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Lo SpettroO Dr. John Hichcock (Elio Jotta), doente há muito tempo, recebe um tratamento fatal do seu médico, Dr. Charles Livingstone (Peter Baldwin). Mas tal não acontece inocentemente. É que este, amante de Margaret (Barbara Steele), a esposa do paciente, é por ela influenciado a livrar-se do marido. Só que, depois disso, Margaret começa a sentir-se assombrada pelo fantasma do marido. Então Margaret teme que seja o amante que conspira contra ela, ou que haja algo bem mais macabro nessa assombração que os atormenta.

Análise:

Riccardo Freda, o pai do terror gótico italiano do pós-guerra, voltava a filmar em 1964 mais um filme do género, sob o seu habitual pseudónimo de Robert Hampton. Com um elenco misto de italianos (geralmente com pseudónimos anglófonos) e ingleses, pretendia-se fingir que se tratava de uma produção estrangeira, o que, segundo Freda, dava mais visibilidade aos seus filmes, mesmo em solo italiano.

Como vinha acontecendo, a estrela do filme seria novamente Barbara Steele, cujos olhos impressionantes, e rosto característico, passavam a ser sinónimo de tensão e terror no cinema italiano. E foi à sua volta que Freda, conjuntamente com o co-argumentista Oreste Biancoli (aqui assinando como Robert Davidson) construíu uma história macabra de crime, pesadelo e desafio da morte.

Tudo se passa quando o Dr. John Hichcock (Elio Jotta), paralizado há muito, se encontra a receber um tratamento muito perigoso, por ele mesmo inventado. Este é-lhe ministrado, um pouco contra vontade, pelo Dr. Charles Livingstone (Peter Baldwin) que, sem que Hichcock saiba, é amante da sua esposa, a bela Margaret (Barbara Steele). Margaret acaba por convencer Livingstone a “enganar-se” nas doses dos medicamentos, provocando a morte de Hichcock. Só que, depois disso, Margaret começa a sentir-se assombrada pelo fantasma do marido. Para piorar tudo, o dinheiro e jóias de Hichcock desaparecem, e Margaret, à beira da loucura, começa a desconfiar que Livingstone ou a criada Catherine Wood (Harriet Medin) conspiram para a enlouquecer. Tudo termina em tragédia, com várias mortes, e a descoberta de que talvez o fantasma de Hichcock seja bem real.

Num filme que vive da atmosfera gótica da mansão onde toda a acção decorre, os seus pontos fortes são sem dúvida a interpretação de Barbara Steele, e a sua capacidade de nos fazer assustar quando a sua personagem se assusta, ou de nos perturbar quando ela enlouquece. Com uma fotografia feita de muita sombra (por vezes como se fosse usada uma íris para destacar apenas uma porção do ecrã), Freda consegue que a atmosfera nunca se perca, e que a casa pareça sempre uma fonte de ameaça.

Como pontos fracos destaca-se o argumento, quase inexistente em grande parte do filme, que começa com uma enorme lentidão, para um final agitado que nos traz uma longa e inusitada exposição. O design está também longe da simplicidade poética dos filmes anteriores de Freda, aqui demasiado cheio e confuso, talvez fruto da experimentação de Freda com o Technicolor. Ainda assim destaca-se a capacidade de Freda em fazer muito com poucos meios, tendo ficado para a posteridade alguns momentos, como aquele em que Margaret assassina barbaramente o amante com uma navalha da barba, com Freda a fazer com que o sangue pareça escorrer no próprio ecrã.

O facto de tanto neste filme, como no anterior de Freda, “L’orribile segreto del Dr. Hichcock” (1962) o personagem masculino se chamar Dr. Hichcock, e em ambos os casos lidar com drogas perigosas, tem feito muitas pessoas considerar que os dois filmes foram uma espécie de díptico. Embora ambos lidem com mortes e assombrações, as histórias são em certo sentido opostas, já que na primeira a personagem de Barbara Steele é uma vítima inocente, e na segunda, a catalizadora da tragédia com os seus actos criminosos, e a culpa que nunca mais deixa de sentir. Falta também a “Lo Spettro” a inovação e provocação temática que o seu precedente apresentara com o tema da necrofilia.

O filme foi um sucesso nos Estados Unidos, apesar de passar despercebido na Itália.

Peter Baldwin e Barbara Steele em "Lo Spettro" (1963) de Riccardo Freda

Produção:

Título original: Lo Spettro [Título americano: The Monster]; Produção: Panda Societa per L’Industria Cinematografica; País: Itália; Ano: 1963; Duração: 97 minutos; Distribuição: Magna Pictures Distribution Corporation (EUA); Estreia: 30 de Março de 1963 (Itália).

Equipa técnica:

Realização: Riccardo Freda [como Robert Hampton]; Produção: Luigi Carpentieri [como Louis Mann]; Argumento: Oreste Biancoli [como Robert Davidson], Riccardo Freda [como Robert Hampton]; História: Oreste Biancoli [como Robert Davidson]; Música: Franco Mannino [como Franck Wallace]; Fotografia: Raffaele Masciocchi [como Donald Green] [cor por Technicolor]; Montagem: Ornella Micheli [como Donna Christie]; Direcção Artística: Mario Chiari [como Sammy Fields]; Guarda-roupa: Mary McCharty; Caracterização: Massimo Giustini [Max Justins]; Direcção de Produção: Lou D. Kelly.

Elenco:

Barbara Steele (Margaret Hichcock), Peter Baldwin (Dr. Charles Livingstone), Elio Jotta [como Leonard G. Elliot] (Dr. John Hichcock), Harriet Medin [como Harriet White] (Catherine Wood), Carol Bennet (Mulher), Carlo Kechler [como Charles Kechler] (Superintendente da Polícia), Umberto Raho [como Raoul H. Newman] (Canon Owens), Reginald Price Anderson (Albert Fisher).

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