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Steamboat Bill, Jr.Sinopse:

William ‘Steamboat Bill’ Canfield (Ernest Torrence) dono de um velho ferry fluvial vê o seu negócio em perigo quando J.J. King (Tom McGuire), que é praticamente dono de toda a cidade, lhe faz concorrência desleal com um muito maior e mais moderno barco. A esperança de Steamboat Bill é a chegada do seu filho que viveu toda a vida em Boston. Só que Willie (Buster Keaton) revela-se uma flor de cidade sem qualquer propensão para o negócio do seu pai. Ao mesmo tempo, Willie (chamado Steamboat Bill, Jr.) apaixona-se por Kitty King (Marion Byron) a filha de King, o que muito irrita os pais de ambos. Mas quando um terrível furacão atinge a cidade, os habitantes percebem que há coisas mais importantes que a mesquinhez da rivalidade, e aí Willie revela-se um herói salvando tudo e todos.

Análise:

“O Marinheiro de Água Doce” foi a décima primeira longa-metragem de Buster Keaton, e a sua última para a United Artists. Produzido pela sua cimpanhia, Buster Keaton Productions, e sob supervisão de Joseph M. Schenck, o filme teve a realização de Charles Reisner, que começara na Keystone de Mack Sennett, e trabalhara na equipa de Chaplin.

Desta vez Keaton interpreta Willie, um menino da cidade que vem para o Mississipi para conhecer o pai (Ernest Torrence), que não vê desde bebé, e ajudá-lo a pilotar um vapor no Mississipi, agora que a concorrência do magnata J. J. King (Tom McGuire) ameaça arruinar-lhe o negócio. Só que perante os modos delicados e ineptos de Willie, o seu pai, homem rude, de acção, sente-se decepcionado. Ainda mais quando Willie e Kitty (Marion Byron), a filha de J. J. King, parecem iniciar uma relação romântica.

Mal recebido aquando da sua estreia, “O Marinheiro de Água Doce” talvez não esteja à altura dos melhores filmes de Keaton, com um arranque lento, e um enredo previsível, que leva a constantes quedas aparatosas de todo o elenco no rio, e murros inusitados, um pouco a fazer lembrar o que de mais clichè existia no burlesco da década anterior.

Depois de uma série de peripécias que envolvem a chegada de Steamboat Bill, Jr., as suas escapadelas para se reunir com a namorada, e a tentativa frustrada de tirar o pai da prisão, o filme finalmente levanta voo (quase literalmente), quando um enorme furacão atinge a pequena cidade. Então Keaton tem todo o tempo e cenário para exercitar a sua destreza física, em números perfeitamente alucinados, de cabal originalidade e perigo. Preso por cabos (que o puxam para simular o efeito do vento), Keaton voa e cai pelas ruas, caminha contra o vento, refugia-se de edifícios em queda, leva com todo o tipo de objectos em cima, e vai parar nos locais menos apropriados. São desta sequência algumas das suas cenas mais arrojadas (de relembrar que Keaton não usava duplos nem truques de câmara), incluindo aquela em que toda uma fachada real lhe cai em cima, ficando Keaton no espaço que corresponde a uma janela aberta, uma das cenas mais imitadas do cinema.

Como habitual em Keaton, o filme tem a virtude de ser filmado principalmente em cenários naturais (ruas, barco, rio), construções grandiosas, e elaborados efeitos que levam à destruição de quase tudo o que se vai vendo durante o filme.

Numa altura em que Keaton começava a perder a liberdade criativa (o que foi acentuado com o seu contrato com a MGM ainda no mesmo ano), e em que o cinema sonoro era a novidade, o autor debatia-se ainda com problemas financeiros, e pessoais (abuso do álcool, litígios em tribunal), que pareciam precipitar o fim do seu período áureo.

Note-se o simbolismo da cena na chapelaria, em que o pai de Willie lhe tenta encontrar um chapéu mais apropriado, e muitos são tentados em vão. Por um momento chega a ver-se o tradicional chapéu usado por Keaton em tantos filmes, que o seu personagem logo rejeita assustado, mesmo sem o experimentar. Era sinal de que os tempos estavam mesmo a mudar.

Produção:

Título original: Steamboat Bill, Jr.; Produção: Buster Keaton Productions, Joseph M. Schenck Productions; Produtor Executivo: Joseph M. Schenck; País: EUA; Ano: 1928; Duração: 66 minutos; Distribuição: United Artists; Estreia: 12 de Maio de 1928 (EUA), 18 de Novembro de 1929 (Portugal).

Equipa técnica:

Realização: Charles Reisner, Buster Keaton [não creditado]; Produção: Buster Keaton [não creditado]; História e Argumento: Carl Harbaugh; Fotografia: Devereaux Jennings, Bert Haines [preto e branco]; Direcção Artística: Fred Gabourie; Assistente de Realização: Sandy Roth; Montagem: Sherman Kell [não creditado]; Direcção de Produção: Harry Brand.

Elenco:

Buster Keaton (William Canfield Jr.), Tom McGuire (J.J. King), Ernest Torrence (William ‘Steamboat Bill’ Canfield), Tom Lewis (Tom Carter, O Imediato), Marion Byron (Kitty King, Filha de King).

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