Etiquetas
Animação, Bob Hoskins, Cary Elwes, Charles Dickens, Cinema, Colin Firth, Familiar, Fantasia, Fionnula Flanagan, Gary Oldman, Jim Carrey, Motion Capture, Natal, Robert Zemeckis, Robin Wright
Numa adaptação animada e em 3D, o famoso Conto de Natal de Charles Dickens dá-nos o amargo e avarento Ebenezer Scrooge (Jim Carrey), como alguém que odeia o Natal e todos os traços de humanidade dos seus conhecidos, que para ele apenas servem para atrapalhar o lucro. Por isso rejeita a bondade do seu empregado Bob Cratchit (Gary Oldman) e do seu sobrinho Fred (Colin Firth). Mas na noite de Natal é visitado pelo fantasma do seu antigo sócio Jacob Marley (Gary Oldman de novo) que anuncia a vinda de três espíritos que o levarão em viagem pelo seu passado, presente e futuro, que o farão mudar o modo como se relaciona com aqueles que lhe estão próximos e com os sentimentos humanos que julgara perdidos.
Análise:
Natal não é Natal sem termos por perto uma qualquer forma de relembrar o célebre “Um Conto de Natal” de Charles Dickens. Ano após ano a história ganha novas adaptações, quer para teatro, televisão ou cinema, e foi o que aconteceu em 2009, com a versão da Disney, realizada por Robert Zemeckis.
Zemeckis, que já realizara o também natalício “Polar Express” em 2004, voltava assim ao tema, mais uma vez num filme de animação usando a técnica de Motion Capture (na qual imagens com actores reais são filmadas, para depois lhes ser sobreposta animação digital), e este em 3D. Ao seu lado estava agora Jim Carrey, encarnando várias das personagens principais, e dando o seu cunho pessoal ao desenrolar da história.
Sabendo-se que a história de Dickens é de tom austero, negro, com aquela fantasia gótica típica do final do século XIX, pode espantar um pouco que o filme seja entregue a um realizador especializado na grande aventura, e a um actor famoso pela sua exuberância cómica. O resultado é, por isso mesmo, uma síntese dessas três influências.
O filme de Zemeckis segue de modo bastante próximo a narrativa de Dickens. Fazendo uso dos meios técnicos, Zemeckis, mostra-nos a Londres do século XIX, em grande detalhe e beleza, com o frio gelado a aliar-se à pobreza e miserabilismo habitualmente descritos nos contos do mestre inglês. Acrescenta-lhe porém uma velocidade vertiginosa de movimentos, que tendem a realçar o uso do 3D, que servia de chamariz ao filme. Não disfarçando que provém de filmes de imagens reais, Zemeckis compõe planos e movimentos arrojados, como se o filme fosse de imagens reais, servindo-se da uma maior liberdade e espectacularidade só possíveis na animação.
Embora nunca fugindo ao realismo Dickensiano, de retrato social acutilante, e contendo sempre elementos aterrorizantes, “Um Conto de Natal” adiciona-lhe a leveza da comédia. Esta é particularmente trazida pelas interpretações de Jim Carrey, destacando-se, por exemplo o Espírito do Natal Presente e a explosão de alegria final de Scrooge, com toda a idiossincrasia de Jim Carrey a tomarem conta do filme.
Mesmo com a tendência de Carrey para exagerar como potencial defeito, o filme de Zemeckis não deixa de ser um bonito (e por vezes exuberante) tributo à história de Dickens, com todas as suas qualidades alegóricas que levam à redenção de um homem em quem o espírito de Natal parecia há muito ter morrido.
Destaque ainda para a banda sonora de Alan Silvestri, construída sobre um bonito mosaico de temas clássicos de Natal.
Produção:
Título original: Disney’s A Christmas Carol; Produção: Walt Disney Pictures / ImageMovers Digital; País: EUA; Ano: 2009; Duração: 96 minutos; Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures; Estreia: 3 de Novembro de 2009 (Reino Unido), 6 de Novembro de 2009 (EUA), 19 de Novembro de 2009 (Portugal).
Equipa técnica:
Realização: Robert Zemeckis; Produção: Steve Starkey, Robert Zemeckis, Jack Rapke; Argumento: Robert Zemeckis [baseado no conto “A Christmas Carol” de Charldes Dickens]; Fotografia: Robert Presley; Design de Produção: Doug Chiang; Montagem: Jeremiah O’Driscoll; Co-produção: Steven J. Boyd; Música e Direcção de Orquestra: Alan Silvestri; Efeitos Visuais: George Murray; Animação: Jenn Emberly; Produtores Associados: Heather Kelton; Direcção de Motion Capture: Gary Roberts; Coreografia: Lisa Shriver; Direcção Artística: Norman Newberry; Cenários: Karen O’Hara; Caracterização: Edouard F. Henriques; Efeitos Especiais: Michael Lantieri, Donald L. Elliot.
Elenco:
Jim Carrey (Scrooge / Espírito do Natal Passado / Scrooge criança / Scrooge adolescente / Scrooge jovem adulto / Scrooge de meia idade / Espírito do Natal Presente / Espírito do Natal Ainda Por Vir), Gary Oldman (Bob Cratchit / Marley / Tiny Tim), Colin Firth (Fred), Bob Hoskins (Fezziwig / Velho Joe), Robin Wright (Fan / Belle), Cary Elwes (Cavalheiro #1 / Dick Wilkins / Violinista Louco / Convidado #2 / Homem de Negócios #1), Fionnula Flanagan (Mrs. Dilber), Steve Valentine (Agente Funerário / Topper), Daryl Sabara (Aprendiz de Funerário / Cantor Esfarrapado / Miúdo Pedinte / Peter Cratchit / Cantor Bem Vestido), Sage Ryan (Cantor Esfarrapado), Amber Gainey Meade (Cantora Esfarrapada / Cantora Bem Vestida), Ryan Ochoa (Cantor Esfarrapado / Miúdo Pedinte / Pequeno Cratchit / Menino-Ignorância / Rapaz com Trenó), Bobbi Page (Cantora Esfarrapada / Cantora Bem Vestida), Ron Bottitta (Cantor Esfarrapado / Cantor Bem Vestido), Sammi Hanratty (Miúdo Pedinte / Pequena Cratchit / Menina-Querer), Julian Holloway (Cozinheiro Gordo / Cavalheiro #2 / Homem de Negócios #3), Jacquie Barnbrook (Mrs. Fezziwig / Cunhada de Fred / Cantora Bem Vestida), Lesley Manville (Mrs. Cratchit), Molly C. Quinn (Belinda Cratchit), Fay Masterson (Martha Cratchit / Convidada #1 / Caroline), Leslie Zemeckis (Mulher de Fred), Paul Blackthorne (Convidado #3 / Homem de Negócios #2), Michael Hyland (Convidado #4), Kerry Hoyt (Adulto-Ignorância), Julene Renee (Adulta-Querer), Raymond Ochoa (Filho de Caroline), Callum Blue (Marido de Caroline).