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Apresentação
Nome: Cine Clube de Viseu
Localização: IPDJ VISEU, Fontelo / Rua Escura 62, 3500-158 Viseu
Website: http://www.cineclubeviseu.pt/
Facebook: https://www.facebook.com/ccviseu
Email: geral@cineclubeviseu.pt
Entrevista
Entrevista a Rodrigo Francisco
Novembro de 2016
Quando começou e como se formou o Cine Clube de Viseu (CCV)?
Tudo começou em 1955, com uma comissão organizadora, até serem eleitos, em 1956, os primeiros corpos gerentes. O processo exigiu muita dedicação já que os responsáveis calcularam que era necessário um número mínimo de 350 associados para viabilizar a actividade. A primeira sessão de 16 de Dezembro, no Cine Rossio, só avançou depois de garantida essa condição.
Quantos sócios têm, quais as vantagens e quotizações dos associados?
Os associados têm diversos benefícios, descontos nas actividades, envio semanal dos textos de apoio das sessões. Temos, em parceria com instituições culturais e empresas da região, um conjunto de descontos em compras e serviços à disposição dos associados. Procuramos sensibilizar para a importância de um projecto que diversifica a oferta cultural da cidade, cuja finalidade não lucrativa depende, em grande medida, do entusiasmo e participação dos associados. Temos 300 associados que pagam uma quota anual de 20 euros, ou 12,50 euros no caso de estudantes, desempregados, e maiores de 65.
Quantas sessões tem o Cine Clube de Viseu por mês?
O Cine Clube apresenta 5 a 7 filmes por mês, considerando todas as sessões que vão desde o público em geral às escolas.
Que critérios presidem à vossa programação, e que áreas se procuram cobrir?
No caso dos cine clubes, antes dos critérios que orientam a programação, surgem as condicionantes que nos afectam. A começar pelas limitações da distribuição cinematográfica, do cinema clássico, por exemplo. Ou dos autores contemporâneos, como Bela Tarr, realizador de “O cavalo de Turim”, uma lenda viva do cinema europeu, que só em 2012 teve um filme seu distribuído nas salas nacionais (veio tarde, porque o Tarr garante que foi o seu último filme…). E há filmes inacessíveis ao CCV por força dos valores pedidos ou porque não temos equipamento adequado.
A exibição de filmes é normalmente enquadrada em ciclos temáticos, possibilitando espaços de análise enriquecedores: ciclos sobre cinematografias específicas (oriental, europeia, América Latina), autores (Gus Van Sant, António Campos), e diversos temas (infância, intervenção social).
Como é a adesão da população em geral?
A programação procura criar um espaço de divulgação e reflexão à volta do cinema, considerando que se trata, também, de uma forma de arte. As escolhas do Cine Clube de Viseu são feitas segundo critérios artísticos, estéticos, históricos, criando uma reserva de cinema não dependente do retorno comercial, o que proporciona a apresentação de dezenas de filmes ao longo do ano, que no caso de Viseu não chegariam aos espectadores: filmes das mais variadas cinematografias, autores, clássicos e primeiras obras.
Vamos, por isso, ao encontro dos interesses do público que gosta de um espaço plural e livre de apresentação dos filmes. Um espaço alternativo ao circuito comercial e fundamental para o desenvolvimento cultural do país. Não é um espaço a que o público adira de forma massificada, nem condições existem para tal neste país de atrasos estruturais do seu sistema educativo na sensibilização de públicos para o cinema e audiovisual e onde o espaço mediático se concentra exclusivamente no cinema mainstream.
Que outras actividades e iniciativas do CCV gostaria de destacar?
Podemos destacar a publicação que dedicamos ao cinema, “Argumento”, o projecto “Cinema para as Escolas”, ou o festival VistaCurta [Nota: Setembro a Outubro].
Com que apoios contam a nível local, e que outros gostariam de ter?
Contamos com todos os apoios, começando pelos associados, porque o Cine Clube de Viseu é uma organização que procura em todos os projectos encontrar parcerias que expandam a actividade. Escolas, empresas, associações e estruturas culturais, câmara municipal são exemplos destes apoios.
Estão satisfeitos com as instalações, e material técnico ou pensam que poderiam ter melhores condições?
O Cine Clube está a trabalhar no sentido de actualizar as suas condições de som e imagem.
Finalmente, na era da internet, qual a importância que vêem actualmente na existência dos cineclubes?
O papel dos cine clubes consiste em garantir o acesso do público a uma oferta de cinema não orientada para o lucro, onde os filmes são exibidos independentemente do retorno de bilheteira que possam gerar. O CCV acompanha as suas sessões, desde 1955, com textos críticos, debates com realizadores e actores, apurando um sentido crítico e um olhar mais atento para o fenómeno fílmico. Com os seus recursos, o CCV trabalha com as crianças mais pequenas: estamos a realizar projecções, oficinas de cinema de animação e a preparar uma ida à sala de cinema com 20 grupos do pré-escolar do concelho, ao longo do ano lectivo. Todos estes projectos vocacionados para a fruição do cinema são fundamentais em qualquer época, com ou sem internet.

Sessão do Cine Clube de Viseu, ao ar livre
A Janela Encantada agradece a colaboração de Francisco Rodrigo, e do Cineclube de Viseu, recomendando a quem puder que participe nas suas sessões, e apoie os cineclubes locais.