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How to Seal a MillionCharles Bonnet (Hugh Griffith) é um artista que se dedica a imitar os grandes mestres em proveito próprio. Quando cede uma suposta estatueta de Cellini para uma exposição descobre que esta verá a sua autenticidade testada. A descoberta da fraude lançará a investigação sobre todas as peças por si vendidas e valer-lhe-á a prisão. Quem decide intervir é a sua filha Nicole (Audrey Hepburn), que contrata Simon Dermott (Peter O’Toole) um homem que dias antes ela apanhou a assaltar a sua casa. Só que Simon é na realidade um detective que procura expor as fraudes de Charles Bonnet. Graças ao seu nascente afecto por Nicole, Simon concorda, e os dois vão assaltar o museu para recuperar a estatueta que é dela.

Análise:

Consta que, William Wyler, um dos realizadores da velha Hollywood que continuava a filmar em estilo clássico, durante os anos de transição, como foi a década de 60, pensou em “Como Roubar Um Milhão”, ainda nos anos 50, como um thriller criminal que juntaria a dupla de “Férias em Roma” (Roman Holiday, 1953), Audrey Hepburn-Gregory Peck. Por uma ou outra razão o projecto nunca ganhou forma, ressuscitando uma década depois, já na forma de uma comédia criminal, que seria o terceiro filme de Wyler com a actriz que ele descobriu e lançou.

Inteiramente filmado em França, com um elenco repleto de ingleses, “Como Roubar Um Milhão” parece-se essencialmente com os filmes britânicos humor, o que é marcado principalmente pela pose e maneirismos de actores como Peter O’Toole e Hugh Griffiths.

Com argumento de Harry Kurnitz, a partir de uma história de George Bradshaw, Wyler construiu uma comédia criminal a meio caminho entre a comédia de enganos e a comédia romântica. O engano parte da confusão que faz Nicole (Audrey Hepburn) pensar que Simon Dermott (Peter O’Toole) é um ladrão de arte, quando este apenas tenta obter forma de descobrir fraudes, e com isso o recruta para roubar uma peça sua. Claro que pelo meio os dois vão apaixonar-se, mesmo que isso seja secundário em relação ao golpe que planeiam juntos.

A razão é que Charles Bonnet (Hugh Griffith) é um falsário que imita os mais célebres pintores, para vender os seus quadros por elevados preços. Quando uma estatueta esculpida pelo seu pai, que pretende ser de Cellini, é cedida para ser exposta, Bonnet não conta que ela vá ser testada por uma companhia de seguros. A descoberta irá fazer cair a descrença sobre tudo o que vendeu, e levá-lo por certo à prisão. É isso que Nicole quer evitar, recrutando Simon, o qual estava em Paris, exactamente para expor Bonnet. O que se segue é um divertido plano, feito da improvisação da dupla Nicole-Simon, que irá resultar na entrega da estatueta roubada ao milionário Davis Leland (Eli Wallach), que promete retirá-la do país em segredo, mesmo que nunca a possa exibir. Simon obtém então de Bonnet a promessa de que nunca voltará a vender peças falsas, a troco da mão de Nicole.

Situando-se no terreno da comédia criminal, Wyler faz bom uso da química entre Hepburn e O’Toole para construir uma trama que vale pelos detalhes. Vale principalmente pelas insinuações e duelos de palavras da dupla de protagonistas, bem como do seu modo divertidamente cínico (superior?) de encarar os problemas. Com eles nunca nos afligimos, pois sabemos que nos piores momentos uma vénia aristocrática tirá-los-á de qualquer aperto. Com eles quase não precisamos de um enredo, pois ver como se comportam é já suficiente.

Assim, mesmo em jeito leve, e sem se arrojar a grandes fôlegos, William Wyler dá-nos uma história agradável, que mesmo que seja lenta aqui e ali, tem como ponto mais alto o charme e elegância natural dos seus protagonistas.

Destaque ainda para a presença do comediante francês Moustache, figura central das cenas cómicas com a polícia.

Produção:

Título original: How to Steal a Million; Produção: World Wide Productions; País: EUA; Ano: 1966; Duração: 118 minutos; Distribuição: Twentieth Century-Fox Film Corporation; Estreia: 19 de Agosto de 1966 (Reino Unido).

Equipa técnica:

Realização: William Wyler; Produção: Fred Kohlmar; Argumento: Harry Kurnitz [baseado numa história de George Bradshaw]; Música: John Williams [como Johnny Williams]; Orquestração: James Harbert; Fotografia: Charles Lang [filmado em Panavision, cor por DeLuxe]; Montagem: Robert Swink; Design de Produção: Alexander Trauner; Figurinos: Hubert de Givenchy (Audrey Hepburn); Caracterização: Alberto De Rossi, Freddie Williamson; Direcção de Produção: William Kaplan.

Elenco:

Audrey Hepburn (Nicole Bonnet), Peter O’Toole (Simon Dermott), Eli Wallach (Davis Leland), Hugh Griffith (Charles Bonnet), Charles Boyer (DeSolnay), Fernand Gravey (Grammont), Marcel Dalio (Señor Paravideo), Jacques Marin (Chefe dos Guardas), Moustache (Guarda), Roger Tréville (Leiloeiro), Edward Malin (Agente de Seguros), Bert Bertram (Marcel).

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