Etiquetas
Alfredo Rizzo, Barbara Steele, Cinema, Cinema italiano, Gótico, Gótico Italiano, Massimo Pupillo, Mirella Maravidi, Terror, Walter Brandi
O notário Albert Kovac (Walter Brandi) recebe um chamamento para tratar do testamento do Dr. Hauff. Mas ao chegar à sua mansão percebe que este morreu já há um ano. Na mansão encontram-se a filha do médico, Corinne (Mirella Maravidi) e a sua segunda mulher, Cleo (Barbara Steele), que fazem Albert perceber que o Dr. Hauff conduzia estranhas experiências de ocultismo no sentido de entender uma tragédia passada na região muito antes. Com a ajuda de Dr. Nemek (Alfredo Rizzo), o médico local, Albert vai começar a investigar as estranhas mortes ocorridas naqueles dias, mas em breve percebe que todos estão em perigo de contrair e morrer da peste que o Dr. Hauff estudava.
Análise:
Inserido na corrente de terror gótico que tantos filmes trouxe à cinematografia italiana de género, em particular na década de 1960, “O Cemitério dos Mortos-Vivos” é um filme de Massimo Pupillo (aqui sob o nome de Ralph Zucker), estreado no mesmo ano em que Pupillo estrearia ainda “La Vendetta di Lady Morgan”.
Com uma nítida falta de recursos, Pupillo filma um drama de horror, onde não faltam os tradicionais chavões do gótico. Estes são a casa abandonada, a noite medonha, o cemitério em ruínas (o espaço como personagem, e a sua ruína como alegoria da fraqueza de espírito são temas comuns no gótico), e claro o peso do passado, em torno de um herói byroniano, arrogante o suficiente para se sentir acima de elementos que não domina, desafiando-os e com isso provocando a sua própria queda.
Só que desta vez o herói já morreu. Ele é o obscuro Dr. Hauff, que terá dedicado os últimos anos da sua vida, através de experiências de ocultismo, a tentar compreender o que terá acontecido na região de Bregobil, quando uma peste trouxe morte e crime aos seus habitantes. Perante este cenário, o Dr. Hauff encontrou uma forma de falar com aqueles que ali morreram, e cujos espíritos ainda erram buscando vingança.
É a esse local que chega o inocente Albert Kovak (Walter Brandi), em 1911, a pretexto de uma carta escrita pelo morto. Inocente, como dito, Albert vai-se enamorar da também inocente filha do médico, Corinne (Mirella Maravidi), que acredita que o pai ainda está vivo. Tamanha inocência garante-nos que o par se salvará, ao invés, da madrasta de Corinne, Cleo (Barbara Steele), cuja atitude revela tanto desprezo pelas experiências do marido defunto, quanto necessidade de esconder aquilo que só saberemos no final.
Após uma exposição inicial em que Pupillo tenta dar-nos um ambiente inquietante (e raras vezes consegue), entra-se na sequência final em que a verdade é descoberta, e as mortes começam a suceder-se com bastante horror. Sem conseguir criar a atmosfera pretendida (veja-se por comparação as obras contemporâneas de Mario Bava ou Antonio Margheriti), e com um argumento cheio de buracos, Pupillo perde uma história com potencial, com um resultado que lhe terá desagradado imenso. De facto, por não ter gostado do resultado final, Pupillo recusou ver o seu nome como realizador, atribuindo-o ao produtor Ralph Zucker, cujo nome se pensou ser pseudónimo do realizador.
A nível de interpretações destaca-se a presença da diva do gótico italiano, Barbara Steele, que aqui tem uma personagem desinteressante, que ela tenta fazer sobressair com expressões e trejeitos a que está habituada, mas que neste filme parecem desajustados.
Produção:
Título original: 5 Tombe per un Medium [Título inglês: Terror Creatures from the Grave]; Produção: M.B.S. Cinematografica / G.I.A. Cinematografica / International Entertainment Corp.; Produtor Executivo: Felix C. Ziffer; País: Itália; Ano: 1965; Duração: 86 minutos; Distribuição: Pacemaker Pictures (EUA); Estreia: 23 de Junho de 1965 (Itália).
Equipa técnica:
Realização: Massimo Pupillo [como Ralph Zucker]; Produção: Francesco Merli [como Frank Merle], Massimo Pupillo, Ralph Zucker; Argumento: Romano Migliorini, Roberto Natale; História: Romano Migliorini, Roberto Natale, Edgar Allan Poe [adaptada por Ruth Carter e Cesare Mancini]; Música: Aldo Piga; Fotografia: Carlo Di Palma [como Charles Brown] [preto e branco]; Montagem: Mariano Arditi [como Robert Ardis]; Cenários: Frank Small; Caracterização: Bud Dexter; Figurinos: Serge Selig.
Elenco:
Walter Brandi (Albert Kovac), Mirella Maravidi [como Marilyn Mitchell] (Corinne Hauff), Barbara Steele (Cleo Hauff), Alfredo Rizzo [como Alfred Rice] (Dr. Nemek), Riccardo Garrone [como Richard Garrett] (Joseph Morgan), Luciano Pigozzi [Alan Collins] (Kurt, o Criado), Ennio Balbo [como Edward Bell] (Oskar Stinner, o Paralítico), René Wolf, Tilde Till (Louise, a Criada), Steve Robinson, Lewis Czerny, Peter Sarto, Armand Garner.