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LolaRoland Cassard (Marc Michel) é um jovem cujo desinteresse pelo quotidiano o deixa sem emprego. Nesse mesmo dia conhece Madame Desnoyers (Elina Labourdette), uma viúva que procura um dicionário para a filha Cécile (Annie Duperoux). Roland promete dar um dicionário à pequena Cécile, pois esta lembra-o de uma amiga de infância também chamada Cécile. Logo de seguida Roland reencontra a antiga amiga, mãe solteira, conhecida como Lola (Anouk Aimée) no cabaret onde dança. Lola toma por amante um soldado americano (Alan Scott), mas sonha com o regresso de Michel, o pai do seu filho que a abandonou quando estava grávida. Vendo que o seu amor por Lola não é correspondido, Roland decide deixar o país, não sem antes ver que a filha da Madame Desnoyers fugiu de casa, e que o filho desaparecido da sua amiga Jeanne, voltou.

Análise:

Em 1961 estreava-se na realização de longas-metragens Jacques Demy, outro dos nomes a surgir no advento da Nouvelle Vague francesa. Com “Lola”, Demy realizou aquilo a que chamou um musical sem música, numa homenagem explícita a Max Ophuls (o realizador de “Lola Montes”). O filme apela já a alguma grandiosidade, que Demy sempre procuraria, aqui expressa na banda sonora, quer nas paisagens sonoras do seu amigo e compositor Michel Legrand, quer no uso de temas de Beethoven, Bach, Mozart, etc.

Na temática surgiam já elementos que o acompanhariam ao longo da carreira, como o papel do destino e do acaso, reencontros e amores perdidos.

Em “Lola”, Jacques Demy, que também escreveu o argumento, conta a história de Roland Cassard (Marc Michel), um jovem de Nantes deixado levar pela apatia, cujo desinteresse geral o deixa sem emprego. Um encontro numa biblioteca com a viúva Madame Desnoyers (Elina Labourdette) e a sua filha Cécile (Annie Duperoux) fá-lo prometer uma visita para levar um dicionário que oferece à pequena. É que Cécile lhe lembra o seu primeiro amor, uma jovem do mesmo nome que não vê desde antes da guerra. Quer o acaso que logo de seguida Roland encontre essa mesma Cécile (Anouk Aimée). Esta é agora conhecida como Lola, uma bailarina de cabaret, que é amante de um soldado americano Frankie (Alan Scott), e sonha com o regresso do seu primeiro amor, Michel, o pai do seu filho, e que a abandonou quando estava grávida.

A história torna-se então quase cíclica. Por um lado a pequena Cécile mostra-se como uma versão jovem de Lola (a mãe tem medo que Cécile fuja de casa e engravide), acabando ela também (como Lola) por contrair amizade com americano Frankie, querendo também ela ser bailarina e viajar. Por outro, Madame Desnoyers, tal como Lola uma mãe solteira, vê em Roland a possibilidade de ter um homem na sua vida, enquanto este tenta declarar-se a Lola, a qual, por sua vez, se confessa ainda apaixonada do pai do seu filho, que não vê há sete anos.

É por entre um conjunto de acasos e desilusões que Roland vê o emprego prometido (como traficante de diamantes) esfumar-se, vê a pequena Cécile fugir de casa, a sua amada Lola rejeitá-lo, e vê regressar o filho da empregada do bar que frequenta, descobrindo que ele não é mais que Michel (Jacques Harden), por quem Lola ainda espera.

Filmando a preto e branco, no tradicional uso de handycam, longos takes e sequências improvisadas pela rua, Jacques Demy constrói uma história urbana elaborada, filmada ao modo inovador da Nouvelle Vague. Com o protagonista a comportar-se quase como um anti-herói, de modos bruscos e motivação existencialista, ao jeito dos protagonistas de Goddard e Truffaut, há em Demy uma maior poesia, a qual é evidente na coreografia de movimentos, no tema do amor e, claro, na graciosidade de Anouk Aimée.

Como faria frequentemente, Demy voltaria a usar alguns destes personagens em filmes posteriores. Destaque para o tema título “Lola”, da autoria da também realizadora (e esposa de Demy), Agnès Varda.

Produção:

Título original: Lola; Produção: Rome Paris Films; País: França; Ano: 1961; Duração: 83 minutos; Distribuição: Unidex; Estreia: 3 de Março de 1961 (França), 9 de Setembro de 1963 (Portugal).

Equipa técnica:

Realização: Jacques Demy; Produção: Carlo Ponti, Georges de Beauregard; Argumento: Jacques Demy; Música: Michel Legrand; Fotografia: Raoul Coutard [preto e branco]; Montagem: Anne-Marie Cotret, Monique Tesseire; Design de Produção: Bernard Evein; Figurinos: Bernard Evein [não creditado]; Direcção de Produção: Georges de Beauregard.

Elenco:

Anouk Aimée (Lola / Cécile), Marc Michel (Roland Cassard), Jacques Harden (Michel), Alan Scott (Frankie), Elina Labourdette (Madame Desnoyers), Margo Lion (Jeanne, Mãe de Michel), Annie Duperoux (Cécile Desnoyers), Catherine Lutz (Claire, Dona do Bar), Corinne Marchand (Daisy), Yvette Anziani (Madame Frédérique), Dorothée Blanck (Dolly), Isabelle Lunghini (Nelly), Annick Noël (Ellen), Ginette Valton (Empregada no Cabeleireiro), Anne Zamire (Maggie), Jacques Goasguen (M. François, O Bibliotecário), Babette Barbin (Minnie), Jacques Lebreton (Cabeleireiro), Gérard Delaroche (Yvon, Filho de Lola), Carlo Nell (Professor de Dança).

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