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Agnes Moorehead, Burlesco, Cinema, Comédia, Farsa, Frank Tashlin, Jerry Lewis, Jill St. John, John McGiver, Ray Walston
Quando a industrial Phoebe Tuttle (Agnes Moorehead), dona dos Armazéns Tuttle, descobre que a sua filha Barbara (Jill St. John) namora o pobretanas Norman Phiffier (Jerry Lewis), começa a congeminar um plano para os separar. A pedido dela, o gerente Mr. Quimby (Ray Walston) contrata Norman, para lhe dar uma série de trabalhos impossíveis, que o façam desistir, e assim desiludir Barbara quanto à capacidade de Norman. Mas o que eles não contam é com a teimosia e capacidade de improviso de Norman, que o vão ajudar a ultrapassar os obstáculos das formas mais imprevisíveis.
Análise:
Continuando a alternância entre filmes realizados por si próprio, e filmes realizados pelo seu colaborador Frank Tashlin, Jerry Lewis, que desta feita entregou a produção a Paul Jones, surgiu com um segundo filme em 1963, “Um Namorado com Sorte”, escrito por Tashlin e Harry Tugend.
O enredo leva Lewis a empregar-se num enorme centro comercial, o qual será cenário para uma série de peripécias catastróficas nos seus mais variados departamentos. Era, de certo modo, a receita de Chaplin em “Charlot Caixeiro” (The Floorwalker, 1916), levada ao extremo pelos Irmãos Marx em “Casa de Doidos” (The Big Store, 1941), e que aos poucos se tornaria um lugar-comum no cinema de humor.
“Um Namorado com Sorte” é a história de Norman Phiffier (Jerry Lewis), um honesto e voluntarioso trabalhador, que namora Barbara Tuttle (Jill St. John), a qual, sem que ele saiba, é herdeira dos milhões da família. Avessa a essa relação é a ditatorial mãe Tuttle (Agnes Moorehead), cujo plano é contratar Norman para o centro comercial da família, e fazer com o que o gerente, Mr. Quimby (Ray Walston), lhe dê os trabalhos mais impossíveis para o levar a despedir-se e assim desiludir Barbara. Mas, em parte por sorte, em parte por teimosia e capacidade de improvisação, Norman vai vencendo os obstáculos, acabando por conquistar a amizade de Mr. John P. Tuttle (John McGiver), oprimido pela esposa, e que vê no exemplo de Norman, força para se rebelar.
Como vinha sendo hábito em muitos filmes recentes de Jerry Lewis, “Um Namorado com Sorte” é essencialmente um filme de gags separados, sendo cada um, uma espécie de mini-filme dentro do filme. Estes acontecem nos diferentes departamentos do centro comercial, seja na venda de colchões a uma cliente que insiste em saber como se vê televisão deitada, seja a sobreviver a uma cliente lutadora na secção de calçado, ou a ser esmagado por uma avalanche de mulheres na abertura de saldos. A estes momentos junta-se ainda a destruição do departamento de golfe, e, na sequência final, o caos na zona de electrodomésticos graças a um aspirador demasiado eficiente. Neles sente-se o surrealismo dos desenhos animados da Warner Bros. que havia sido a escola de Frank Tashlin.
Pelo meio, a história propriamente dita funciona sempre como um quebrar do ritmo e do interesse, com interpretações demasiado estereotipadas e desinteressantes num filme que vale pelas peripécias do protagonista e modo de as resolver. De todos, o mais equilibrado acaba por ser mesmo Jerry Lewis, lutando para manter a coesão do filme, quer nos momentos de desespero do seu personagem, quer nos mais inspirados, como a sessão de mímica, ao som de «The Typewriter» de Leroy Anderson. O que fica é mesmo uma enorme sessão de burlesco, reminiscente dos primeiros anos da comédia de Hollywood.
“Um Namorado com Sorte” pode ainda ser visto como uma sátira ao consumismo e caminho para a falta de personalização no mundo comercial. Mais uma vez isso soa muito a Chaplin.
Produção:
Título original: Who’s Minding the Store; Produção: Jerry Lewis Pictures / York Pictures Corporation; País: EUA; Ano: 1963; Duração: 90 minutos; Distribuição: Paramount Pictures; Estreia: 27 de Novembro de 1963 (Portugal).
Equipa técnica:
Realização: Frank Tashlin; Produção: Paul Jones; Produtor Associado: Arthur P. Schmidt; Argumento: Frank Tashlin, Harry Tugend [a partir de uma história de Harry Tugend]; Música: Joseph J. Lilley; Orquestração: Gus Levene; Direcção Musical: Irvin Talbot; Fotografia: W. Wallace Kelley [cor por Technicolor]; Montagem: John Woodcock; Direcção Artística: Hal Pereira, Roland Anderson, Al Roelofs [não creditado]; Cenários: Sam Comer, James W. Payne; Figurinos: Edith Head; Caracterização: Wally Westmore; Efeitos Especiais: Paul K. Lerpae; Direcção de Produção: William Davidson, Frank Caffey [não creditado].
Elenco:
Jerry Lewis (Norman Phiffier), Jill St. John (Barbara Tuttle), Ray Walston (Mr. Quimby), John McGiver (Mr. John P. Tuttle), Agnes Moorehead (Mrs. Phoebe Tuttle), Francesca Bellini (Shirley Lott), Nancy Kulp (Emily Rothgraber), Peggy Mondo (Cliente Lutadora), Isobel Elsom (Hazel, Viúva Rica), John Abbott (Mr. Orlandos), Kathleen Freeman (Mrs. Glucksman), Fritz Feld (Irving Cahastrophe, Gerente de Gourmet), Milton Frome (Francois, o Motorista), Mary Treen (Cliente de Colchões), Dick Wessel (Polícia de Trânsito).