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Como terceiro volume do super-ciclo “Os Reis da Comédia” teremos n’A Janela Encantada Mel Brooks, um nome que instantaneamente evoca comédia, e um modo de estar no cinema, que nos faz pensar em comportamentos absurdos e na ridicularização de géneros cinematográficos.
Se anos mais tarde o chamado “spoof” (sátira que ridiculariza convenções, imitando de modo cómico géneros estabelecidos) passou a estar na moda, sendo explorado até à exaustão e consequente esgotamento da criatividade, com a sua face mais visível nos filmes da tripla ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams, Jerry Zucker), muitas vezes interpretados por Leslie Nielsen, vale a pena olhar para trás e ver onde tudo começou. A verdade é que muita dessa linguagem, de subversão de convenções e ridicularização de clichés, que são próprios e inerentes ao cinema, nasceu da mente de Mel Brooks.
Antigo comediante de stand-up comedy e autor de números para talk-shows e programas humorísticos de TV, Brooks escreveu ainda para comédias musicais da Broadway, até chegar ao cinema, onde triunfou logo com o primeiro filme, e só aos poucos se atreveu a protagonizá-los. Foi várias vezes considerado, a par de Woody Allen, como o grande comediante americano do cinema americano moderno, pecando talvez por se acorrentar ao nicho do spoof.
Com um cinema de exageros, clichés e actores fetiche que parecem repetir os papéis e histórias de filme para filme (Gene Wilder, Marty Feldman, Dom DeLuise, Harvey Korman, Madeline Kahn, Bernardete Peters, Rudy De Luca, etc.), Mel Brooks construiu uma carreira errática, passando facilmente (por vezes dentro do mesmo filme) do muito bom ao muito mau. Mas como todos os verdadeiros criadores, Mel Brooks tornou-se uma imagem de marca, e uma referência que não pode ser ignorada por quem quer fazer humor no cinema. É esse reconhecimento que se pretende no ciclo que se segue, que nos traz os seus onze filmes.