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Cinema, Comédia, Donna Butterworth, Farsa, Jerry Lewis, Neil Hamilton, Sebastian Cabot
Donna Peyton (Donna Butterworth) é uma jovem herdeira, cuja morte do pai a leva a ter de escolher entre seis tios (todos interpretados por Jerry Lewis), para decidir qual será o seu próximo tutor, e herdeiro da fortuna. Eles são James, um velho marinheiro, Everett, um palhaço que odeia crianças, Julius um fotógrafo de modelos femininos, Eddie, um piloto de bimotores, Skylark, um detective privado, e Bugsy, um perigoso gangster. Com ela está ainda Willard (também Jerry Lewis), o motorista e guardião da pequena, por quem nutre um verdadeiro afecto paternal.
Análise:
Continuando a alternância na realização com Frank Tashlin, Jerry Lewis realizava mais um filme escrito por si e por Bill Richmond, e produzido pela própria companhia. Este seria “Jerry e os Seis Tios”, filme no qual, além de também assinar a produção, Jerry Lewis chamava assim sete papéis, um pouco ao estilo de Alec Guinness no célebre “Oito Vidas por Um Título” (Kind Hearts and Coronets, 1949) de Robert Hamer.
Com essa ideia base, o objectivo era explorar a capacidade de se transformar de Jerry Lewis usando os seus múltiplos personagens como foco de todo o filme. Assim temos a história da pequena Donna Peyton (Donna Butterworth), recentemente órfã de pai que, em testamento, deixou a vontade (e a fortuna) de que o próximo responsável pela filha fosse um dos seus seis imãos. Com Donna está Willard (Jerry Lewis), o seu motorista e amigo, verdadeira figura paternal da miúda. Juntos fazem a visita aos vários tios, todos interpretados por Lewis. Estes são, James, um velho marinheiro (cuja farta cabeleira e bigode brancos não deixam ver um centímetro de rosto); Everett, um palhaço (quase sem tempo de tela) que odeia crianças, e com a maquilhagem usada por Lewis em “O Rei do Circo” (3 Ring Circus, 1949); Julius um fotógrafo que não é mais que a repetição do personagem de Lewis em “As Noites Loucas do Dr. Jerryll” (The Nutty Professor, 1963); Eddie, um piloto de sotaque britânico (e caracterização a fazer entender um intervalo entre dentes, ao jeito do comediante britânico Terry-Thomas); Skylark, um excêntrico e auto-didacta detective privado com maneirismos inspirados em Sherlock Holmes; e Bugsy, um perigoso gangster, que parece saído de desenhos animados.
Entre todos eles, o personagem de Willard é um Lewis sensato e equilibrado (dado a uma ou outra atrapalhação, mas bem mais comedido que o habitual), deixando que o lado louco da sua interpretação se espalhe pelos outros personagens. Se nalguns casos os bonecos compostos por Lewis são perfeitamente negligíveis (James é pouco marcante, Everett quase não aparece e Julius é algo já visto) e noutras parece pouco inspirado ou original (Eddie e Skylark não trazem nada de muito novo), ainda assim algumas sequências resultam em humor, como a das velhinhas no avião, ou o jogo de snooker. De todos os personagens de Lewis, o mais bem conseguido será Bugsy, o perigoso bandido que se distrai a jogar com Donna.
Tentando equilibrar um argumento que faça sentido (em vez de um filme com a sua habitual e quase desligada sucessão de gags independentes), Lewis tem dificuldade em manter um ritmo certo. Quase todas as sequências têm momentos em que o filme se arrasta deixando a possível piada secar, nem sempre as ideias são boas, e é difícil dar vida a tantos personagens de modo interessante. No final fica uma solução apressada, que mesmo que seja a esperada e feliz, não é convenientemente justificada (Willard toma o lugar do desaparecido Everett, para passar por tio de Donna, falta saber como conseguiria isso legalmente).
Sem dúvida um filme com muitos problemas de argumento, e ainda mais de concretização, “Jerry e os Seis Tios” era uma espécie de fuga para a frente num humor que dava mostras de cansaço.
Produção:
Título original: The Family Jewels; Produção: Jerry Lewis Productions; País: EUA; Ano: 1965; Duração: 100 minutos; Distribuição: Paramount Pictures; Estreia: 1 de Julho de 1965 (EUA).
Equipa técnica:
Realização: Jerry Lewis; Produção: Jerry Lewis; Produtor Associado: Arthur P. Schmidt; Argumento: Jerry Lewis, Bill Richmond; Música: Pete King; Fotografia: [cor por Technicolor]; Montagem: John Woodcock; Direcção Artística: Hal Pereira, Jack Poplin; Cenários: Sam Comer, Robert R. Benton; Figurinos: Edith Head; Caracterização: Wally Westmore; Efeitos Especiais: Paul K. Lerpae; Direcção de Produção: William Davidson.
Elenco:
Jerry Lewis (Willard Woodward / James Peyton / Everett Peyton / Julius Peyton / Capt. Eddie Peyton / Skylock Peyton / ‘Bugs’ Peyton), Donna Butterworth (Donna Peyton), Sebastian Cabot (Dr. Matson), Neil Hamilton (Advogado), Jay Adler (Mr. Lyman, Advogado), Robert Strauss (Dono do Salão de Snoker), Jesslyn Fax (Passageira Aérea), Renie Riano (Passageira Aérea), Ellen Corby (Passageira Aérea), Frances Weintraub Lax (Passageira Aérea), Marjorie Bennett (Passageira Aérea), Herbie Faye (Joe), Milton Frome (Piloto), Gene Baylos (Paçhaço).