cómico.

E se a comédia vem sempre das situações caricatas (e das mirabolantes engenhocas mecânicas dignas de Wallace & Gromitt), o filme acrescenta-lhe ainda a componente musical, onde a partitura de Danny Elfman é acrescentada de muitos clássicos, e ainda pelas canções interpretadas por Tyler The Creator “You’re a Mean One, Mr. Grinch” (o tema de 1966, aqui com versos novos) e “I Am the Grinch”, conferindo uma modernidade hip-hop, a qual já se adivinha na narração em off de Pharrel Williams.

Sem a espectacularidade do filme de Howard, nem o histrionismo exagerado de Jim Carrey, a versão Grinch da Illumination apela mais um público mais jovem, com muitos personagens a poderem converter-se facilmente em peluches (o que parece ser a grande aposta dos filmes de animação deste século), e um Grinch mauzão – mas menos que antes, pois vemo-lo comover-se muitas vezes com Max e Fred – que percorrerá um divertido caminho até deixar a bondade dominá-lo. Como se quer numa boa história de Natal.

Imagem de "Grinch" (The Grinch, 2018), de Yarrow Cheney e Scott Mosier

Produção:

Título original: The Grinch; Produção: Universal Pictures
Illumination Entertainment / Perfect World Pictures; Produtores Executivos: Audrey Geisel, Latifa Ouaou, Chris Renaud; País: França / China / Japão / EUA; Ano: 2018; Duração: 86 minutos; Distribuição: United International Pictures; Estreia: 8 de Novembro (Brazil, República Checa, Koweit, Líbano, Arábia Saudita, Eslováquia), 22 de Novembro (Portugal).

Equipa técnica:

Realização: Yarrow Cheney, Scott Mosier; Produção: Janet Healy, Christopher Meledandri; Produtor Associado: Robert Taylor; Argumento: Michael LeSieur, Tommy Swerdlow (based on the book “How The Grinch Stole Christmas” by) [baseado no livro “How The Grinch Stole Christmas” de Dr. Seuss]; Música: Danny Elfman; Fotografia: [Animação Digital]; Montagem: Chris Cartagena; Direcção Artística: Colin Stimpson; Direcção de Produção: Frederic Simonot.

Elenco:

Benedict Cumberbatch (The Grinch – voz), Cameron Seely (Cindy-Lou Who – voz), Rashida Jones (Donna Who – voz), Pharrell Williams (Narrador – voz), Tristan O’Hare (Groopert – voz), Kenan Thompson (Mr. Bricklebaum – voz), Sam Lavagnino (Ozzy – voz), Ramone Hamilton (Axl – voz), Angela Lansbury (Prefeito McGerkle – voz),Scarlett Estevez (Izzy – voz), Michael Beattie (Empregado da Loja – voz).

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