Perdidos e Achados
por Samuel Andrade
blogger de cinema
autor de O Síndroma do Vinagre e do antigo blogue Keyser Sozes’s Place
Imaginemos que um dia, alguém e algures desenterra um conjunto de obras cinematográficas (acreditem, tal já sucedeu e, por vezes, nos locais mais inusitados) que as circunstâncias e os azares do tempo se encarregaram de as fazer desaparecer do nosso olhar contemporâneo.
Para além da espantosa significância histórico-cinéfila de um achado dessa índole (e após um muito provável e heróico trabalho de restauro), o primeiro passo lógico seria compor a exibição pública destes filmes, para o definitivo reencontro entre espectadores e imagens há muito “arredadas” do grande ecrã.
É com essa esperança em mente que segue abaixo, por ordem cronológica de ano de produção, o meu ciclo de Cinema consagrado a dez “filmes reencontrados”. Ou, por outras palavras, estes são os títulos por que mais anseio ouvir notícias acerca da sua descoberta.
“O Rapto de Uma Actriz (1907, Lino Ferreira): um dos primeiros filmes de ficção produzidos em Portugal, a sua sinopse transmite a ideia de uma curiosa simbiose entre cinema e teatro de revista.
“The Vampire” (1913, Robert G. Vignola): o primeiro filme a apresentar uma protagonista imbuída das características que definem a femme fatale do Cinema.
“Her Friend the Bandit” (1914, Charlie Chaplin): o único filme perdido com Chaplin no principal papel.
“A Girl of Yesterday” (1915, Allan Dwan): comédia romântica, interpretada e escrita por Mary Pickford, e assinada por um cineasta cujo valor seria resgatado nos anos 60 e 70.
“The Serpent” (1916, Raoul Walsh): Theda Bara no papel de uma mulher vingativa e, mais tarde, vítima de traição, em plena Primeira Guerra Mundial.
“The Story of the Concierge Mukuzo Imokawa” (1917, Ōten Shimokawa): um dos primeiros filmes de animação produzidos no Japão.
“Hats Off” (1927, Hal Yates): considerado o “Santo Graal dos filmes de Laurel e Hardy”, é o único filme do duo Bucha e Estica listado como perdido.
“London after Midnight” (1927, Tod Browning): conto de terror com o inimitável Lon Chaney na pele de um hipnotista, e do qual apenas sobrevivem imagens promocionais.
“Convention City” (1933, Archie Mayo): com Joan Blondell, Dick Powell e Adolphe Menjou no elenco; a exibição comercial desta comédia pre-Code foi suspensa devido ao seu escandaloso conteúdo, e reza a lenda que, por isso, a Warner Bros. ordenou a destruição de todas as cópias (incluindo trailers) do filme.
“Miramar, Praia das Rosas” (1938, Manoel de Oliveira): curta documental, filmada na comunidade de Miramar, em Vila Nova de Gaia, e com narração de Fernando Pessa.
P.S.: Recorda-se a todos que os filmes supracitados estão perdidos; please, do check your attic!
Filmes escolhidos:
• “O Rapto de Uma Actriz” (1907) – Lino Ferreira
• “The Vampire” (1913) – Robert G. Vignola
• “Her Friend the Bandit” (1914) – Charlie Chaplin,
• “A Girl of Yesterday” (1915) – Allan Dwan
• “The Serpent” (1916) – Raoul Walsh
• “The Story of the Concierge Mukuzo Imokawa” (Imokawa Mukuzō Genkanban no Maki, 1917) – Ōten Shimokawa
• “Hats Off” (1927) – Hal Yates
• “London after Midnight (1927) – Tod Browning
• “Convention City” (1933) – Archie Mayo
• “Miramar, Praia das Rosas” (1938) – Manoel de Oliveira