Etiquetas
Cinema, Drama, Expressionismo, Fern Andra, Hans Heinrich von Twardowski, Robert Wiene, Weimar
Sinopse:
Percy, o pintor, lê a sua história preferida, adormecendo. Da tela sai Genuine, que se escapa.
Sacerdotiza de estranhos ritos, Genuine foi capturada quando a sua tribo foi vencida, e posta à venda num mercado de escravos. O milionário Lord Melo compra-a e leva-a para sua casa, mas aprisiona-a, apesar dos protestos de Genuine.
O único visitante da casa de Lord Melo é o barbeiro, que um dia, chamado a depor na polícia, envia o seu sobrinho Florian no seu lugar. Nesse dia Genuine consegue finalmente fugir da sua prisão, e ao encontrar Florian a barbear Lord Melo convence-o a matar o seu captor.
Florian apaixona-se por Genuine, mas esta, como prova de amor exige que ele se suicide. Florian recusa e deixa a casa.
Percy, o neto de Lord Melo, chega, e Genuine sedu-lo. Entretanto Florian, em estado febril começa a falar ao tio sobre a morte de Lord Melo, e o tio vai à polícia. Percy chama o seu amigo Henry para conhecer Genuine, mas começa a enlouquecer, percebendo que ela o quer matar. Para testar Genuine, Henry conta-lhe que Percy morreu, confessando a mentira quando vê a sua reacção de dor.
Genuine e Percy decidem deixar a casa, mas entretanto, a multidão trazida pelo tio de Florian invade a casa em busca de Genuine, apelidada de bruxa. Esta é encontrada primeiro por Florian, que a mata.
Análise:
No mesmo ano em que se exibia “O Gabinete do Dr. Caligari”, Robert Wiene realizava também “Genuine”. Se o primeiro filme foi um estrondoso sucesso, valendo ao realizador o reconhecimento na Europa e Estados Unidos, já “Genuine” constituiu um fracasso, devido à sua história de contornos elusivos, e tema difícil de compreender.
Wiene e o escritor Carl Mayer, contam-nos a história de uma mulher de um passado misterioso, uma sacerdotiza de uma qualquer tribo exótica, que por razões não explicitadas é apontada como ser maléfico, capaz de males inenarráveis. Este mal parece revelar-se sobretudo na influência que tem sobre os homens, incapazes de conter as suas emoções por ela, levando-os à loucura e ao crime.
Esteticamente Robert Wiene volta a seguir a receita de “O Gabinete do Dr. Caligari”. Desta vez mesclados com interiores mais espaçosos e menos opressores que os daquele filme, os cenários reflectem ainda a corrente expressionista: cenários bidimensionais pintados como quadros, que conferem ao filme um carácter abstracto, de linhas oblíquas e perspectivas irreais.
Juntam-se aos efeitos cénicos as caracterizações e interpretações exageradas, e mais uma história de decadência e crime, de contorno fantasioso.
Hoje resta-nos apenas um fragmento do filme original, o que torna ainda mais difícil seguir uma narrativa que originalmente já não seria seria fácil de acompanhar.
Produção:
Título original: Genuine [Título inglês: Genuine: A Tale of a Vampire]; Produção: Decla-Bioscop AG; Produtor Executivo: Rudolf Meinert; País: República de Weimar (Alemanha); Ano: 1920; Duração: 44 minutos (originalmente cerca de 83 minutos); Distribuição: Decla-Bioscop AG (Alemanha); Estreia: 2 de Setembro de 1920 (Alemanha).
Equipa técnica:
Realização: Robert Wiene; Produção: Erich Pommer; Argumento: Carl Mayer; Fotografia: Willy Hameister; Direcção Artística: Walter Reimann, César Klein; Guarda-roupa: César Klein.
Elenco:
Fern Andra (Genuine), Hans Heinrich von Twardowski (Florian), Ernst Gronau (Lord Melo), Harald Paulsen (Percy, neto de Lord Mello), Albert Bennefeld (Henry Curzon, amigo de Percy), John Gottowt (Guyard, o barbeiro, tio de Florian), Lewis Brody (o Malaio).