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The Asphalt JungleSinopse:

Dix Handley (Sterling Hayden) é um pequeno criminoso, conhecido da polícia como um “hooligan”, e que gasta tudo em apostas de cavalos. Após procurar o agente de apostas clandestinas Coddy (Marc Lawrence), Dix acaba envolvido nos planos do notório assaltante Doc Erwin Riedenschneider (Sam Jaffe).

Doc é um profissional com o plano para um golpe perfeito. Precisa apenas da ajuda de alguém de reputação inquestionável, que transforme o produto do roubo em dinheiro. Essa pessoa é o advogado Alonzo Emmerich (Louis Calhern). Só que Emmerich, está falido, e tem outros planos para o produto roubado, que irá causar a ruína de todos os envolvidos.

Análise:

Em 1950 John Huston voltava a realizar um Film Noir, desta vez com um argumento baseado numa história do escritor W. R. Burnett, celebrizado por “Little Caesar”, cuja adaptação ao cinema “O Pequeno César” (1931), por Mervyn LeRoy foi um dos paradigmas para o filmes de gangsters.

Como não podia deixar de ser, “Quando a Cidade Dorme” é uma história de crime, que nos é mostrada do ponto de vista de um homem violento, descrito nos momentos finais pela polícia como alguém sem sentimentos ou misericórdia humana. Interpretado por Sterling Hayden, Dix Handley é um homem duro e frio, sem capacidade de empatia pelas pessoas à sua volta, sejam os polícias que despreza, os colegas como Gus (James Whitmore) que usa sem compaixão, ou a própria namorada Doll (Jean Hagen), que para si é apenas um peso no caminho.

Da mesma forma que Dix não sente empatia por ninguém, não tem capacidade nos fazer sentir a mínima compaixão pela sua história de tragédia e queda. Nisto Dix é o típico anti-herói Noir, amoral, e no qual apenas a custo conseguimos discernir um pouco de humanidade. Esta revela-se quando pensa na quinta da sua infância, e no cavalo que via como o objectivo do seu crescimento. Essa obsessão revela tanto a sua fuga escapista para as corridas de cavalos, como nos mostra que foi a cidade que corrompeu Dix, e só longe dela poderá voltar à inocência perdida.

A cidade como meio de corrupção é um dos temas mais queridos do Noir, e está aqui demonstrada desde o título do filme (no original “A Selva de Asfalto”), seja como lugar físico, negro por excelência, seja como o meio ambiente onde evoluem as pessoas que rodeiam Dix. Assim, por um lado temos a cidade propriamente dita, filmada quase sempre de noite, que nos surge através de corredores estreitos, opressiva e claustrofóbica. Do outro temos as pessoas, com polícias e advogados corruptos, e toda uma fauna social de um submundo cujo único objectivo é sobreviver, seja como for.

O filme inicia-se com uma repreensão a um polícia, que mais tarde saberemos ser corrupto, e termina com um discurso sobre os polícias honestos, que também os há, e justificam a simpatia e respeito do povo. Mas o que nos é dado a ver é bem diferente. Curiosamente é de fora do mundo dos vulgares criminosos que nos chegam os piores exemplos, bem representados pelo aristocrático Dr. Emmerich (Louis Calhern), que em pouco tempo vemos trair a mulher, participar num golpe criminal, trair os parceiros, e por fim sucumbir por suas próprias mãos. É ainda dele uma das frases mais emblemáticas do filme, e descritivas do Noir: “o crime é simplesmente a mão esquerda do esforço humano”, num assumir de que todos somos iguais e, perante determinadas circunstâncias, dados ao crime.

Como habitual na sua obra, John Huston centra-se na tensão entre os personagens, quando os coloca em espaços fechados, filmando de um modo realista momentos que são por vezes bastante viscerais. Optando por filmar personagens que não são à partida bons ou maus, limitando-se a seguir o seu código, como um instinto genético, Huston mostra-nos uma história de queda anunciada, onde é a cidade a culpada e geradora de todas as atitutudes e decisões. O realismo de Huston é ainda evidente no pormenor colocado na sequência do assalto, que dá ao filme um aspecto quase documental, muitas vezes elogiado pelos críticos que por vezes o chamam o primeiro dos “heist” ou “capers” (filmes sobre a execução de um elaborado golpe criminal).

Destaque para o pequeno papel de Marilyn Monroe, o seu primeiro papel sério em Hollywood, e, de acordo com o próprio John Huston, o papel que lhe iniciou a carreira.

“Quando a Cidade Dorme” foi nomeado para quatro Oscars.

Produção:

Título original: The Asphalt Jungle; Produção: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Loew’s Incorporated; País: EUA; Ano: 1950; Duração: 112 minutos; Distribuição: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM); Estreia: 23 de Maio de 1950 (EUA), 22 de Março de 1951 (Cinema S. Jorge, Portugal).

Equipa técnica:

Realização: John Huston; Produção: Arthur Hornblow Jr.; Argumento: Ben Maddow, John Huston [a partir de uma história de W. R. Burnett]; Fotografia: Harold Rosson (preto e branco); Direcção Artística: Randall Duell, Cedric Gibbons; Montagem: George Boemler; Música: Miklós Rózsa; Cenários: Edwin B. Willis, Jack D. Moore; Caracterização: Jack Dawn.

Elenco:

Sterling Hayden (Dix Handley), Louis Calhern (Alonzo D. Emmerich), Jean Hagen (Doll Conovan), James Whitmore (Gus Minissi), Sam Jaffe (Doc Erwin Riedenschneider), John McIntire (Police Commissioner Hardy), Marc Lawrence (Cobby), Barry Kelley (Lt. Ditrich), Anthony Caruso (Louis Ciavelli), Teresa Celli (Maria Ciavelli), Marilyn Monroe (Angela Phinlay), William Davis (Timmons), Dorothy Tree (May Emmerich), Brad Dexter (Bob Brannom), John Maxwell (Dr. Swanson).

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